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05/06/2012
Deus é Amor



5/6/2012 11:44:30

Livros - Deus é Amor


Eis um livro muito importante e instrutivo, de uma autora amiga!


Quem puder leia, é muito instrutivo! (Aarão).


Deus é Amor – 1ºvolume



 


Dedicatória


Este livro é dedicado à Mãe do Céu.



Ela é realmente a Mãe desta obra, porque foi ela que trouxe à Terra Aquele que é o Amor e a Luz do mundo.


Nas mãos d’Ela  fica depositado todo o cuidado, para que as  palavras que se seguem penetrem no coração de cada filho, e aí façam florescer o Amor de Jesus.



Maria Stella Salvador



 



 


AVISO AO LEITOR


         O meio é a mensagem”, afirma o pensador – filósofo Marshall McCluen. Quer dizer que devemos conhecer o género literário dum texto, para entender correctamente o seu conteúdo. Consciente deste facto o Concílio Vaticano II aplicou esta regra à exegese bíblica, referindo que a afirmação do escritor bíblico, e portanto do Espírito Santo que o inspira, só se entende correctamente em relação ao género literário do texto (cf., DV. 12).


Convém, assim, antepor uma reflexão análoga às seguintes meditações, para evitar qualquer equívoco da parte do leitor, em relação à intenção do autor e do género literário sobre o assunto trata nestas páginas. Este texto pertence ao género literário que podemos chamar “literatura do coração”, contrastando-o com a leitura científica e intelectual. Portanto apresenta uma certa expressão espontânea do amor para com Deus e para com o próximo.


Não pretende de nenhuma forma apresentar-se como leitura profética, não se tratando nem de visões nem de locuções do Senhor, nem de outro santo. São exclamações motivadas por longos anos de reflexão e oração sobre as verdades da Fé. Nasceram duma vida interior vivida por um lado em grande silêncio, e por outro lado, em pleno seio da Igreja, em contacto com muitas almas que procuram aproximar-se de Deus e aprofundar a sua vida espiritual através de grupos de oração.


Deus atrai as almas a Si, com a Sua graça, inspirando nelas grandes ansiedades, grandes desejos de intimidade divina. A Misericórdia divina apodera-se das almas, entre as quais muitas vezes se encontram pessoas, que eram como ovelhas perdidas, presas pelos apegos do mundo.


Daí entende-se que a graça divina, infundida num coração, não possa produzir num instante a transformação de um pobre pecador num santo. A alma que aceita este apelo da graça tem de levantar-se e correr atrás do divino Esposo, num fiel seguimento de Cristo.


Estas meditações escreveram-se para almas que estão a Maio caminho (depois da primeira conversão e antes de chegarem a uma perfeição avançada), a fim de encorajá-las a seguir pela estreita via espiritual, com a firme convicção de que Jesus as chama à perfeição, e que Ele lhes concede toda a graça necessária, se permanecerem fieis até ao fim


Mas que tristeza, que sofrimento é verificar que tantas almas ficam paradas no caminho, ou desviadas do caminho, por ignorância ou por uma sutil resistência à luz divina, sabendo que a aceitação da mesma exigiria maior renúncia de si próprios, uma maior renúncia aos apegos mundanos.


Muitas almas aceitam as primeiras graças de conversão, por causa das grandes consolações divinas que as acompanham; mas quando o Amor sóbrio de Deus as chama a renunciar ao amor próprio, à falsa vaidade espiritual, elas recuam… Daí nascem novas escuridões, novos sofrimentos e malentendidos entre Deus e as almas e entre elas próprias.


Quem é que não sente compaixão, tanto por Jesus, que sofre a resistência dessas almas, como pelas que erram como ovelhas sem pastor? Estas páginas foram escritas para tais almas, como um apelo do Amor de Deus, desejando oferecer-lhes uma Luz.


Não é propriamente Jesus que fala nestas páginas, através de qualquer carisma extraordinário; mas antes o Amor de Jesus agindo num coração humano, que participa com a sua ansiedade pela santificação das almas.


O Amor divino não pode crescer numa alma, sem impeli-la a comparticipar com Jesus da Sua sede pela salvação das almas. Portanto o género literário destas meditações é aquele ao qual pertence a Imitação de Cristo.


Nem Tomás Kempis, nem a tradição cristã na sua interpretação, pretendem dizer que Jesus proferiu pessoalmente as exclamações do divino Amor, dirigidas em Seu nome às almas. Basta um exemplo, entre centenas, para indicar a identidade do género literário: “Meu filhos, Eu sou o Senhor que conforta no tempo da tribulação” (Naun 1, 7).


“Vem a MIM, quando te não achares bem. O que mais te impede a consolação espiritual, é recorreres tarde à oração. Porque antes de recorrer a Mim no profundo do coração. Buscas muitas consolações e te recreias com coisas exteriores. E daqui vem que, tudo aproveita pouco, até que advirtas que sou eu que salvo os que em Mim esperam, que fora de Mim não há auxílio poderoso, nem conselho útil, nem remédio durável” (Imitação de Cristo III, 30).


Portanto, foi Tomás Kempis, movido simplesmente pelo dinamismo inato do Amor divino, e pelo conhecimento de Jesus e o Seu Amor pelas almas quem deu expressão a esta ansiedade amorosa no seu livro. Não querendo falar em seu próprio nome por humildade, e por sentir que as palavras brotavam de um excesso do amor para com Jesus e o seu Evangelho, decidiu, T, de Kempis, por motivo estilístico, pôr muitas palavras na boca de Jesus.


Da mesma maneira, que ao ler a “Imitação de Cristo”, convidamos o leitor a tirar proveito destas meditações.


Não importa quem as escreveu, nem as próprias meditações têm outro valor, a não ser levar as almas a redescobrirem a única palavra válida, a Palavra divina, conservada por nós na Sagrada Escritura, e de se aprofundarem na amizade divina com Jesus.


Cada exortação de amor convida-nos a discernir novamente sobre a nossa relação com Jesus. O estilo ou género literário, apresentando o texto como se fossem palavras de Jesus, foi escolhido com esta finalidade, de facilitar este discernimento e contato direto pessoal com Ele.


Para além deste serviço de amor fraterno, não pretende o Autor deste livro chamar a si nenhuma outra autoridade, Julgue-se a obra pela sua conformidade e harmonia coma Sagrada Escritura e com a Fé da Igreja.



 Pe. William Wagner, STD



 


DEUS AMOU-NOS PRIMEIRO


Amo-te com Amor eterno e sobre ti estendi os Meus favores” (Jer 31, 3).



           Os favores de Deus sobre nós são inumeráveis.


Desde a vida, a sua conservação em cada instante, passando pela graça de termos nascido em país cristão, o baptismo e todas as graças particulares que recordo e que não recordo, tudo o que tenho aprendido e vou aprender.


Porquê eu? Que fiz para tal?


Cada criatura é amada com Amor eterno. Para cada uma há graças, favores, mas nem todas aceitam.


Por que recebi eu a graça de aceitar?


Por uma predilecção especial de Deus?


Porquê essa predilecção?


Não posso sabê-lo. Por isso tenho obrigação dobrada de Lhe agradecer e de O louvar. O Senhor ama-nos.


”Amo-te tanto que por tua causa criaria Eu o mundo”


“Não procures os teus gostos, o teu amor próprio. Dá-te toda, se queres realmente corresponder às Minhas predileção.


 



       O REINO DO AMOR



 “Incutir-lhe-ei a Minha Lei, gravá-la-ei no seu coração. Então Eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. Eles não terão mais que instruir o seu próximo ou seu irmão dizendo: ’Aprende a conhecer o Senhor’, porque todos Me conhecerão, grandes e pequenos – oráculo do Senhor pois a todos perdoarei as faltas, sem guardar nenhuma lembrança de seus pecados” (Jer 31, 33-34).


Sou um Deus de Amor. Os Meus braços estão abertos para todos. Quero amor em troca. Vinde sem temos.


Cumprir-se-á em breve a profecia: “Serei o seu Deus e eles serão o Meu povo”.


Quem recusar fazer parte do Meu povo, recusa o Meu Reino. Vinde enquanto é tempo.


Alma minha filha, tem confiança. Não Me lembro dos teus pecados. Procura conservar-te assim.


Procurai conservar diante de Mim vestes baptismais, vestes de cerimónia. Tirai as vestes enxovalhadas e mantende as vestes puras.


Rezai uns pelos outros, para que cada vez maior número adira ao Meu chamamento, adira ao Meu Reino.


           



                            O BOM PASTOR



          Sou Eu que farei pastar as Minhas ovelhas. Eu mesmo lhes darei repouso – oráculo do Senhor Deus. Buscarei a ovelha que estiver perdida, reconduzirei a que estiver desgarrada, pensarei a que estiver fracturada e restaurarei a que estiver abatida. Quanto à gorda e vigorosa, guardá-la-ei e apascentá-la-ei com o direito” (Ez 34, 15-16).


           Os pastores estão muito ocupados com as suas coisas. Poucos Me ajudam. Eu tomarei a direcção do rebanho.


O Meu Espírito descerá sobre o mundo e orientará todos os Meus filhos. Deveis pedir muito que desça o Meu Espírito e afaste as trevas que vos fazem tropeçar.


Viste como sempre tratei de ti? Eu fui e continuo a ser o teu Pastor. Aprende a ter mais confiança. Tenho sem cessar os olhos fixos em ti. Vejo o que fazes, o que sentes, o que pensas. Nada em ti Me está oculto.


Aprende a viver coMigo com mais fé, com mais confiança. Lembra-te de que estou sempre contigo. Procura estar sempre coMigo. Vê-Me em tudo. Vê a minha mão, a minha acção, a minha Vontade, o Meu Amor por ti, por vós.


Até no que não te agrada, no que te faz sofrer, está o Meu Amor que te quer levar a uma maior perfeição. Nunca estás só, nunca te desamparo. Penso continuamente em ti e de ti afasto perigos de que nem te apercebes.


Sou cheio de compaixão, de Misericórdia, para com as minhas ovelhas doentes ou feridas. Não há pastor mais cuidadoso. Acompanho-as, trato-as, ligo-as, alimento-as. Ponho no seu caminho mil formas de se curarem, de serem ajudadas, livro-as dos perigos maiores, transportando-as nos Meus braços. Mas é preciso que se confiem mesmo nos Meus braços. Algumas não têm confiança em Mim, saltam-Me dos braços e querem andar sozinhas. Depois pedem ajuda a “mortos” ou a outras mais feridas que elas.


Algumas pedem ajuda a amigos meus, que as voltam a colocar nos Meus braços, onde se devem conservar, seguindo o que Eu inspiro para se curarem. Mas não se queixem das suas dores. São naturais porque estão doentes, porque estão feridas. Tomem os remédios e permaneçam em paz nos Meus braços. Eu as curarei, porque sou o seu Pastor, Aquele que as ama, o único que as conhece e que conhece os pastos que as alimentam.


Não corrais para prados floridos de lindas cores, mas com flores e ervas envenenadas.


Sois as minhas ovelhas. Olhai só para os Meus olhos. Ficai junto de Mim com confiança, que Eu não vos abandono, mesmo que se desencadeiem tempestades que pareçam intermináveis.


Não saiais de ao pé de Mim. Não queirais sozinhas procurar abrigo. Vós nada sabeis. Ficai junto de Mim que sou o vosso Pastor. Dai-Me essa prova de confiança.


Esquecei a tempestade. Olhai para Mim. Prometo que, com o Meu Amor vos farei esquecer o mau tempo. Com Meu manto vos abrigarei. Ficarei sempre convosco. Ficai sempre coMigo e nenhum mal vos acontecerá, mesmo que muitos inimigos vos rodeiem.


Confiai em Mim. Confiai no vosso Pastor. Cada ovelha para Mim é única.


Tu que sofres, lembra-te disto:


“Para Mim és única. O Meu Amor elegeu-te entre todas. És o objecto dos Meus desvelos. Fica simplesmente quieta nos Meus braços. Confia em Mim. SÊ mansa, como deve ser uma ovelha. É o que te peço”.





                       AMOR SEM MEDIDA



           Deus amou o mundo de tal maneira que lhe deu o Seu Filho Unigénito, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a Vida Eterna”. (Jo 3, 16).


           Feitos à Minha imagem, meus filhos, minhas criaturas! Amo porque sou Amor.


Pela Minha morte, mostrei como o pecado é mau. Só Deus o pode resgatar. Aquilo de que não fazem caso, foi a causa da Minha morte. Mas a principal causa da Minha morte foi o Amor, porque se não amasse não teria morrido por vós.


O Amor mostra-se na doação, no sofrimento. Eu dei-Me todo por vós. Quero que vos deis todos uns pelos outros. Dar-se é sair de si mesmo, sair do seu comodismo e ir em auxílio de quem precisa, morrendo aos próprios gostos e comodidades próprias, por vezes até a nível espiritual.


Como amas? Verás como amas, se observares como tratas todos os teus irmãos. O teu irmão é a minha medida. Como enches essa medida, assim enches a minha. A medida do amor com que amas o irmão é a medida do amor com que Me amas.


Deus também assim precede contigo. Mostra-te o Amor que reina no Seu seio, amando-te sem medida, a ponto de esse Amor se tornar loucura e dar o Seu Filho para morrer por ti. É a loucura do Amor.


Torna-te também louca de amor. Enche-te de amor na oração. Depois sai e manifesta esse amor, espalhando-o às mãos cheias pelos irmãos.


Não queiras guardá-lo, porque ele escoa-se da tua mão fechada. Dá sem medida e encontrarás a tua mão sempre cheia.



                 A ÁGUA VIVA


Todos vós que estais sedentos vinde à nascente, vinde comer, vós que não tendes alimento. Vinde comprar trigo sem dinheiro, vinho e leite sem pagar. Por que despender o vosso dinheiro naquilo que não alimenta, e o produto do vosso trabalho naquilo que não sacia? Se Me ouvirdes comereis excelentes manjares, uma suculenta comida fará as vossas delícias. (…)” (Is 55, 1-3).


Eu sou a Água Viva. É a Mim que deveis vir. Saciar-vos-ei e, ao mesmo tempo, dar-vos-ei mais sede desta Água que dessedenta e faz desejar mais. É a Água Viva do Amor e da Misericórdia.


Far-vos-ei experimentar a felicidade de Me pertencer.


Não podeis pagar, sois demasiado fracos para pagar, mas a Minha alegria por vos ver beber é tanta, que considero boa paga.


Vinde ao vinho da alegria, ao leite do crescimento espiritual.


Sim, por que gastais dinheiro com aquilo que não vos pode satisfazer?


Por que gastais o vosso tempo, a vossa saúde, a vossa paz, com inutilidades que não saciam as vossas almas sequiosas de infinito?


Vinde a Mim, aos meus manjares. Prometo deleitar-vos, se vos derdes a Mim de alma e coração. Vinde beber às águas da Minha Palavra e vivereis coMigo eternamente. Recebereis todas as graças de que precisardes. Sereis felizes e tereis paz.


Mas antes, largai as coisas inúteis que vos dissipam e vos afastam de Mim, minhas almas queridas, eleitas, vós que dizeis amar-Me, mas vos dispersais tanto por fora, com conversas, revistas, televisão, cinema…


Vós que frequentais os meus Sacramentos, e vos arrastais mornamente…


Vós que tendes fervor, mas sentis que adiantais pouco…


Aproximai-vos, vinde às minhas Águas. Tudo tereis, se vierdes vazios. Largai as ambições, os desejos vãos e mesquinhos, largai as inimizades, as dissipações, as perdas de tempo, as conversas sobre o próximo.


Aproximai-vos vazias, almas eleitas, e Eu vos encherei, Eu vos saciarei. Dai-Me tudo e dou-vos tudo.


Não tenhais medo de ser generosos. Eu serei sempre mais generoso.


Almas queridas, não brinqueis coMigo. Vinde a Mim com sinceridade, com desejo só de Mim. Dar-vos-ei a missão de distribuir a minha Água a outras almas sedentas, e “do vosso seio correrão rios de Água Viva”, a Água Viva que sou Eu próprio, e que vós derramareis à vossa volta numa inundação de amor.



 


               A NOSSA SERVIDÃO


Bem conheço os desígnios que mantenho convosco – Oráculo do Senhor – desígnios de prosperidade e não de calamidade, de garantia dum futuro e duma esperança(…). (Jer 29, 11-13)


As cadeias dos vossos pecados, das vossas imperfeições, são a vossa servidão em terra estrangeira.


Procurai viver em paz com todos os vossos defeitos, sem desesperos, mas não vos acomodeis numa vida de facilidades.


Recorrei sempre a Mim, que a seu tempo vos socorrerei, se vir que, do coração, quereis ser meus.


As cadeias pesam-vos, mas muitas vezes, a maior parte das vezes, sois vós que as procurais, que as apertais aos pulsos, ao pescoço, aos pés, que vos envolveis todos, voluntariamente, em servidão.


Quero-vos livres e vós tornais-vos servos daquilo que vos oprime.


A vossa servidão é principalmente o dinheiro e as honras, até espirituais. Quereis ser conhecidos, amados, honrados, e esses desejos escravizam-vos. Procurais mil maneiras de os satisfazer. Imaginais cenas em que sois figura principal. Ensaiais lindas frases para dizer e fazer o próximo ficar fazendo bom juízo de vós.


Qual de vós gostaria de ser tido por nada? Não digais “eu”, porque não e verdade. Todos gostais de louvores. Todos gostais de ser amados.


São cadeias de servidão, às quais sacrificais muito do vosso tempo e do vosso coração. Nelas vos envolveis e nem reparais como pesam.


É grande a servidão da vaidade física e moral, que leva ao dispêndio de imensas energias, a fraudes, a imensos enganos, a invejas, a preocupações que vos martelam o cérebro.


Há muitas outras servidões. Servis a vossa preguiça, os vossos instintos carnais, servis em tudo o vosso “eu”.


Não vos acomodeis. Vinde a Mim pedir-me e Eu vos libertarei, quando vir que realmente quereis ser libertados.


Quando vir que Me procurais de todo o coração, irei em auxílio da vossa fraqueza.


Vede bem em vós qual é a vossa servidão, e depois, com paz, procurai libertar-vos dela, recorrendo a Mim, com o coração contrito e humilhado.


Humilhai-vos perante Mim, que vejo aquilo que sabeis tão bem esconder ao vosso próximo, com as capas dos vossos sorrisos.


Eu vejo o vosso coração cheio de ambição, de maus desejos. Não podeis esconder-Me nada. Não tenteis enganar-Me, como enganais o vosso irmão.


Vinde a Meus pés, humilhados na vossa miséria e vos darei remédio para os vossos males. Só assim vos libertareis, quando Me procurardes de todo o coração.



 


               DEUS ESTÁ PRÓXIMO


“O Senhor está perto de todos os que O invocam, de todos os que O invocam sinceramente” (Sl 144, 18).


Estou perto de ti. Invoca-Me. Invoca-Me sempre. Quando mais Me invocares, mais te apercebes da Minha Presença.


Invoca-Me. Estou contigo. Mas tu, a maior parte das vezes não estás coMigo. Dispersas-te por fora, a tua cabeça anda incasável por toda a parte. Não te cansas, minha filha, de vaguear sem rumo?


Regressa. Vem A Mim. Fica coMigo. Conheces o Meu carinho. Por que te esqueces tão facilmente dAquele que devia ser o teu único pensamento?


Sei que és fraca e miserável. Perdoo-te e compreendo-te Ninguém te compreende melhor, mas esforça-te mais por vir a Mim. Redobra as tuas invocações, vigia o teu coração. Volto a repetir: invoca-Me. Responder-te-ei sempre. Sabes o que és para Mim. Sabes quanto és valiosa aos Meus olhos, quanto te amo.


Quando te parecer impossível que Eu, o Deus dos Céus, desça a amar tão fraca criatura, lembra-te do que Me custaste e não estranharás que Eu mova os Céus e a terra por ti. Assim te amei quando morri por ti. Assim te amei quando morri por ti, ainda tão longe estavas da existência, e assim te amo agora.


Da Minha Cruz. O Meu olhar torturado já te via. Não Me desiludas, como Me desiludiram tantos então, que acrescentaram às Minhas horríveis dores, o horrível espectáculo da sua ingratidão, da sua tibieza, e alguns da sua perdição.


Na Cruz, onde morri, no meio dos mais atrozes sofrimentos, veio algo dar-Me um pouco de refrigério: o amor que os Meus olhos doloridos divisaram nas almas amantes, algumas ali, outras no futuro.


Também te vi, e o teu amor consolou um pouco as minhas dores. Vi que por ti valia a pena morrer.


É assim que te continuo a amar, sempre presente em ti, sempre pronto a ajudar-te, a satisfazer os teus desejos, se não forem contrários ao bem da tua alma ou das outras que liguei à tua.


Procura-Me, que Me encontras. Vive coMigo. Sê íntima coMigo. Invoca-Me sinceramente.


Muitos não Me invocam sinceramente. Rezam a correr aquilo que sabem de cor, sem um pensamento para Mim ou para o que dizem. Outros inventam orações, para serem ouvidos por todos, menos por Mim.


Nunca faças essas coisas. Não te importe o que os outros pensem ou digam, quando se trata de Mim. Quero estar sempre em primeiro lugar para ti. Fica na Minha companhia.


Vive coMigo instante a instante. Eu sou o teu Companheiro, Aquele que encontrarás, sempre que O invocares sinceramente.


 



                                 PAZ 



“Acontecerá no fim dos tempos que os povos virão ao Templo do Senhor, e numerosas nações ali virão dizendo: Vinde, subamos à montanha do Senhor. Ele ensinar-vos-á os seus caminhos e andaremos nas suas veredas... Ele será árbitro de numerosas nações e juiz de povos longínquos e poderosos. Eles farão das espadas relhas de arado e foices das lanças; uma nação não brandirá a espada contra outra nação e não se treinarão mais para a guerra…Naquele tempo, recolherei os coxos e reunirei os dispersos” (Miq 4, 1-6).


Estamos na época em que se levanta povo contra povo, nação contra nação. Não tendes paz.


Não há paz no mundo, não há paz entre os irmãos, não há paz no coração de cada um.


Só há paz nos corações do que Me amam sinceramente.


Não é suficiente dizer que Me amam. Não basta pertencer a uma obra apostólica, a um serviço da Igreja, a um grupo de oração. Se não houver desejo sincero de ser meus, de vos esforçardes por Me agradar, por viver como eu quero, nada disso vos presta. São só fogos de palha, vento que se levanta e caminha para parte incerta.


Quantos vão à igreja, frequentam grupos de oração e sacramentos, e vivem de forma irregular.


Tantos vão receber-Me e não procuram agradar-Me, não se esforçam por isso, até têm prazer em viver a sua vida de maneira pecadora, porque, dizem eles, “ninguém tem nada com isso”.


Tantos dizem que Me amam, mas andam sempre de cara franzida, prontos a questionar, a incomodar os irmãos! Se não amais os irmãos, não Me amais!


Quero que vivais em paz, mas só a tereis realmente, se estiverdes unidos coMigo, que sou o Príncipe da Paz.


Fora de Mim não há paz. E Eu não estou só Céu e no Sacrário. Estou em toda a parte, e estou o irmão que não acolhes, que não escutas.


Vem unir-te a Mim, receber a Minha Paz, a Paz que te dou, instante a instante. Esta paz que te dá a calma na tribulação, a fortaleza na aflição. A minha Paz te cobrirá em toda a circunstância da tua vida. esta paz te dará a calma e te ajudará a discernir no meio da confusão que às vezes parece querer apanhar-te, surpreender-te, deixando-te sem lucidez no meio dos problemas.


Na minha Paz tudo se resolve. Ela cobre toda a perturbação, toda a confusão, como um manto.


Receberás a Paz, na medida da tua união coMigo.


O que Eu tenho te dou. Desejo dar-te, se desejares receber.


Deseja também a paz a todos os irmãos.


Distribui a minha Paz com o teu sorriso, com o toque carinhoso de tuas mãos.


Aprende a dizer em uníssono coMigo: “A Paz esteja conosco”.



 


A NOSSA PEQUENEZ 



“Tanto quanto o Céu domina a Terra, tanto é superior ao vosso o Meu agir e os Meus pensamentos ultrapassam os vossos” (Is 55, 9). 


Que sois vós perante Mim? Muito menos que formigas diante de uma montanha.


Como é ridícula a vossa arrogância, querendo entender tudo, saber tudo, dar opinião em tudo! Sois tão pequenos! Não reparais como é ridícula a vossa situação de pequenos tentando agir como se fossem grandes?


Humilhai-vos, pois sós humildade vos fica bem. Só a humildade vos dá beleza, pois só ela se coaduna com a vossa pequenez.


Sois tão pequenos, tão frágeis! Por isso Me apiedo de vós. Por isso vos olho com sorrisos de compaixão, como se faz a crianças pequeninas que fazem tolices, que brincam de “faz-de-conta”, como se fossem adultos, fingindo um tamanho que não têm.


Tenho pena da vossa indigência e não quero olhar-vos com cólera. Sois pequenos e sois meus filhos.Tornai-vos belos! Chega de posições ridículas! Procurai crescer, tomando a vossa posição e a dignidade que vos é própria, de filhos de Deus. Só o conseguireis humilhando-vos perante Mim.


Quando recusais fazê-lo, tomo Eu a iniciativa, e mando-vos a humilhação que, normalmente vos custa muito a aceitar. Dai-Me sumo prazer aceitando-a e deixando de fazer aquilo que normalmente fazeis nestas circunstâncias: desculpar-vos. Como é bela a alma que não se desculpa perante a humilhação!Procurai essa beleza, se quereis atrair os Meus olhares de benevolência e predilecção.


Não queirais saber tudo. Contentai-vos com o que vos dou a saber, e correspondei a esse saber que deposito em vós. Quanto mais souberdes, mais de vós espero.


O vosso pensamento é extremamente limitado. Não sejais vaidosos da vossa inteligência, a inteligência que vos dei, que vos parece tão grande, mas na realidade é bem pequena. É de acordo com as vossas limitações.


Não tenhais a pretensão de entender tudo. Há coisas que nunca entendereis. Fazem parte do Meu pensamento, em desígnios insondáveis para vós. Aceitai os Meus desígnios, mesmo que não os entendais, e não deiteis para os outros as culpas do que acontece, como os judeus deitavam as culpas das doenças para o próprio ou para os seus pais.


O Meu pensamento ultrapassa o vosso. Entendei só uma coisa e isso vos bastará: Tudo o que vos acontece, de bom ou de mau, deve concorrer para o vosso bem, se não lhe desviardes a finalidade com o vosso pensamento extremamente limitado, direi mesmo minúsculo, tacanho.


Sois isto mesmo: grãos de areia cheios de arrogância. Sede grãos de areia conscientes da sua pequenez e vos tomarei na Minha mão, olhar-vos-ei com Amor, transformar-vos-ei em pedras preciosas, cujo brilho ultrapassa o das estrelas.


Sereis assim, meus grãozinhos, se deixardes brilhar em vós a humildade, virtude cujo brilho Me atrai.


Quereis atrair-Me a vós, ver os Meus olhos sempre em vós, com olhares de entranhado Amor? Sêde humildes, praticai a humildade.


 



A LUTA


“ É que não temos de lutar contra o sangue a carne, mas contra os Principados, Dominações, os soberanos deste mundo tenebroso, contra os espíritos do mal, espalhados nos ares” (Ef 6, 12).


Não sabeis o mundo em que viveis. A vossa despreocupação e ignorância é tanta que vos meteis em perigos constantes.


Viveis num tempo em que desapareceu toda a noção do mal. O próprio mal está interessado em que não se repare nele, para melhor se infiltra. Tende cuidado!


O mundo que se vos opõe é tenebroso e tem muito poder. Só o meu Poder se lhe opõe e o vence. Contra ele nada podeis com as vossas fracas forças e a vossa inteligência limitada.


Nesse mundo de trevas trama-se a vossa perdição. Ali reina o ódio, o ódio mais profundo, que é exercido com muita inteligência. Não sabeis quanto mal se trama contra vós. Se o soubésseis, o vosso medo era tal, que adoeceríeis de susto. Talvez até morrêsseis, e esmoreceríeis pela certa. Mas não saber, e de certo modo é bom, para viverdes sem demasiados medos. Mas não vos deixeis adormecer nessa ignorância que vos dá uma falsa segurança.


Tende cuidado! Não vos admireis com alguma más surpresas que vos aconteçam. Recorrei sempre a Mim. Eu não deixarei que sejais vencidos.


Aquelas pessoas que sofrem muito lembrem-se dos inimigos inteligentes que têm e unam-se a Mim cada vez mais, pois só com o Meu auxílio poderão vencer.


A princípio parecerá que o sofrimento redobra, porque redobra a ira do vosso inimigo. Não vos acobardeis. Quanto mais redobrar o sofrimento, mais deveis redobrar a vossa confiança em Mim, os vossos actos de confiança, adoração e louvor. Não tenhais medo. Eu não vos abandono.


Repito: Não tenhais medo! Não quero que vos guieis por espírito de temor, mas tende prudência e chegai-vos bem a Mim.


Se vós soubésseis de que espécie e qual a maldade do inimigo que vos persegue, não cessaríeis de orar, nunca largaríeis a Minha mão.


Infelizmente para vós, nem vos apercebeis deste inimigo, e isso é o trunfo com que ele joga. Faz-vos pensar que os males que vos atingem são fruto das circunstâncias, e quantas vezes deita para Mim as culpas que ele tem.


Quantos perdem a confiança e até a fé, porque ele os convence de que não os amo, que não quero saber de vós. Daí a convencerem-se de que não existo, distam poucos passos.


Por isso tomai atenção!


As potências infernais são muito fortes, muito inteligentes e odeiam-vos. Essas potências não dormem como vós e tramam sem cessar a vossa ruína. Elaboram planos e estratégias que não conheceis.


Mas, unidos a Mim, sereis sempre vencedores, porque não lutais com as vossas forças, mas com as minhas.


Não vos deixeis cair nas suas redes, nos seus embustes, porque assim manietais as minhas mãos e não vos poderei valer.


Há pecados muito graves, que vos colocam totalmente sob a sua dependência. Entre eles destacam-se o aborto, a impiedade e a impureza. Tende cuidado também com o orgulho. Vigiai as suas raízes e não as deixeis crescer, porque é um grande aliado  deste inimigo e impede a minha acção.


Minhas almas queridas, tende coragem. Não queirais fazer sozinhas este trabalho, empreender esta luta. Não venceríeis. Convencei-vos deste verdade: eles são mais fortes.


Agarrai-vos à minha mão. Não Me largueis um instante. Fazei tudo o que sentirdes que vos peço.


Orai, orai e vencereis!



 



AS DORES DO CORPO MÍSTICO


Sofro pelas almas consagradas que não Me são fiéis.


Sofro pelas almas que, cheias de pecados, frequentam os Meus Sacramentos.


Sofro pelas almas que parecem justas, mas se arrastam, cheias de tibieza, essas almas que Eu queria levar à perfeição e não posso, porque elas não querem.


Sofro pelos jovens que caminham sobre o fogo. Eles andam à beira de um precipício e mãos infernais estendem-se para os empurrar.


Sofro pelo empedernimento em que estão alguns membros importantes da Minha Igreja.


Sofro pelos fiéis que se afastam dela, esses “católicos não praticantes”, como se fosse possível estarem coMigo e contra Mim.


Sofro pelas seitas que proliferem e, em zelo, ultrapassam os meus fiéis, sempre tão cansados dos meu serviço.


Sofro pelo crime do aborto legalizado.


O Meu Corpo encontra-se actualmente todo retalhado, em contínua flagelação, que os seus próprios filhos lhe produzem.


Além de Me flagelarem ainda Me desmembram, desunem os membros do Meu Corpo.


O Meu Corpo Místico é um Corpo de dores, todo ferido e desmembrado. Poucos se preocupam, poucos se debruçam a contemplar tal horror.


Olha, vê, observa bem… Não há sítio que não esteja ferido. Não há articulação que não esteja desconjuntada. Continuo a sofrer a Paixão, agora no Meu Corpo Místico.


Olha para Mim. Enche os olhos com esta imagem. Cortaram os meus membros! O Meu Corpo já não está unido, completo, e recusam-se a voltar a uni-lo. Ocupam-se de burocracia, do alto do seu orgulho.. Ninguém se quer curvar a ninguém. Chegaram ao cúmulo da soberba!


Peço humildade em reparação. Pratica-a sempre em todas as circunstâncias.


Procura não dar nas vistas. Não te desculpes. Não fales do que ou de quem te humilhou. Se contas uma humilhação, logo ela perderá o valor. E pede muita humildade para ti. Ela é a pérola de raro valor, pela qual deves dar tudo. Tudo, é mesmo tudo, a começar pelos valores espirituais.


Medita no alcance deste “tudo”, para entenderes aquilo que tens de dar para alcançares essa pérola.


Esta é a pérola de rara beleza que adornará a tua fronte, como adorna a fronte de tua Mãe. Assim te parecerás com Ela.


Estuda as suas palavras, os seus gestos e copia-os. Ela é o modelo da humildade. Com a humildade vencerás todas as potências infernais que se levantem contra ti.



 


                      A FÉ


 


“Disse então Marta a Jesus: ‘Se cá estivesses, Senhor, o meu irmão não teria morrido! Mas agora sei que tudo o que pedires a Deus, Deus To há-de conceder. Disse-lhe Jesus: ‘Teu irmão ressuscitará… “Eu sou a Ressurreição e a Vida. Quem acredita em Mim não morrerá jamais. Acreditas nisto?’ ‘Acredito, Senhor’ – respondeu-Lhe ela – Eu já acreditava que tu és o Messias, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo!” (Jo 11, 21-23; 25-27). 


Convence-te da tua nulidade. Convence-te de que nada sabes, de que nada podes. Só Eu faço tudo em ti.


Torna-te alma de fé. Quero que te convenças de que só Eu posso tudo. Só Eu sou Santo. Vós sereis santos se fordes santificados em Meu Nome.


Pede muito o dom da fé. Quero dar-to. Nunca serás verdadeiramente minha se não tiveres uma fé cega e absoluta em Mim, se puseres reticências à minha acção, ao meu Poder e ao meu Amor por vós; se deixares a tua razão interpor-se entre nós, como tantas vezes tens feito.


Tantas vezes que raciocinas sobre o que é conveniente e é lógico!


Seria lógico para Marta, pensar que o irmão se levantaria do sepulcro quatro dias depois de sepultado? Mas ela acreditava que tudo Me era possível e, por isso, acreditava  que Eu lhe daria o que mais ninguém podia dar: o seu irmãos morto.


Ela acreditava que Eu era o Cristo, o Filho de Deus. E tu, acreditas? Se acreditas, mostra fé, fé como Marta, fé que transporta montanhas, fé que move o meu Poder. Pede sem receio, com essa fé ardente em Mim, sem vacilar, sem temer como Pedro.


Se mostrares essa fé, Eu ressuscitarei esses mortos com quem te cruzas, esses mortos que estão fora do sepulcro, mas cujas almas cheiram pior que o cadáver de Lázaro, cujo cheiro preocupava Marta.


Não te assusta o mau cheiro dos cadáveres com que te cruzas? É porque não tens apurado o olfacto da tua alma.


Crê em Mim. Dar-te-ei conforme a tua fé.


Sabes bem que não vim para condenar, mas para salvar. Por isso, quero salvar todos, mas só posso salvar quem tiver fé. Tu tens fé?


Perscruta bem o teu interior antes de responder. Tens fé? Crês em Mim? Crês no Meu Poder e no Meu Amor? Como crês? Com uma fé minúscula, cheia de reticências, sempre a necessitar de comprovativos, uma fé que necessita sempre do Meu braço para se suster? Vê como és fraca! Tens fé, alma minha filha?


Agora já sabes. Pede a fé. Não tenhas medo de pedir. Pede e ser-te-á dado. Pede uma fé grande, uma fé imensa, uma fé que transporte montanhas.


Por que não te daria esta fé, se ma pedes? Tenho-a para ti. Pede-ma e dar-ta-ei. Desejo dar-te, porque é através desta fé que te darei outros dons que tenho para ti.


Não receies enganar-te com a tua fé. Se alguma vez acontecer que o teu inimigo te engane, aproveita para te humilhares. Não deves perder a confiança, nem pensar que a tua vida é um engano. É isso que ele pretende: atrofiar-te na fé. Tem medo que a tua fé cresça e que através dela lhe tires as suas presas.


 Eu quero que o faças. Em primeiro lugar quero que intensifiques a fé, e depois que, realmente através dela lhe arrebates o que pretende para si.


Não tenhas medo. Eu te ajudarei. A fé que quero para ti será a couraça que te defenderá de tal inimigo. Procura aumentar constantemente a resistência desta couraça e, forte com a Minha força, nenhum mal te atingirá!



 



 


O MAR DAS DORES 



“É que por um justo dificilmente alguém morrerá; por um homem bom, talvez alguém ousasse morrer. Deus porém, demonstra o Seu Amor para connosco, pelo facto de Cristo haver morrido por nós, quando ainda éramos pecadores” (Rom 5, 7-8).


Eu sou a Salvação e a Vida. Vós Me custastes muito caro. Meus filhos, vós sois a minha preocupação. Os que Me amam são a minha alegria e o meu enlevo.


Por vós morri e voltaria a morrer, se fosse preciso. A Minha Redenção foi abundante, cobrindo o vosso pecado. Agora é preciso que vos aproveiteis dela. Quereis a Minha Salvação?


Já pensastes alguma vez quanto ela Me custou? Não, não pensastes, porque se pensásseis não continuaríeis nessas vidas de pecado, nessas vidas que se arrastam, mornas de preguiça e tibieza, nesse comodismo e medo de dar.


E não penses: “Isto não é para mim, que vou à Missa, me confesso uma vez por outra, pertenço a uma obra da Igreja, faço isto e aquilo… dou esmola…


Se o pensais, tornais-vos como o fariseu que fazia jejuns e pagava os dízimos, mas estava cheio do seu orgulho espiritual, como se Eu lhe devesse alguma coisa, por ele cumprir.


Não! Isto é para ti também, pois nunca pensaste bem no que Me deves, na crueza das dores que sofri por ti. Não pensas nos sofrimentos terríveis que tive de suportar!


Quero que medites nos Meus sofrimentos, que penetres neles e, se não estiveres completamente empedernido, chorarás de comoção, de dor, de arrependimento, de gratidão, de amor.


Os Meus sofrimentos são um mar, onde quero que mergulhes. Neles te banharás para te purificares. E não uma vez só. Todos os dias deves tomar este banho salutar para ti.


Ali aprenderás o que é o Amor de Deus, e a que ponto chegou por ti. Ali verás como é grande a tua ingratidão, sempre pronta a arranjar desculpas para todos os desleixos, para todas as omissões.


Mergulha neste mar. Mergulha os teus olhos nos Meus olhos. E mostrar-te-ei qual é o abismo da tu apropria dor.


Mergulha todos os dias, e aprenderás a dar às tuas dores o valor real que elas têm. Verás que não são tão terríveis como te parecem. Parecem-te terríveis, porque és alma muito fraca e porque estás cheia do teu amor próprio que só quer ser acariciado.


Não te acaricies. Quando a dor te rodear e penetrar em ti, volta a mergulhar, a penetrar no mar das Minhas dores e, além de veres tudo com mais clareza, também sairás confortada, pois o Meu sofrimento tem o dom de confortar os meus filhos.


Mergulha nestas dores. Observa-Me esbofeteado, insultado, caluniado, e não te queixarás dos insultos e calúnias que se levantem contra ti.


Vê a ingratidão daqueles que ensinei, curei, alimentei, e não te admirarás das ingratidões com que algumas pessoas pagam o que fazes por elas.


Vê-Me flagelado, e doer-te-ão menos as feridas físicas e morais.


Vê-Me flagelado, e para ti ganhará outra dimensão o pecado que se vê a cada passo.


Observa-Me coroado de espinhos, e não terás tanto desejo de honras, não pensarás tanto em ti, nas tuas próprias satisfações, no teu orgulho ferido ou caprichoso.


Acompanha-Me na subida do Calvário e terás amor à tua cruz. Verás que é muito menor que a Minha, e que ainda sou Eu que ta ajudo a transportar.


Acompanha-Me muito neste caminho. Observa o meu cansaço, o meu desprendimento de louvores, as minhas quedas, os olhos lacrimosos de Minha Mãe, a minha gratidão para com quem Me acompanha com amor.


Observa como custa subir este monte… Vens coMigo? Ou preferes ficar na base, tentando entender o porquê disto tudo? Sim, esses porquês, tantas vezes formulados quando te dou algo a sofrer… E perguntas: “Por que me acontece isto? Porquê eu? Eu que cumpro os meus deveres, que rezo, que não faço mal a ninguém…”


Pergunta então: “Porquê Tu, Jesus, Porquê Tu, o Cordeiro Imaculado, o Inocente, o Filho amado do Pai?”


Eu te responderei: “Por ti só. Era preciso sofrer Eu, porque só Eu tenho pureza e dignidade suficiente para pagar pelos vossos pecados, tãp horríveis, que afrontam o Trono de Deus”. Sim, Eu, o Inocente, e tu? Também és inocente? Não te admires então de teres a tua parte no castigo, como tens na culpa.


Eu, o Filho amado de Deus Pai… e tu? Não será também um filho amado, uma filha amada? Não o podes duvidar depois de olhares para Mim, nas minhas dores. Ou queres ser mais amada do que Eu, mais bem tratada do que Eu?


Sobe coMigo este monte e verás o resto, que é a coroação da dor por novas dores. Verás despojarem-Me das minhas vestes, e não terás mais vontade de  andar atrás de vaidades, de cobiçar enfeites caros para valorizar o teu corpo aos olhos do mundo.


Deixarás também que te despojem daquilo que te parece ser teu, mas não é: os valores morais, intelectuais, espirituais. Verás por vezes, pessoas servirem-se de ideias tuas, como se fossem próprias. Lembra-te então de que nada é teu. Tudo está ao serviço dos irmãos, e tu és um canal por onde Deus passa.


Deixa que te despojem e ficará mais leve.


Vê depois como Me crucificam. Não desvies o olhar. Eu faço questão em que olhes.


Estes cravos que penetram na Minha Carne, de músculos contraídos pela dor, custariam menos do que aquilo que tu sofres e que tanto te faz gemer, chorar, lamuriar?...


Neste espectáculo de dor, de barbaridade desumana, deves demorar-te e voltar a ele, sempre que estiveres em sofrimento.


Vê o Sangue que brota e como os cravos se afundam, rompendo as veias. Achas que é uma brincadeira para Mim? É sofrimento menor que o teu?


Vê agora a Cruz  a ser levantada e Eu a ficar suspenso destas horríveis feridas, com os olhos nublados pela dor, a ser insultado pelos que passam… E tu? Queres ser sempre consolado? Quando sofres contas a meio mundo as tuas desventuras, para que tenham pena de ti, te consolem e te considerem pessoa de grandes sofrimentos, de grandes méritos. Penso no que seria de ti se Eu permitisse que essas pessoas a que o contas se rissem de ti e te insultassem…


Às vezes permito que te consolem pouco ou te dêem algum conselho de que não gostas. Acabas por ficar mais magoada, e remoer que aquela pessoa, em vez de te consolar (como se isso fosse obrigação), te disse isto e aquilo. E aí ficas com mais uma coisa para contar a terceiros.


Arranjas assim sofrimento que tu próprio fabricas sobre o que te dei, e acabas por não aproveitar nem de um nem de outro, terminado por faltar à caridade, pelo menos em pensamento.


Quando sofres, vê-Me na Cruz, entre tanta dor, a ser insultado e a perdoar, tentando desculpar quem Me insultava e matava. Repara como, no meio das minhas dores ainda consigo exercer a caridade e dar o Céu ao bom ladrão.


Procura que a dor não te cegue e, mesmo sofrendo, debruça-te sobre quem precisa de ti. O exercício da caridade far-te-á esquecer momentaneamente a dor, e será para ti um bálsamo.


Acompanha-Me no abandono do Pai, e não te queixes dos momentos de aridez que sofres. Não és só tu a sofrê-los. Todos os que Me amam os sofrem. Todos os santos os experimentaram. Eu próprio não quis ficar isento.


 Alegra-te! Se procuras cumprir os teus deveres para coMigo, a aridez é um sinal de predilecção, de participação nas minhas dores.


Vê agora como fixo o olhar em Minha Mãe. Deves imitar-Me e olhá-la sempre. Ela está sempre lá, no Calvário, no Meu e no teu. Tê-la-ás, se quiseres olhar para Ela, em vez de olhares para ti. Assim como Eu não Me fixei no que sofria, mas Me lembrei dos filhos a quem A queria deixar, lembra-te dos teus irmãos e apresenta-A a eles sem cessar.


Mostra-A aos que A desconhecem, aos que sofrem e não se lembram dEla. Tê-lA-ás para ti mais que nunca, quando A deres mais que nunca aos teus irmãos.


Alma, minha filha, alguma vez tiveste sede? Sim algumas vezes, mas nunca uma sede horrível, provocada pela perda de sangue. Experimenta por vezes, suportar um pouco de sede, sem ires logo beber água, por espírito de penitência. Bem precisas de penitência. É a tua parte, bem pequena por sinal, na história da Minha Paixão, na história da Salvação da Humanidade.


Se Eu sofri por ti, sendo Inocente, não queres tu sofrer sendo pecadora?


Eu sofri e morri pelos pecadores que não Me amavam, que Me maltratavam, outros, a grande maioria, ainda não tinha nascido, mas que, à distância já Me mostravam os seus pecados. Alguns, via Eu que se perderiam.


Queres maior dor do que sofrer inutilmente? Queres amor maior, do que sofrer por inimigos que assim se declaram, pelos seus pecados os quais são insultos para Mim?


Não, não encontrarás amor maior. Nunca conseguirás igualar tal Amor, mas podes tentar imitar. Imita sem receio, imita sempre, imita sempre este Amor, que nunca o imitarás bastante, nunca lhe chegarás ao fim.


 




COLABORAR COM CRISTO 



“Em verdade, Ele tomou sobre Si as nossas enfermidades e carregou com os nossos sofrimentos. E nós O julgávamos como um castigado, como um homem ferido por Deus e humilhado. Mas foi castigado por nossos crimes e esmagado por nossas iniquidades. O castigo de que nos salva caiu sobre Ele. Fomos curados graças aos seus padecimentos.(…) (Is 53, 4-6). 


Sabes o que Me deves? Não, não sabes… Nunca pensaste nisso.


Sabes que se Eu não tivesse vindo à Terra, as tuas possibilidades de salvação eram diminutas? Sabes que se Eu não viesse à Terra ninguém teria possibilidade de se salvar, que a Humanidade viveria mergulhada na barbárie?


Alguma vez pensaste que os que se salvaram no Antigo Testamento foram salvos pelos meus méritos futuros? E como era a sua vida? Tanta escravidão!


Pensa no que serias se não Me conhecesses, se Eu vivesse no meu Céu sem comunicar convosco, sem Me preocupar com as minhas criaturas e as deixasse numa vida miserável, sem amor, sem perdão e sem esperança?


Na realidade, não valeria a pena viver!...


São verdades em que é preciso meditar de vez em quando. Os meus filhos meditam tão pouco… E só meditando se chega ao conhecimento das minhas coisas.


É preciso para, fazer pausas durante o dia e meditar. É preciso para a saúde a da vossa alma e até do vosso corpo. Dá conhecimentos novos à alma e dá descanso ao corpo, que tantas vezes cansais inutilmente, andando a correr, querendo fazer num dia o que devíeis fazer em dois ou três dias, procedendo como se a vida vos estivesse fugindo.


Andais muito dispersos! Quero que vivais o memento presente com calma. Medita nisto que te digo, pensa no que Me deves, no que serias sem Mim e no que és… pensa ainda no que deves ser e ainda não és.


Deves-Me tudo. Todo o teu ser á propriedade minha. Deves-Me toda a felicidade que te dei, toda a Salvação que te conquistei à custa de tanta dor.


Quem Me obrigou a tomar sobre Mim os teus pecados?


Ninguém Me obrigou. Fui Eu que quis. E quis apenas por Amor. Consegues entender um Amor assim? Não consegues porque é um Amor eterno.


Tu só amas aquilo que conheces. Não sabes amar alguém que viverá daqui a séculos, até porque não sabes se esse alguém chegará a existir. Eu amo com Amor eterno. Vejo o futuro como presente. Sei quem existirá. Conheço-os todos como te conheço a ti. Vivo num eterno presente.


Por isso te amei desde a eternidade. Ainda o mundo não era mundo, Eu te conhecia, te observava, sondava a tua vontade, cobiçava o teu coração. Foi para te possuir eternamente que, desde a eternidade resolvi vir à Terra sofrer aquilo que não podias sofrer tu. E não podias, quer pela tua capacidade limitada, quer pela tua indignidade, pois, por muito que quisesses reparar, nunca terias dignidade para tal, e a tua vida seria um desespero, um inferno na terra.


Mas Eu, por teu amor carreguei os teus pecados. Fiz-Me como tu. Tomei um corpo com capacidade de sofrer. E tomei sobre Mim a carga da Humanidade pecadora. Era preciso. Eu não podia perder eternamente esses filhos.


É por isso que Me indigno convosco, quando vejo que as almas se afastam, que outras não se aproximam, que algumas se perdem por causa do vosso desleixo, da vossa incúria.


Por que deixais perder para os vossos irmãos aquilo que Me custou tanto a ganhar? Tendes o dever grave de conservar esse tesouro que vos deixei: o tesouro da Minha Salvação. É vossa obrigação distribui-lo pelos vossos irmãos que passam despreocupados, ignorantes daquilo que deviam saber e não sabem; mas vós sabeis e não lho transmitis.


Dirijo-Me a ti e a ti, a ti que Me escutas. Não podes, não deves conservar o Meu Tesouro só para ti. A Herança é de todos os meus filhos e deve ser distribuída. Sobre ti pende um grave dever de justiça: distribuir o Meu Tesouro. Um dia pedir-te-ei contas dele.


Lembra-te de que liguei muitas almas à tua. Ninguém se salva sozinho. Terás de Me apresentar irmãos que ajudaste a salvar; e se não ajudares agora, terás de ajudar depois, com muito mais dor, num Purgatório doloroso, que Eu não quero para ninguém, pois o Meu desejo é ficar convosco para sempre, logo que as amarras da carne se vos soltarem.


A obra da Salvação realizei-a com a Minha vida e com a Minha morte, mas todo o Meu Corpo Místico nela deve colaborar. É obra de todos. Não podes fugir com a tua parte. Tens de ser coMigo alma salvadora.


Quanto mais te unires coMigo, mais te mostrarei a forma da tua colaboração. E assim deixarás de mergulhar nas tuas pequenas coisas que te preocupam, tantas vezes desnecessariamente, para te preocupares com a tua obrigação universal: a salvação dos teus irmãos.


O abandono desse “eu” que tanto vos preocupa normalmente, virá beneficiar muito a vossa vida, a vossa saúde mental, a felicidade da vossa alma.


Mais uma vez, olha para a Minha Mãe. Sai de tua casa, essa casa que é o teu “eu”. Sai de tua cãs como Ela saiu da sua, abandonou a sua comodidade e foi, por caminhos difíceis, levar-Me a Isabel.


Também terás caminhos difíceis, mas é forçoso, é urgente que os percorras, sem pensar de antemão no grau de dificuldade, e vai dar-Me sem demora a esses irmãos que precisam de Mim, das minhas luzes, das minhas graças.


Não te ocupes de ti, ocupa-te dos teus irmãos.


De ti, Eu Me ocuparei, e ganharás muito com a troca.



 


LUZ E TREVAS


“Foi Ele que nos libertou do domínio das trevas e nos transferiu para o Reino de Seu Filho muito amado, no qual temos a Redenção e o perdão dos pecados” (Col 1, 13-14).


Este mundo em que viveis é um mundo de trevas. Criei-o para ser um mundo de luz, de felicidade para todos os meus filhos, um mundo onde Eu habitaria com eles, onde não haveria fome, nem cansaço, nem lutas, nem invejas, nem doenças.


Pelo vosso pecado fizestes dele um mundo de trevas. Pelas vossa comodidades, pelo desejo de aumentar a riqueza e o poder de alguns, o estragastes. Envenenastes as suas éguas, as suas terras e os seus ares. E fizestes dele um mundo onde é cada vez mais difícil viver, onde servis a soldo do vosso inimigo, que vos enche daquilo que ele tem, e do que unicamente vos pode dar: as inimizades, os ódios, as guerras e a fome. São estas as trevas que vos rodeiam.


Apesar destas trevas, tenho pena e acedo a viver convosco, procuro-vos e quero encher de luz as vossas almas, para que possais sobreviver. CoMigo podereis ter felicidade, mesmo no meio em que viveis.


Quanto mais viverdes coMigo, mais luz tereis, maior felicidade vos será dada, porque Eu desejo felicidade para cada um dos meus filhos. Quero dar-vos a minha felicidade. Quero fazer das vossas almas o Meu Céu, onde habite convosco. Então sentir-vos-eis transferidos do mundo das trevas para o reino da luz.


O Reino da Luz é o Meu Reino e nele podereis habitar coMigo.


Como é possível que vos satisfaça o mundo em que viveis? O vosso inimigo procura cegar-vos, por vezes com divertimentos e com vaidades, com luxos e com prazeres, para não verdes onde está a felicidade verdadeira, e ter-vos acorrentados à vossa escravidão.


Olhai, olhai com olhos esclarecidos, o que se passa à vossa volta. Todos os que passam cobertos de luxo, os que gastam o que têm e às vezes o que não têm, com prazeres que agora os satisfazem um pouco e logo desaparecem, todos os que vês pecar em público com atitudes imorais, todos eles são escravos e estão cegos… dominados. São cadáveres ambulantes, mortos-vivos.


Já vistes filmes onde ums equipa de boas pessoas tenta libetar pessoas escravizadas por inimigos, que dominam a inteligência de alguns e os tornam autênticos mortos-vivos ao seu serviço, com intuito de dominar o mundo, espalhando cada vez mais pelos seus habitantes as epidemias com que tinham dominado os primeiros.


Esta imagem de fixão é muito semelhante àquilo que o vosso inimigo procura fazer entre vós. Já muitos estão dominados e não o sabem.


Quero que penses, que observes o que te rodeia, à luz da sabedoria com que te ilumino. Vê o conjunto triste de pessoas dominadas, que pensam que são livres e são escravas. Alguns até pensam que são felizes, porque têm dinheiro e honras. Mas na realidade, no fundo de si próprias, nunca e sentem realmente felizes, porque sempre lhes falta alguma coisa.


Os que têm dinheiro, muitas vezes não têm saúde, desejam beleza, poder ou qualquer outra coisa, pois, por muito que estejam enganados e cegos, há sempre no fundo dessa taça de delícias, algo de amargo. Felicidade verdadeira só Eu dou.


O que Eu quero de vós é que procureis libertar esses pobres irmãos, esses doentes, esses mortos-vivos. Podeis fazê-lo se vos encherdes de compaixão por eles. Sou Eu que vos peço, tende compaixão.


São vossos irmãos, são criaturas tão dominadas que não vêem o que fazem e o abismo de miséria em que vivem. Não vêem por onde caminham e a derrocada que os espera no fim das suas vidas. Nem pensam que um dia hão-de morrer. Mas vós sabeis.


Abri bem os olhos da vossa alma e vede o trabalho  importante a fazer. Mas não queirais fazê-lo sozinhos, porque é muito difícil e depressa vos cansaríeis, depois de verdes a inutilidade dos vossos esforços. Lutai em equipa. Juntai os vossos esforços e, juntos, todos unidos ao vosso Chefe que sou Eu, e que vos dito o que deveis fazer, ide à luta. Lutai contra esse inimigo, por amor de tantos irmãos em perigo de perdição.


 A luta é dura, mas vencereis e libertarei muitos, se permanecerdes sob as minhas directrizes e na minha luz. Eu vos iluminarei e vivereis na luz do Meu Espírito, que vos indicará tudo o que tendes a fazer.


Quero que aprendais, que procureis instruir-vos. Não penseis que já sabeis tudo e que estais aptos para a luta. Ninguém está apto. Sois como crianças fracas, impotentes, diante de tal inimigo. Eu, só Eu, dar-vos-ei as armas com que lutareis. Fortalecerei o vosso braço. Iluminarei a vossa inteligência.


Mas primeiro é preciso que vos reconheçais indigentes, pecadores, fracos, junto de Mim. É preciso que vos acerqueis de Mim com humildade e amor, procurando viver em intimidade coMigo. Perguntai-Me onde mor. Logo vos responderei: “Vem e vê”. E vos conduzirei à minha morada, onde desejo viver convosco. Esta morada é a vossa própria alma, o fundo de vós mesmos. É aí que estabeleci a minha casa. Vinde viver coMigo. É tão perto! Não custa nada. Só um pouco de recolhimento, de humildade e confiança. Eu farei o resto.


Dai-Me as vossas almas. Eu sei que são pobrezinhas e pecadoras, mas não vos preocupeis. Desde que façais o que vos digo, que não ponhais barreiras à minha acção com a vossa pequena inteligência e não vos convençais de que podeis e sabeis alguma coisa, então tudo está bem, pois Eu encontro prazer em habitar em almas humildes, desejosas de Me agradar.


Vivei neste humildade e neste desejo, e habitarei em vós. Se Me amardes assim, também vos amarei e farei em vós a minha morada, o meu Céu.


 Sereia as minhas delícias, almas pobrezinhas, porque em vós arde a minha luz. Eu levar-vos-ei à vitória. Serei o vosso Tudo e vivereis no Meu Reino de Glória.


 



                   PURIFICAÇÃO



 “Derramarei sobre vós uma água pura que vos purificará de todas as imundícies e de todas as abominações. Tirar-vos-ei do peito o coração de pedra, e dar-vos-ei um coração de carne .Dentro de vós meterei o Meu Espírito, fazendo que obedeçais às minhas leis e sigais e observeis os meus preceitos. Sereis o meu povo e Eu serei o vosso Deus” (Ez 36,25-28).


“Como está o teu coração, alma minha filha? De pedra e de pedra muito dura. To mo deste, mas não te conseguiste desapegar dele. Vezes sem conta o vens buscar, para fazeres o teu gostinho. Mais mortificada aos teus próprios gostos Eu te queria, pois só assim poderei cumprir totalmente a minha promessa de te tirar do peito o coração de pedra e o substituir por um coração de carne.


Sabes que Eu tenho poder para o fazer por Mim próprio quando quiser, mas não o quero fazer senão contigo. Nunca quero violentar a tua vontade. Por isso, só trabalharei em ti, se trabalhares coMigo, embora a proporção de trabalho não seja a mesma. Basta que te esforces por trabalhar como uma migalha e Eu trabalharei como uma montanha.


Tantas promessas te faço! Quais são as tuas? Reparaste no que te prometo? Nunca pensas bem nas graças que recebes e muito menos nas que irás receber. Achas isso normal, mas não é, e vou explicar-te porquê.


As graças que não recebeste ainda, não podes pensar nelas, dizes tu, porque não sabes quais são. E para que queres saber? Isso não é necessário. Pensa nelas sem saberes quais são. Pensa que tenho graças para ti e que te deves preparar. É preciso que faças essa preparação, mas para a fazer é preciso pensar nisso. Não te preocupes com o que é. Prepara-te apenas com um recolhimento, uma humildade, uma disponibilidade cada vez maiores.


Prometo-te a água da purificação, mas para a derramar em ti é preciso que te sintas necessitada dela. Não a derramo em quem se sente perfeito, embora esse tenha mais necessidade dela do que ninguém.


Vê se o teu pecado não será o desconhecimento da tua malícia, desconhecimento voluntário, feito de dissipação e arrogância.


Já diz a Sagrada Escritura: “O justo peca sete vezes ao dia”. E tu és alma justa? Pecas sem dúvida, muitas vezes mais, mas normalmente ligas muito pouco às coisa pequenas. A água purificadora começa justamente por apurar o sentido da pureza interior. Enquanto não te sentires um monturo de iniquidade diante de Mim, não estarás apta para avançar a precisas muito, mesmo muito, desta água.


Pede-Me muito que apure o teu conhecimento sobre ti própria, que derrame sobre ti a Minha Água purificadora, pois só os puros poderão comparecer diante de Mim.


Se Me amasses muito, não acharias pequeno, digno de esquecimento, coisa alguma que Me magoasse.


Mas longe de ti cair no extremo oposto, em escrúpulos e desconfianças. Tudo tem um meio termo, mas o que te quero dizer é que a confiança na Minha Misericórdia não anula o conhecimento e a dor dos pecados, mesmo os que são designados pequenos e até das imperfeições consentidas.


Eu te purificarei quando mostrares necessidade, de ser purificado. Vê como deves sentir essa necessidade diariamente, até muitas vezes ao dia. Se não te dás conta é porque não andas atento, é porque és uma alam dissipada e longe de Mim. À minha Luz vêem-se as menores imperfeições. Quanto mais te aproximares de Mim, melhor verás à minha Luz.


Procura aproximar-te, estar presente a Mim. A Minha luz incidirá sobre ti e verás bem em ti próprio. Deixarás de ver as palhas no olho do teu irmão, porque estarás ocupada com as tuas traves.


Então Me pedirás sem cessar que te purifique. Eu te purificarei, e farei mais, cumprirei as minhas promessas. Mandar-te-ei o Meu Espírito e obedecerá às minhas Leis. Dar-te-ei força para fazeres o que quero de ti. Dar-te-ei as forças que tenho reservas à espera desse dia. Esse dia… Não é um dia definido. É uma sucessão de dias em que Eu te quero ir aperfeiçoando, purificando, agraciando.


Serás o Meu povo, é a Minha promessa. Podes ter a certeza de que a cumprirei. Sabes o que é ser o Meu povo? O povo é o agregado a que cada um pertence. Todos têm de ter um povo. Quem não pertence a um povo, é um ária, um segregado, expulso da sociedade. Portanto, ser de um povo é a primeira necessidade de todo o homem inteligente.


Quero que sejas o Meu povo, aquele povo que á Meu, ao qual pertenço e Me pertence.


Mas para seres o Meu povo, tens de esquecer o teu povo, aquele a que tens pertencido, aquele povo que te povoa que povoa a tua cabeça, os teus sentidos, a tua imaginação.


Lembra-te das Sagradas Escrituras: “Esquece o teu povo e a casa de teu pai…” diz o Salmo. Sim quero que esqueças tudo o que tem feito parte de ti e não é totalmente meu. São “o teu povo e a casa do teu pai”.


Quero que venhas a Mim sem nada do “teu povo”, em total esquecimento da “casa do teu pai”. Não tragas de lá as riquezas que te adornavam. Vem em pobreza absoluta e Eu te enriquecerei. Vem pobre e tornar-te-ei rica, pequena alma. “Eis que o Rei cobiça a tua beleza”.


Beleza não tens, a não ser a da tua miséria. É uma beleza selvagem, mas entrega-ma sem receio. Eu a transformarei e tornar-te-ei bela. Oferecer-te-ei as minhas jóias. Serás o meu povo, o povo que Me pertence. E tudo o que é Meu será teu.


Estas são as minhas promessas. Volto a perguntar-te: quais são as tuas? É preciso que as faças de vez em quando, que as renoves, pois é muito fácil para ti esquecê-las. Põe-nas “como um sinete no teu coração”, e faz coMigo uma aliança eterna.


Serás o meu povo, o povo ao qual dou tudo. Serei o teu Deus, o Deus pelo qual darás tudo.


Darás tudo e terás tudo. Terás tudo das minhas riquezas.


“O Rei cobiça a tua beleza” e fará de ti rainha.


Não tenhas saudade do teu povo nem da casa de teu pai. Eu serei o teu povo. Eu serei o teu Pai. Eu serei o teu Deus.


Vivificada pela luz do Meu Espírito, cantarás em eterno júbilo o cântico novo, no País da Glória, que será o teu país, pertinho de Mim, tão perto quanto tu o quiseres a gora.



 


VIGILÂNCIA 



“Se Me amais, guardareis o Meus Mandamentos. E Eu pedirei ao Pai, que vos dará outro Consolador, para estar convosco para sempre, o Espírito da Verdade, que o mundo não pode recebe, porque habita convosco e está em vós” (Jo 14, 15-18).


Amas-Me? Guardas ao Meus Mandamentos, os Meus preceitos? Cumpres sempre o que te peço?


Vê se muitas coisa não ficam no esquecimento, como emboloradas no fundo das gavetas que tens em ti próprio. Vê se todas essas gavetas, esses cantos não precisarão de uma profunda limpeza.


Essa limpeza não a sabes tu fazer com correcção, mas pede-Me e Eu a farei. Entrega-te a essa acção que hei-de manifestar através de vários acontecimentos, de palavras de irmãos, de leituras, de toques íntimos.


Procura usar as tuas forças, a tua inteligência, para colaborar e descobrir tudo o que precisa de ser arejado, devidamente limpo ou até substituído.


Amas-Me? Então entrega-te a esta acção, sem pena de ti, com honestidade, como se não te doesse. Sim, porque sabes que estas operações de limpeza, por vezes doem, humilham bastante.


Eu te mostrarei muitas coisas que pensavas estarem e que afinal estão mal, coisas que pensavas fazer por Mim, mas que fazes por ti.; coisas que deviam ser feitas por espírito de amor, mas que são feitas para serem vistas pelos outros; coisas que parecem ter valor, mas que nada valem a meus olhos. São como castanhas, bonitas por fora , mês chochas por dentro.


Alma, minha filha, entrega-te ao exercício da humildade, para poderes avançar em espírito de amor.


A humildade é a base de tudo. Sem ela nem o amor vale, pois até no amor que se pensa ter por Deus, se pode meter o amor próprio.


Podes pensar que amas a Deus, porque esse amor te promove. Verifica bem em ti qual é a satisfação que sentes com tudo o que é espiritual. Receia essas satisfações. Por vezes são mais fruto de temperamento do que da minha graça.


Humilha-te muito ao recebê-las, porque não sabes de onde provêm.


Humilha-te, porque não sabes se tens capacidade para as receber.


Humilha-te porque não és merecedora de tais graças.


Humilha-te, pois é fácil a alma elevar-se, encantada com as graça que recebe e convencer-se de que vale alguma coisa.


Humilha-te, porque assim és distinguida, enquanto outros mais dignos não as recebem.


Humilha-te, enfim, porque não sabes agradecê-las e corresponder a elas devidamente.


Receia sempre ser ingrata.


Não é fácil viver bem no meio de facilidades, mesmo que as facilidades sejam só a nível espiritual.


É preciso um intenso exercício de humildade, para a alma não se deixar cegar, dominar por essa facilidade.


Não há caminhos fáceis. Há alturas de sofrimento maior, mas, mesmo quando o sofrimento é menor, o caminho não é mais fácil. Parece ser mais fácil, mas esconde outras dificuldades, às quais é preciso estar muito atento. Para isso é preciso o exercício da humildade e da união coMigo.


Vigia os teus sentimentos quando te dizem palavras agradáveis, seja pelo que for, e procura sempre evita-las antes de serem ditas.


Depois de serem ditas, refere-as simplesmente a Mim, à minha acção… e tira-as do pensamento.


Não te ponhas a dizer: “Não é verdade, não sou  isto, não valho aquilo”. Isso á falsa humildade e pode apenas servir para que os ouros te louvem mais, agora a tua pretensa humildade, que provavelmente só se manifesta esperando louvores, cobrindo com a sua capa o mais refinado orgulho.


Evita sempre que se manifestem a teu respeito. Mantém-te simples, fazendo o que deves, mas não dando passos sem Mim, nem para sees vista, seja por quem for.


Nunca fará coisa alguma com o intuito de ser vista. Evitarás fazê-lo se não for necessário ou se suspeitares que tal pode gerar admiração por ti. É preferível não fazer, do que fazer por amor próprio.


O mundo não conhece nada disto. Por isso, muitas vezes passaras por comodista ou desinteressada. Não te desculpes. Deixa passar.


Secunda a minha acção, procurando que não se repare em ti mais do que aquilo que Eu próprio mostre de ti. Nunca poderás passar totalmente despercebida. O Espírito Santo é fogo que se manifesta naqueles que Ele habita. Ele dirige e mostra-Se através de vós, quando não Lhe formais barreiras.


Isso quero de ti. Não formes barreiras à Sua acção e Ele te ensinará tudo, dirigir-te-á e manifestar-Se-á em ti, segundo a Sua própria Vontade, nunca segundo a tua.


Por vezes terá de te calar, quando gostaria de falar bonito; outras, terás de falar, quando mais te agradaria ficar calada. Não sigas os teus gostos. Segue as inspirações do Meu Espírito e estarás segura, no verdadeiro caminho de humildade e de verdade.


Não receies enganos. O Espírito Santo é Espírito de Verdade. Ele mostrar-te-á a verdade e não te deixará enganar. Fará ouvir em ti e através de ti, a Sua voz de Verdade e de Amor.


Se fizeres a Sua Vontade, se deixares que te dirija e não procurares ser tu a dirigi-lO, viverás segura na Sua Luz e, mesmo que tudo se levante contra ti, estarás segura sob a Sua protecção.


 



ORAÇÃO 



“Ao chegar o dia de Pentecostes, ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar outras línguas, conforme o Espírito lhes dava que se exprimissem”  (Act 2, 4). 


Alma, minha filha, presta atenção. Os meus Apóstolos no dia de Pentecostes receberam o Espírito Santo. Eles esperavam-nO e preparavam-se para O receber, através de intensa oração, embora não soubessem como se manifestaria. Simplesmente, esperavam confiantes.


Mantinham-se escondidos, com medo, e Eu, que sei tirar proveito mesmo do que é menos bom, desde que a pessoa não seja capaz de fazer melhor, aproveitei esse medo para os manter reunidos, e não os deixei separar, dispersando-se pelos caminhos e pelos cuidados terrenos.


Ficaram reunidos e oravam para que viesse o Consolador e os tirasse daqueles apuros. Eles não sabiam como Ele os defenderia, como os ajudaria,  mas oravam com muita confiança nas minhas promessas, no Meu Amor, no Meu Poder. Sabiam que Eu não os esqueceria, que cumpriria o prometido. Por isso esperavam, reunidos, perseverantes na oração, esquecidos de outros cuidados.


Chegando o dia de Pentecostes estavam prontos, maduros para a graça.


É este o quadro que se te deve apresentar com frequência: os discípulos reunidos com Maria em oração.


Foi Ela que os manteve reunidos. Foi Ela que lhes deu esperança, que lhes comunicou a sua forma de orar, o seu recolhimento.


Aprende deles. A oração é de uma importância vital para a vida da alma. Quem faz pouca oração não progride, não se põe em posição de aproveitar toda a luz, todas as graças que o Espírito derrama.


Nunca é demais recomendar oração, oração vinte e quatro horas por dia.


Não te fies nunca na teoria de que o trabalho é oração, de que o desejo de fazer a Vontade de Deus é oração e a substitui. Tudo isso é útil e válido, mas não substitui a oração consciente de união coMigo.


Esta oração deve manter-se todo o dia. Deves fugir às dissipações e manter-te em clima de oração em qualquer lado. Todos os movimentos que produzem faltas involuntárias, os tais movimentos de surpresa, são frutos da dissipação. Quando tal te acontece, verifica se momentos antes estavas coMigo, ou andavas por aí, de pensamento disperso, talvez até remoendo algum agravo que o próximo te fez.


Habitua-te aos poucos, a cortar com todos esses pensamentos. Tudo o que não Me pertence deve sr banido do teu cérebro. Pensamentos vadios nunca levam a nada. Pensamentos sobre ti próprio levam à vaidade. Pensamentos sobre o próximo, se não forem de caridade e de compaixão, servem para tornar a tua alma turva, para te dar má disposição e te predispor para as tais surpresas, que não tardam a aparecer em tão bom clima para elas.


A oração nunca é demais. Fala-se em uma duas, três horas de oração diária, conforme as pessoas. Eu falo-te em vinte e quatro horas de oração.


Não penses que é impossível. Não parece ser possível é uma pessoa rezar duas ou três horas por dia e esquecer-Me nas restantes.


É bom que tenhas horas de oração sem mais nenhuma ocupação, mas isso não +e sempre possível para toda a gente, dada a espécie de vida e de trabalho que lhes dou.


O que é preciso é rezar em todas as circunstâncias: em cãs, no trabalho, na rua, sempre. Por que será que o pensamento é aquilo que mais recusam dar-Me?


Toda a gente vem com a teoria de que tal não é possível, porque não podem dominar, e nem sequer se faz esforço para isso.


Não vos esqueçais de que, quando tiverdes feito todo o vosso possível, Eu farei o resto, mesmo que o resto seja praticamente tudo.


Nunca exigiria a ninguém que fizesse o impossível, mas exigi e exijo que façam o que podem e, neste aspecto, fazeis sempre muito pouco.


Existe em vós um grande sentimento de comodismo no que diz respeito aos vossos pensamentos. Eu quero-os. Quero que mos deis. Quando tudo fizerdes a este respeito, Eu transformarei o vosso coração e tornar-vos-ei almas de oração contínua, como desejo que sejais.


Vigia portanto os teus pensamentos. Corta tudo o que vires que neles não é de modo a agradar-Me. Corta tudo o que neles te leve à vaidade, ao culto do teu “eu”, à satisfação pessoal ou a remoer sobre o que o próximo é ou sobre o que te faz. Deixa tudo isso coMigo, e pratica um acto de fidelidade, afastando-os de ti.


Quando as preocupações te rodearem, foge para Mim. Se insistirem em perseguir-te, insiste mais em te agarrar a Mim, através da oração mais atenta, estejas onde estiveres.


Pois se estás a trabalhar e te sentes preocupado, é porque o teu cérebro tem capacidade para se ocupar de mais alguma coisa, além daquilo que fazes. Então ocupa-te coMigo.


Assim não terás surpresas e manterás a paz, aquela paz que é também um fruto do Espírito Santo.


Mantém a tua oração. Terás tempos fortes, e não deixarás, seja pelo que for, que te sejam tirados. Quero que à noite verifiques se os tiveste durante o dia, ou se só rezaste aqui e acolá, a correr, como quem cumpre uma obrigação aborrecida, para à noite já estar livre.


“Livre à noite”, como é possível desejá-lo?


A noite é o tempo da calma, da paz, das confidências. Eu gosto muito das confidência nocturnas.


Todos os meus santos praticaram estas confidências nocturnas. Não quero excessos e quero que tenhas descanso suficiente, mas procura à noite dar-Me, nem que seja meia hora do teu tempo.


Oração, oração, nunca é demais insistir. Não a delimites. Semeia-a nas tuas horas, nos teus minutos. Eu farei florescer essa semente e transformarei a tua alma num lindo jardim. Não te preocupes se demorar a florir. Eu às vezes mando Invernos muito prolongados.


Cumpre-te só semear. Semeia-te de oração. Florescerás no Amor à luz do Meu Espírito, que te inundará. E então, no teu jardim florescerão as flores da caridade, de que o próximo se poderá aproveitar largamente.


Por que é que agora, quando deverias dar flores aos teus irmãos, só encontras espinhos no teu jardim? Porque as flores são poucas e as reservas para os amigos. E os outros, os que se mostram menos amigos ou te dizem coisas desagradáveis? Para esses só encontras espinhos. Porquê? Porque o teu jardim não está cultivado. Enquanto não for bem cultivado apresentará esse aspecto de pobreza e de abandono, onde só se encontram uma poucas flores raquíticas.


Só Eu cultivo. Cultivo-te através da oração. Entrega-te a Mim e ao meu trabalho generosamente. Não Me regateies os momentos do teu dia, e serás tu a primeira a ser beneficiada. Depois, muitos a quem quero fazer bem, mas através de ti. Não atrases os teus irmãos, atrasando-te.


Sê diligente, fiel, atenta. Vem a Mim constantemente, generosamente.


Dá e receberás. Dá-te e receber-Me-ás. Comigo tudo te será fácil. Como os meus Apóstolos, cantarás o teu Pentecostes e converterás mais de três mil.


A oração também te servirá de defesa pessoal. Presta atenção! O que te parece estar calmo e sossegado, está muito activo, só à espera dos teus descuidos para te apanhar. Não descuides a tua união coMigo. Dela depende muito a tua defesa.


Presta atenção aos teus Anjos. Eles têm muito trabalho contigo. Procura a prender. Pede-lhes conselho. Vê como tens muita ocupação para as tuas horas.


Não te distraias. Precisas de estar atento por ti e pelos que a ti recorrem.


Mantém-te na luz do Meu Espírito, que te será dado sem medida, se souberes dar-te sem medida, sem cálculos, sem recuos, sem hesitações.


 



A NOSSA MEDIDA 



“Quando isto ouviram, baptizaram-se em nome do Senhor Jesus. E tendo-lhe Paulo imposto as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo e começaram a falar em línguas e a profetizar. Eram ao todo uns doze homens” (Act 19, 5-7).


          Os homens de Éfeso não tinham recebido o Meu baptismo, mas o baptismo de João. Eram ignorantes, mas não tinham culpa disso. Ouviam Paulo e eram ávidos de aprender. Eram homens de coração aberto, prontos a receber a Minha Palavra, os Meus ensinamentos, através do Meu Apóstolo. Por isso, receberam todas as graças de que precisavam. Eu nunca nego aquilo de que precisais, se tendes vontade de receber e se procedeis como estes homens, com diligência, honestidade e amor.


Por isso eles receberam o Espírito Santo, pela imposição das mãos de Paulo. Não foi um ritual obrigatório para Mim, porque cada um recebe não em proporção com o que merece, mas com o que precisa e com a sua entrega pessoal.


Foi nessa altura e será agora. Uns recebem mais, outros menos. A medida é sempre vossa, nunca minha. O Espírito dá-Se sem medida. A medida sois vós. Se a medida é pequena ou já está cheia de outras coisas, não poderá levar muito.


 Experimenta encher de pedras uma vasilha e depois mergulha-a no mar. A água rodeia-a por todos os lados, mas não pode entrar uma grande porção, porque a vasilha está cheia. E se a vasilha estiver tapada nada entrará.


Experimenta agora mergulhar a vasilha, completamente vazia, e vê como a retiras transbordante de água.


Toma isto como teu exemplo. Quanto mais vazia, mais disponível, mais receberás. Trata de fazer em ti uma grande capacidade. Deixa que te ajude nesse trabalho. Eu te explicarei, instante a instante, a forma de o conseguires.


Terás de tirar de ti as coisas que te enchem: os teus gostos próprios, as tuas ideias próprias, as tuas satisfações, o culto do teu “eu”, tanta coisa de que gostas e de que não te privas. Deixa que Eu te esvazie de todas essas pedras que te pesam, te enchem, ocupam em ti imenso lugar.


Quando alguma coisa te der satisfação, vê se te é necessária para o desenvolvimento do teu trabalho, para uso dos teus irmãos, para a tua saúde física ou espiritual. Se vires que a necessidade dessa satisfação não é grande, prova-te dela. Verás como essa privação te alivia.


Mais rapidamente ainda te deves livrar daquilo que vês que te afasta de Mim, te dissipa, te faz perder tempo inutilmente.


 A respeito de gostos, presta atenção àquilo que comes. Nem sempre é preciso aquilo que te dá prazer. Se é preciso, talvez possa ser substituído pelo que, com iguais propriedades, não agrada tanto.


Se fores fiem em seguir as minhas indicações, apurarei o teu sentido de detectar cada dia novas coisas que podes dispensar, até te encontrar a meu gosto, bem vazia para eu encher, bem pobre para Eu enriquecer.


A capacidade não se forma só de privação e nem sequer desejo que te prives de tudo o que  pode ser para ti motivo de satisfação. Longe disso! Quero-te alma sempre muito satisfeita, porque o que te darei a cada instante te satisfará inteiramente. Também não te quero preocupada com esse assunto, sempre em busca de formas de privação. Deixa isso coMigo e Eu te mostrarei o que quero de ti na altura certa.


O teu trabalho será só ser fiel, que Eu te mostrarei o que quero.


Quero-te sempre em paz, livre na tua obediência às minhas inspirações. Repara que não te quero obrigada, nem aceito presentes feitos com má cara, só por obrigação.


Amo as pessoas generosas, as que dão com alegria, sem que a mão esquerda saiba o que faz a direita, que se perfumam com o perfume da alegria quando jejuam, que logo esquecem o que Me dão, mas que não se esquecem daquilo que lhes dou. Esses são os meus servos fiéis, a quem não sei recusar nada. Desejo muito que faças parte do seu número.


No entanto repara que já te disse que a capacidade não se faz só de privação. Isto é só o começo. A capacidade forma-se também pelo exercício da caridade.


Não imaginas como se alargam as paredes da tua vasilha quando praticas um acto de caridade. Repara durante o dia, fica atenta aos actos de caridade que se te apresentam, e repara também nos actos de comodismo que vais fazendo. “Agora, porque não me apetece fazer isto, depois porque fazendo sentado é melhor, mais tarde… faço primeiro aquilo de que gostas mais… isso afinal não fiz, fica para amanhã… essa pessoa faço de conta, por educação, mas…” e quanto mais!


Se andares atento, verás que o teu comodismo se multiplica como grãs de areia. Alguns são pequeninos e a eles já estás habituado.


O comodismo é um grande inimigo da caridade. Pode crescer o que a pessoa deixar, mas normalmente nunca é demasiado grande, porque se torna notado e a pessoa se envergonha perante a sociedade, à semelhança das pessoas mais pesadas que procuram emagrecer, para serem mais apresentáveis.


O comodismo moderado ou até pequeno, é extremamente perigoso, porque não dá nas vistas e subtilmente prejudica a caridade, fazendo com que não dês tudo aquilo que tens para dar. E aí ficas tu com pedras e pedrinhas a encher a tua vasilha.


Deita fora essas pedras, dá tudo, esvazia-te do comodismo, anda para a frente, mesmo naquelas alturas em que apetece fazer menos, porque estás aborrecido, porque está frio ou porque está calor.


Na frente do dever que se apresenta não pares para escutar-te, para escutar as lamúria do teu “eu”. Faz primeiro o que te apetece fazer depois ou deixar para amanhã. Combate o comodismo com a mortificação. Sê activo a deitar fora tudo o que amolece e te dobra sobre ti próprio.


Por certo, esses homens a quem Paulo impôs as mãos, eram homens vazios. Tinham recebido o baptismo de João, que era o baptismo da penitência e esvaziaram-se. Ficaram prontos para o Meu Baptismo, para serem baptizados em Meu Nome.


Também quero de ti penitência. Penitência, sim, mas uma penitência livre, feliz, feita de amor e de doação aos irmãos, uma penitência sempre feita de cara alegre, uma penitência como Eu gosto, aquela em que nem se repara. O próprio logo a deve esquecer e os outros nem dela devem ter conhecimento.


Procede de forma que o teu próximo pense que és a pessoa que menos se mortifica e a quem Eu menos dou a sofrer.


Procura que seja só Eu a saber o que se passa. Deve desagradar-te muito que os outros reparem na tua mortificação, e dá por perdido, se por tua culpa o vêm a saber, aproveitando isso para te humilhares perante Mim.


Usa todos os estratagemas para guardares esse segredo. O mais correcto é o sorriso.


Se, apesar dos cuidados o vierem a saber, não te preocupes. Entrega-Me isso e tira-o logo do pensamento, não venha a prejudicar-te pela consolação do amor próprio.


Isto é muito custoso para ti? Nada te será custoso se estiveres bem unido a Mim. Segue a linha da fé, da humildade e da oração.


 Comigo tudo te será fácil. Se Me amares muito, dar-Me-ás muito e não te custará nada.


O que custa, só custa na proporção da falta de amor, pois as dificuldades no Meu serviço estão sempre na razão inversa do amor que Me tendes.



CARIDADE 



“O fruto do Espírito consiste em Caridade, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio de si” (Gal 5, 22-23). 


Alma, minha filha, entrega-te à Minha Luz, à Luz que te traz o Espírito Santo.


Não receies que te deixe só, porque nunca o farei. Até quando Me calo e te deixo com as tuas interrogações, não te deixo abandonada e ilumino a tua inteligência.


Eu sei e tu também o sabes, porque to mostro muitas vezes, que nada podes sem o meu auxílio. Tudo o que fazes de bom vem de Mim. A tua confiança vem de Mim, toda a tua união coMigo vem de Mim.


Se te deixasse só, não subsistirias, nada subsistiria em ti, nem fé, nem confiança, nem amor. Ficarias mergulhada na tua miséria natural, entregue ao maior desespero, nas mãos do inimigo que tu sabes que tens.


Se deixasse de apoiar a tua vida, regressarias imediatamente ao nada.


Mesmo quando pareço não te escutar,, escuto-te ainda com mais atenção, porque nessa altura se apura a voz da tua oração, que se torna como um canto extremamente agradável aos Meus ouvidos.


Vê como nessas alturas te deves apurar, não lamuriar, proceder com valentia, a fim de te tornares cada vez mais agradável a Meus olhos.


Repara que Eu sei que é a altura méis difícil para isso. Sei-o muito bem, e é por isso que não deixo de te apoiar mais do que nunca. Só que tu não o sentes, porque Eu não deixo a tua sensibilidade sentir-Me.


Ao mesmo tempo, o teu inimigo, que não perde uma ocasião para te prejudicar, aproveita para lançar os seus ataques contra ti, visando sempre a esperança em primeiro lugar.


Deverás ter, nessas alturas, muito cuidado e fixar bem em ti que é quando estou mais cuidadoso contigo e quando os Meus olhos não te largam um instante.


É preciso que procedas com muito amor. Todas as alturas são alturas de amor, mas mais que nunca, nas alturas em que pareço deixar-te. É preciso que então demonstres mais amor.


Não ligues ao que te apetece. Apetecer ou não apetecer não deve contar para ti. Quero que te esqueças e nessas alturas só te lembres de Mim.


No trato com os teus irmãos também te deves esquecer e atendê-los com toda a atenção.


Se usares de muita caridade, não te fixarás em ti. É isso que Eu quero: Não te fixes em ti. Para o conseguires, o melhor caminho são as obras de caridade.


Quando dás atenção ao irmão, esqueces os teus próprios problemas. Aí, a Caridade está a aliviar-te a ti próprio. Deixarás de estar mergulhado em ti, mergulharás em Mim, nas companhia do teu irmão que sofre.


Nunca pares a reflectir se o que te contaram são lamúrias, coisas sem importância, perante aquilo que tu talvez estejas a sofrer.


Procede como um profissional, que deixa os seus problemas à porta do emprego, para se dedicar totalmente ao seu trabalho e aos problemas que lhe são inerentes.


Isso quero de ti. Transforma-te num profissional da caridade. Lembra-te de que os profissionais procuram sempre valorizar-se para poderem realizar melhor o trabalho que fazem. Também quero que assim procedas. Eles fazem cursos, estudam, vão a congressos. Igualmente deves estudar. Igualmente deves estudar, frequentar cursos e retiros, procurar sempre aprender mais, convencida de que sabes sempre pouco, em comparação com o muito que há a fazer, e que deves tentar realizar sempre o melhor possível. Trata-se de um trabalho importante, que tu deves procurar fazer sempre da melhor maneira e sempre com o maior interesse.


O exercício da caridade leva-te longe e exigirá de ti cada vez mais desprendimento. Nunca digas que não podes. Podes sempre tudo coMigo. Nunca fales com alguém com sentimentos de fastio. Quero ver sempre em ti sentimentos de carinho para com todos os que de ti se acerquem. Quero que vejas todos como meus filhos muito queridos, que ponho junto de ti para que os ajudes.


 Que pensarias de alguém a quem pedisses para ajudar os teus filhos e o fizesse sem vontade, até com aborrecimento? Com certeza não terias vontade de lho pedir outra vez.


Quero ver em ti um interesse sempre renovado pelos interesses e problemas dos teus irmãos. Não um interesse de curiosidade, mas de amizade, de compaixão, de caridade, que é a Minha Caridade, esse fruto do Espírito Santo, que tenho o maior interesse em ver desenvolver em ti.


Para isso é preciso que trabalhes. Eu só trabalho de colaboração contigo, já sabes.


Todo o trabalho requer esforço e, por isso, é preciso que te esforces.


Esforça-te por manter o sorriso, atender todos com paciência e verdadeiro interesse. A tua paciência… como está ela? Foi sempre tão pequena! Tiveste sempre tanta facilidade de irritação!


Lembra-te de que só quando usares de caridade te será possível usar de paciência e apurá-la. Sem caridade, a paciência torna-se desnecessária, inútil e hipócrita. Então mais vale não usar dela e, pela sua impaciência, a pessoa mostrar o que é, para os outros não esperarem dela o que ela não tem para dar.


Entrega-te de coração ao exercício da caridade e o fruto da paciência te será dado, de mistura com os outros, principalmente o da alegria.


Sabes que podes ser alegre mesmo no meio do sofrimento? Si, sei que sabes. Já o experimentaste, embora poucas vezes, e essa experiência deixou em ti o bom sabor de  uma grata recordação.


Então por que não voltar a sentir esse gosto bom? Sim, conseguirás, sou Eu que to prometo. Conseguirás, e não só uma vez ou outra, à custa de um certo esforço, mas sempre. Prometo-te a alegria, não alegria ruidosa do mundo, que não é alegria, mas manifestações nervosas de prazeres nem sempre bons.


A tua alegria será minha alegria, a alegria que dei aos meus santos, alegria que é feita de paz e de benignidade, alegria que é a manifestação do Meu Espírito. Gozarás dela sem precisares de te esforçar, de lutar com sentimentos de tristeza.


Serão outras as tuas lutas. Nelas terás também o domínio de ti.


Já te prometi as Minhas jóias. Agora digo-te que são estas as jóias a que Me referia. Estas jóias são minhas e quero dar-tas, para que te enfeites com elas, para que fiques a parecer-te com Tua Mãe.


Sim, quero-te tão parecida que quem te veja a ti veja a Ela.


Ela foi agraciada com todos os dons possíveis a Deus. Nasceu Imaculada, foi cumulada de graças toda a vida. Aumentou-as pelos seus méritos pessoais. Foi sempre, realmente cheia de graça. Os frutos do Espírito Santo nasciam nela sem esforço, porque estava cheia da Sua seiva. O Espírito Santo sempre encontro nela as Suas delícias e, deleitando-Se, nela permanecia.


Pede-lhe a Ela que te mostre a forma como atraia o Espírito Santo, que te perfume com a fragância com que O deleitava, que te embeleze da forma que a Ele agrada, para que em ti permaneça


Então os Seus frutos nascerão em ti sem esforço. Verás coroados de êxito os esforços que fizeste para Lhe agradares.


Permanece em companhia desta Mãe sempre que quiseres a acção do Espírito Santo, porque Ele está sempre junto dela. Se O quiseres sempre, fica aí, junto dela, aprendendo dela essa ciência divina que se chama Amor.



 


POBREZA E RIQUEZA



 “Há, pois, diversidade de dons gratuitos, mas é o mesmo Espírito; há diversidade de serviços, mas é o mesmo Senhor; e há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. A cada qual, porém se concede a manifestação do Espírito, em ordem ao bem comum…” (I Cor 12, 1-11).


           Todos os dons vos são dados, se quiserdes pedi-los.


Alma, minha filha, não sejas pobre a pedir. Não te acanhes nunca de pedir. Lembra-te de que são os que mais pedem, aquele que mais recebem. Eu sou rico, muito rico. Dou sem medida, porque sou infinitamente generoso. Pede sem medida e receberás sem medida.


Mas repara que, para pedir, não deverás usar só os lábios. É principalmente o coração que pede. Que adianta pedires uma coisa, se o coração desejar outra? Eu olho mais para o coração do que para os lábios. Pede com o coração. Deseja largamente e receberás largamente. Tornar-te-ás alma rica das minhas riquezas ilimitadas, se não puseres limite aos teus pedidos.


Há casos em que só poderás pedir com os lábios. São quando, em momentos de aridez muito profunda, a tua sensibilidade se fecha, se retrai e parece já não crer, já não amar. Mesmo assim ainda tens a tua vontade que pode secundar os teus lábios. Nessas alturas, que não são muito frequentes, procura apoiar o que os teus lábios dizem, na tua vontade. E se a tua vontade estiver tão atacada que começa a fraquejar, apoia-te na Minha Vontade e lança-te, sem temor, de olhos fechados, naquilo que ela te indica, ainda que não entendas, ainda que tua sensibilidade nada sinta, ainda que sofras.


Dá-Me nessas alturas a maior prova de confiança, que é confiar cegamente, sem o apoio da tua razão.


Dá-Me o teu amor, quando o coração estiver seco para amar, dá-Me a tua fé, quando não vires nenhuma luz no teu caminho.


Eu tomarei a direcção da tua barca. Não tenhas medo do escuro. Fecha os olhos e lança-te sem temor nos Meus braços. Nunca é demais a confiança que poderás ter em Mim, e Eu nunca defraudarei, nunca desiludirei essa confiança.


Os Meus braços estão sempre abertos para ti e acolhem-te quando neles te lanças sem temor.


Afasta para longe de ti todo o medo, todo o temo todo o receio pelo que te possa suceder, por causa daquilo que os outros pensam ou possam vir a pensar, daquilo que os outros dizem, daquilo que te fazem ou podem vir a fazer. Comigo tu és mais forte do que tudo isso, do que todas as criaturas que te queira


Mas atenção! Lembra-te de que te disse: Comigo. Sim, só coMigo serás mais forte. Se tentas caminhar sozinha, proceder por tua iniciativa, fazer a tua vontade, seguir os teus impulsos, esses impulsos que te vêem não sabes de onde, que te parecem lógicos. Se procederes assim estarás sozinha, indefesa, nas mãos de qualquer inimigo que te queira apanhar.


Não largues nunca a Minha mão. Apoia-te só e unicamente na Minha Vontade, que te manifesto de muitas maneiras.


Não feches os ouvidos às minhas manifestações. Nem sempre as receberás de maneira nítida. Em algumas alturas pode ser através de leituras, de conselhos, de acontecimentos. É preciso que estejas sempre muito firme no desejo de Me agradar, de fazer a Minha Vontade, para conseguires entender e seguir aquilo que Eu quero, em todas as ocasiões.


Não receies. As ocasiões difíceis não são muito frequentes. São crises passageiras que servem para apurar a tua fé, a tua esperança e para te encher de Amor.


A luz do Meu Espírito te iluminará, e não deixará perder quem tem o desejo sincero e permanente de Me pertencer, de fazer a Minha Vontade em tudo.


Lembra-te sempre de não fazer refolhos nem pregas na tua alma, na Minha Presença, pois a Mim nunca conseguirás enganar. Qualquer alma pode fechar-se, esconder-se, enganar um irmão. Para Mim é sempre um livro aberto. Envergonha-te se procuras curvar alguma folha deste livro, para Eu não ver. E lembra-te de que é trabalho inútil.


Alma, minha filha, pede. Que queres tu? Tenho as mãos cheias de dons para ti. Que pena sinto, porque os meus filhos Me pedem pouco. As riquezas transbordam das Minha mãos, mas os meus filhos preferem pegar no que não presta, em bijuteria, e, quantas vezes, é da lama que tentam tirá-la, sujando-se e afundando-se com o objecto que vai penetrando cada vez mais nesse lodo, levando-os atrás.


Dou-te todas as minhas riquezas, se mas pedires. Anseio cobrir-te com as minhas jóias. Pede-Me os meus dons e tê-los-ás em profusão.


Mas não te esqueças nunca de que são as Minhas riquezas. Tu não nasceste com elas. São Minhas, e ponho-as em ti, ao teu cuidado. Por elas deves velar e não as desperdiçarás. Usá-las-ás no Meu grande negócio das almas.


Não caias no erro da vaidade da própria beleza espiritual. Não te contemples.


Se por vezes é preciso olhares o teu rosto no espelho, nunca o deves fazer à tua alma, pois não atinges o grau de humildade que te mostre o que eras ante de Eu a colocar em ti. Tu sabes, mas se paras a contemplar as belezas que te dei, facilmente o poderás esquecer e pensar que tudo é teu. Então pararias na adoração do teu “eu”, tornando-te abominável a meus olhos, e Eu seria forçado a tirar-te as Minhas riquezas, deixando-te na tua pobreza, para veres que nada disso é teu.


Lembra-te das tuas obrigações perante Mim. Quanto mais te der, mais terás de usar no Meu serviço. Se fizeres este trabalho com muito amor, com honestidade, não te sobrará tempo para te contemplares.


Por vezes serás tentado a fazê-lo. O teu inimigo apresentará um espelho à tua alma. Terás desejo de olhar para ti. Não o faças, mas se por vezes o espelho te for apresentado com tanta rapidez que não o consigas evitar, ou se foi o teu próximo que inconscientemente te louvou, não deixes penetrar em ti esse olhar ou esse louvor. Refere logo tudo a Mim e diz como tua Mãe: “A minha alma glorifica o Senhor… Ele fez em mim maravilhas”.


Sim, é importante também reconheceres a obra que faço em ti, para saberes com o que podes contar no teu trabalho e para Me dares graças; mas só com esse fim.


Dá graças, sim, muitas graças, agradece continuamente e nunca agradecerás bastante, todas as riquezas que te dei e que te dou. Lembra-te de que muitos não recebem nada disso. Abisma-te em humildade, confundido com a Minha generosidade sem limites, e sem merecimento da tua parte.


Que a contemplação da Minha generosidade sirva para te dar o desejo sempre crescente de te tornares generoso, totalmente entregue a Mim e ao Meu serviço de Amor.


 



A CONSTUÇÃO DO TEMPLO


          “Portanto já não sois estrangeiros nem forasteiros; sois antes concidadãos dos santos e membros da família de Deus, edificando sobre o alicerce dos Apóstolos e Profetas, com Cristo Jesus por pedra angular .Nele qualquer construção bem ajustada cresce para formar um templo santo no Senhor, em união com o qual também vós sois integrados na construção, para vos tornardes, no Espírito, habitação de Deus” (Ef 2, 19-22).


Sim, tu és alma filha. Integrei-te na Minha Família Divina. Pela Minha Vida e Morte, conquistei a tua Herança. Não és estrangeira, não estás em terra estranha. És Minha… Nossa. É preciso que pares, para reflectir nisto, de vez em quando. Tens de pensar que pertences à Minha Família. É uma grande Família, uma Família que te enche de carinho, e que te cerca de muitos irmãos.


Os meus filhos costumam ser muito individualistas. Vivem a sua vida e cada vez mais se esquecem de que têm irmãos. O egoísmo impera no mundo, cada vez mais. Cada um se fecha com as suas coisas, se encerra na sua casa, sufoca em si o amor desta família, deixa estiolar aquilo que de bom lhe coloquei no coração.


Não quero isso de vós. Quero que a minha família viva unida e se preocupe por receber no seu seio, cada vez mais forte, a corrente de Amor que de Nós provém. Esta corrente de Amor que provém do Pai espelha-se em Mim e Eu entrego-lha em reciprocidade. Ela em vós se derrama pela força do Espírito Santo que é esse mesmo Amor.


Quero que o Amor que se derrama em vós não se escoe, não desapareça entre pedras, mas vos regue e vos faça frutificar cada dia.


Este Amor que Me fez morrer por vós, é o mesmo que Eu quero que vos faça amar uns aos outros, como irmãos que sois, até morrerdes uns pelos outros, se tal for preciso.


Lembra-te do meu querido filho Maximiliano Kolbe, que deu ao mundo a prova máxima do Amor de Deus nele derramado. Ele não deixou perder o Amor.


Normalmente não vos será preciso chegar a morrer fisicamente. Mas quantas mortes diárias, quantas agonias poderás sofrer diariamente na tua alma por Meu Amor, por amor dos teus irmãos, que são meus filhos também. Por esse motivo deves sentir por eles o maior respeito. Sabes até que ponto os amo? Pensas nisso alguma vez, quando os tratas sem respeito, quando os criticas, mesmo que não seja em voz alta, mas mentalmente?


Repara, são meus filhos, meus filhos queridos, tão queridos com tu. Por que os tratas como estranhos, como pessoas a quem não devesses nada? Tens para com eles um grave dever de Amor.


Não importa os defeitos que eles tenham. Se os defeitos deles se põem diante dos teus olhos, fecha-os, reza por eles, repara por eles, avisa-os com caridade, se vires que te ouvem, cala-te se vires que não te ouvem, e procede da mesma maneira, como procederias se te fossem simpáticos.


Se for necessário defenderes-te de alguma injustiça, procura fazê-lo com dor no coração, com a maior humildade e o mínimo de publicidade.


Que haja sempre um sorriso no teu rosto e que ninguém perceba quais são aqueles que te são mais simpáticos e quais são aqueles com quem menos simpatizas.


Para estes, terás de fazer um esforço maior, mas isso fica só entre Mim e ti. Faz parte daquela morte que irás tendo diariamente, até ressuscitares coMigo e te tornares um outro Eu.


Esta é a Vida Nova que deves viver, a Vida Nova que quero que vivas, a vida de união em família, como Eu vivo, pois só vivendo unido aos teus irmãos estarás apto para viver unido a Mim e ao Pai, pela força do Espírito Santo.


Nunca penses, porque pensarias errado, que entrarias nesta união divina, sem estares primeiro unido aos teus irmãos.


Não quero falhas, lacunas, no edifício da Minha Igreja. Se lhe tiras algum tijolo, pondo de parte algum irmão, colocando-o fora do teu amor, o edifício ficará com um defeito. Agora pensa que edifício seria esse que tu quisesses construir com um só tijolo, que serias tu próprio, fechado no tu egoísmo. Vês claramente o absurdo da situação. Seria impossível a cúpula do Amor da Trindade descer sobre ti. Uma cúpula só se coloca sobre um edifício bem construído, não sobre um edifício com falhas de tijolos aqui e ali, e nunca sobre um único tijolo.


Por isso te digo: vai primeiro completar o teu edifício, preencher essas lacunas, esses tijolos, que são os irmãos que tiraste do lugar do amor do teu coração, e então nós veremos que o edifício está completo porque amas. Viremos a ti e em ti faremos a Nossa morada.


A Nossa morada… alguma vez pensaste no alcance destas palavras? É preciso que o penses muito e que o desejes muito. Volta a pensar: “a Nossa morada”. Deixa que estas palavras penetrem fundo em ti.


Sabes que és a habitação do teu Deus? Como procedes nessa habitação? Tens em ti um templo bem cuidado, cheio de luzes, de flores, de orações, ou um templo em que nem reparas, que não limpas, que profanas?


A profanação do templo de Senhor, que sois todos vós, não é só efectuada por pecados contra o vosso corpo, como tantas vezes pensais. Se assim fosse, Eu teria muitos templos em bom estado, muitos templos puros e agradáveis. Mas digo-te: a maior parte dos meus templos estão profanados, porque a forma mais frequente de profanação é a falta de amor aos irmãos, é o tirar dos tijolos das suas paredes.


Muitos de vós não sujais voluntariamente o templo, mas tirais-lhe partes aqui e ali, até a construção ruir. E começais justamente essa destruição pelo descuido com que tratais o seu interior.


Meus filhos, começai pelo interior. Tratai o vosso templo, a Minha habitação com todo o respeito. Tende-o sempre devidamente limpo. Tende com isso muito cuidado. As poeiras que se acumulam entre as vossas confissões desgostam-Me muito. Praticai a confissão frequente e, todos os dias, procurai arrepender-vos muito sinceramente das vossas faltas perante Mim, para que vos limpe Eu próprio.


O vosso templo deve ter luzes, as luzes das vossas orações contínuas.


Pensa que és o templo que Eu habito. Nunca será demais o tempo que aí te recolhas coMigo. Aprende a viver na Minha habitação, esse templo que és tu próprio, onde Nós queremos habitar, cada vez em mais plenitude. Demora-te muito, todos os dias neste pensamento, pare que ele se torne para ti tão habitual como respirar.


Alma, minha filha, se morri por ti, foi por algum motivo sério. Não foi com certeza por vontade de brincar. Se morri por ti foi justamente para poder viver contigo para sempre.


Este “sempre” já começou e não quero que o desconheças. Ninguém gosta de viver numa casa escondido, sem os seus moradores saberem. Eu também quero que o saibas. Estou contigo e quero viver rodeado de respeito e de carinho.


Repara que emprego a palavra”carinho”. Carinho é amor mais delicado, é aquele amor que não se esquece, que tem necessidade de dar constantemente provas de si. Carinho é o que a mãe dá ao seu bebé. Carinho é o que te dou constantemente, mesmo quando não reparas. Não basta dizeres que Me amas, se não o provas com o teu carinho.


As formas desse carinho, já as apontei atrás. Estuda-as todas e não te esqueças de que a principal é a forma como acarinhas as pedras que formam o teu templo, os teus irmãos que devem ser outros Cristos para ti, os teus irmãos, onde Me deves ver.


Copia o Meu carinho. Enche-te da Minha ternura. Comunica coMigo. Vive coMigo na intimidade de ti próprio. Procura beber largamente da fonte do Meu Coração. Depois vai irradiar-me por toda a parte, levar-me a todos os que de Mim precisam, dar o Meu sorriso a quem de ti se acerque. Dá-Me a todos e ter-Me-ás para ti cada vez mais. Tornar-te-ás templo da Trindade, cada vez em maior plenitude. 



 



PREPARAÇÃO 



        “O tempo completou-se e está perto o Reino de Deus; arrendei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1, 15).


Alma, centra-te em Mim. Eu sou o centro de tudo, de todos vós.. Não consideres coisa alguma ou alguém teu centro, senão Eu, nem pessoa ou desejo algum mais importante do que Eu.


O tempo completa-se, completou-se para muitos. Está a completar-se para todos vós.


Tem atenção à tua preparação, ao teu trabalho diário, para não seres apanhado sem azeite na tua lâmpada. A quantos aconteceu e o lamentam agora, amargurados, em grandes prantos.


O que é o teu azeite? É o combate da tua fé, aquela fé que te deve orientar e conduzir, a fé que não permita que o inimigo te surpreenda com revezes e te tente à falta de confiança. Esse combustível para fé, tens de o ter sempre contigo. Incansavelmente deves procurar renová-lo. Não há feriado nem horas de lazer, para esse cuidado.


Irás buscá-lo continuamente à união coMigo, à compunção do coração e à prática da penitência. Se não o fizeres continuamente, não poderás resistir ao cansaço do esforço que se te pede, à rotina da vida, e adormecerás no teu posto.


Então a tua lâmpada apagar-se-á. É por isso que muitas almas não avançam na vida espiritual. Tu próprio já te queixaste disso muitas vezes.


Agora revelo-te o segredo, o segredo das almas que avançam, o segredo das que não deixam apagar a lâmpada. Têm sempre reserva do azeite da oração, da compunção e da penitência. A oração deve ser a tua respiração. A compunção e a penitência os teus alimentos fortes, aqueles que às vezes é preciso tomar um pouco mais, quando o trabalho também é mais difícil.


Quando digo um pouco mais, não quero dizer muitíssimo mais. Quero que sempre, em tudo, mantenhas um são discernimento, para não caíres em exageros esgotantes, que são laços que o vosso inimigo às vezes lança às almas fervorosas, mais imprudentes. Todos os remédios se devem tomar na conta certa, para não se tornarem prejudiciais.


Alma, minha filha, isto que te ensino é denso, mas não é complicado. Quero-te simples, nisto e em tudo. Se vês que alguma coisa dá perturbação, complicação, sabe que não vem de Mim. Quero que todos aprendais a discernir o que vem de Mim e o que é disfarçado pelo vosso inimigo, para vos fazer cair.


A compunção do coração é necessária para ti, porque te mantém na humildade, mas não te quero a tomar deste remédio em doses muito grandes. É necessário que todos os dias te arrependas das tuas faltas, procures purificar-te delas e que mantenhas uma atitude interior de quem conhece o seu lugar de alma pecadora. Mas, ao mesmo tempo, uma atitude de quem sabe que os Meus olhos procuram os pecadores, para sobre eles lançar o manto da Minha Misericórdia.


Aceitar essa manto, não se afastando, não se procurando esconder como Adão, mas erguendo os olhos com confiança, sabendo que, apesar de tudo o que fez, tem sempre em Mim o grande Amigo.


Fita os Meus olhos. Nunca desvies os teus, mesmo que tivesses feito os maiores crimes. Se assim fosse, ainda deverias continuar a fitar os Meus olhos, com os teus olhos banhados de lágrimas. Só os Meus olhos purificam os meus filhos. Olha sempre para Mim, que a força e a luz dos Meus olhos te purificarão.


Olha sempre para Mim. Mantém os teus olhos fixos em Mim, e Eu te fascinarei, como a luz da chama fascina a borboleta.


Não desvies os olhos para ti, para aquilo de que gostas ou de que não gostas. Se olhares sempre para Mim, não verás os teus gostos. Acabarás por não saber de que é que gostas. Gostarás apenas de uma coisa: de olhar para Mim, e não quererás deixar de fazê-lo nunca mais.


Fascinada com a luz dos Meus olhos a tua alma verá por eles. Sim, verás pelos Meus olhos. Verás como Eu vejo, sentirás como Eu sinto. Não verás méis pelos teus olhos limitados e de fraco alcance.


E, quando vier a tentação dizer-te, que esse irmão tem este ou aquele defeito, os teus olhos não se fixarão nesse defeito, mas na pena que ele Me causa.


Não verás o irmão defeituoso. Verás pelos Meus olhos o filho pecador que quero salvar, e lançar-te-ás nessa empresa com amor, segundo as directrizes que os Meus olhos te dão.


Quero-te assim a Meus pés, como Maria de Betânia. Nunca te tirarei a parte que tu escolheres. Se for má, posso aconselhar-te, como fiz a Marte, mas, ainda assim, o que tu escolheres, será a parte que te dou.


Se a tua escolha for a de Maria, ó alma minha filha, podem cair os astros, mas tu não cairás, porque Eu te segurarei ali e, junto de Mim, nenhum mal te acontecerá.


Eu proverei a tudo, farei milagres se for preciso, para te ajudar, farei de ti uma imitação, uma linda miniatura de Maria, mas já não a de Betânia. Farei de ti uma outra Maria, tornar-te-ei parecida com Minha Mãe que também escolheu a melhor parte e, no meio de todos os trabalhos que Ela teve (só no Céu os conhecerás todos), essa melhor parte não lhe foi tirada.


Escolhe a melhor parte. A melhor parte sou sempre Eu. Coloca-te a Meus pés, imóvel, silenciosa, alma ansiosa por aprender tudo dos Meus lábios.


Tudo te ensinarei. Ensinar-te-ei como ninguém mais te ensinaria, como não aprenderias em muitos anos de boas leituras. Dar-te-ei uma vida nova, a vida nova a que aspiras. Poderás começá-la já cá na Terra. O Céu será uma continuação mais plena, em completa visão, mas na realidade viverás já o teu Céu na terra, porque terás em ti Aquele que é o Céu.



 


            ARREPENDIMENTO



“Convertei-vos e peça cada um o Baptismo em nome de Jesus Cristo, para a remissão dos seus pecados; recebereis então o dom do Espírito Santo.


Porque Aquele que foi prometido é para vós e para os vossos filhos e para quantos, de longe, ouvirem o apelo do Senhor, nosso Deus” (Act 2, 38-39) 


Chamei-te desde há muito. Desde a bruma dos tempos Eu te conhecia. Antes de nasceres já te chamava. Fui Eu que te chamei à vida. Fui Eu que te chamei em criança. Acarinhei-te quando em bebé te baptizei. Quanto então Me alegrou a tua alma pura, que queria conservar sempre assim. Naquele bebé, Eu já via a obra de santificação que queria realizar.


Continuei a chamar-te toda a vida. Ainda hoje te chamo.


Desde criança que te mando o Meu Espírito, para que te eduque. Como Lhe tens correspondido?


Pensa, evoca a tua infância e juventude. Vê as graças que recebeste e não viste outros receberem. Foram graças de predilecção, que Eu dou a quem quero, mas que nem sempre são correspondidas.


Vê que tens muito de que te arrepender. Quantas graças desperdiçadas, quantos “nãos”, quantas ingratidões. Não conseguirás mesmo lembrar-te de todas, mas tens disso uma memória geral, por vezes já confusa, outras mais nítida.


Nos primeiros toques da graça, tu não sabias o que era que te tocava. Aceitavas, encantavas-te, depois vinham acontecimentos, tentações, mas Eu velava por ti, para não te perder.


Agora sabes o que é que te toca. Agora a tua responsabilidade perante Mim é maior. Podes responder por ti, quando te pergunto: “queres?”


A resposta não pode ser dada com leviandade, pois não se trata de coisas bonitas de que gostas, como acontecia em criança.


Olha para todas as chamadas. Demora hoje o teu olhar sobre os teus anos passados, desde que Me conheceste. Que vês? Podes contar as minhas chamadas? Alonga, alonga muito o teu olhar. As minhas chamadas são mais que as estrelas. Muitas delas perde-las na noite, a que vai ficando reduzida a memória das coisas passadas.


Continuo a chamar-te diária e continuamente… Estou a chamar-te agora, já o notaste? Estou a chamar-te a uma conversão maior. Sabes que precisas de te converter todos os dias? Sim, porque todos os dias te afastas de Mim um pouco, seduzido por qualquer coisa.


A tríplice concupiscência sempre vos chama também: o mundo com as suas modas, as suas vaidades, as suas honras, aquilo que vos mostra, que vos promete e não vos dá, para que o cobiceis; o demónio com o seu orgulho e todas as satisfações que vos promete, todas as perseguições e aborrecimentos em que vos envolve para vos levar à ira ou ao desânimo ou à desconfiança em Mim; a carne com todas as suas promessas, tentações, mis ou menos reprováveis, mas sempre egoístas, desejosas de sensações.


Tudo isto vos chama, e é por isso que muitas vezes tenho dificuldade em Me fazer ouvir por vós, mesmo por vós os que dizeis amar-Me, mas facilmente deixais os vossos olhos, os vossos ouvidos, a vossa imaginação, o vosso pensamento, percorrerem, seduzidos, coisas que não são minhas.


Por isso vos chamo todos os dias, várias vezes ao dia. É preciso que não deixeis perder a Minha voz, no meio dos ruídos que se fazem à vossa volta.


A Minha voz é suave e manifesta-se de maneiras diferentes. Muitas vezes não é seguida nem pelos que se dizem meus.


Até estes, às vezes Me acham maçador com as minhas leis, as minhas determinações, os meus pedidos, aqueles pedidos que faço de vez em quando aos que acarinho e que, nessas alturas, dizem dar tudo.


Mas quando passa o fervor e se levanta a tentação, já não dão nada e acham que devem aproveitar isto e aquilo, fugir a esta ou àquela obrigação porque, segundo afirmam, a vida é deles, têm de se poupar, gozar um pouco e não deixar que lhes façam o que lhes desagrada.


São meus quando lhes dou prazer. Fazem da vida espiritual um prazer.


Só gostam de Mim quando os consolo. Nessas alturas dizem palavras de amor, que não são verdadeira, porque não as repetem quando surgem as dificuldades. Então abandonam-Me. Ninguém nota, porque estes filhos continuam a cumprir externamente, mas Eu vejo os seus corações, que estão longe de Mim.


Eu sei que os seus lábios dizem o que não é verdade. E o pior é que estas almas começam a empedernir, a pensar que a vida espiritual é um conjunto de situações agradáveis em hora de oração e esforçam-se para as sentir. Se não lhas dou, procuram-nas através do sistema nervoso ou do seu próprio temperamento.


Isto não é amor de Deus, são sentimentos grosseiros. É sensualidade da alma.


Alma, minha filha, nunca sejas assim. Nunca desejes consolações espirituais, porque há sempre o perigo de a alma se fixar nelas. É fácil para vós criar um hábito, principalmente se for um hábito agradável.


Quero que te habitues a amar-Me cada vez com mais pureza e, por isso, é preciso que passes frequentemente por momentos de aridez ou até de noites profundas. Não quero que te assustes então. Lembra-te de que o faço para te purificares, pois só os puros entrarão no Meu Reino.


De ti quero um amor puro. Não desejes sentir. O Amor não é para sentir, é para dar. Dás o que tens. Se dás amor é porque o tens. Nunca te fies no que sentes. Se sentes e não dás nada, a não ser a ti próprio, foste enganado com a sensação.


Também não confundas o sentir com o dar. Podes estar a sentir e a pensar que dás, mas não dás nada, a não ser a ti próprio, porque com a exaltação estás a provocar um aumento de prazer espiritual.


Nada queiras gozar na terra; terás o Céu para gozar. Não desejes gozos físicos, nem gozos espirituais. Alegra-te se te sentes árido, porque estás a pisar terreno seguro e podes então dar-te.


Humilha-te se sentes algum gozo espiritual. Oferece-mo, mas receia não estar a dar grande coisa. No entanto aceita e fica em paz. Às vezes também te quero incentivar um pouco.


Vê hoje bem em ti como te tenho chamado e como Me tens correspondido, a sinceridade da tua adesão. Vê se não incorreste na hipocrisia que citei atrás, dos que são meus só quando lhes dá jeito, mas que já não Me escutam quando não lhes faço as vontades.


Arrepende-te de tudo o que vires que toca a ingratidão… Não precisas de te cansar a procurar muito. Facilmente encontrarás motivos de arrependimento, muitas fugas à Minha voz.


Quero purificar-te de tudo isso. Quero que encetes uma vida de espiritualidade verdadeira, sem desejos egoístas de sensações espirituais, uma vida de serviço que não está com os olhos no pagamento, mas com os olhos nos olhos do seu Senhor.


Se não divisas os Meus olhos, por causa da escuridão, põe a tua vontade na Minha Vontade e o teu coração no Meu Coração.


Terás confiança, sempre confiança, e assim atravessarás todos os desertos, todas as noites. Terás a Minha Luz, que nunca te faltará.


Darás tudo em ti, darás sempre, procurarás dar mais, quando sentires menos, quando fores provado. Então Me mostrarás o que é que realmente sente o teu coração. É então que se verá a verdade do teu amor.


E podes ter a certeza de que não estarás sozinho nessa hora. Eu estarei contigo. Dar-te-ei tudo o que precisares nesse momento.


Todas as minhas luzes, todo o meu poder toda a minha graça estarão à tua disposição, na condição da tua entrega, da tua total doação e do teu desejo de os receber.


Por isso te pergunto outra vez: “queres?” Se queres, vem com confiança. Apesar de toda a tua miséria, se queres, se crês, se confias, se pedes, tudo te será dado.



                                       REPARAÇÃO



                          1ª sexta-feira 



“Acaso não sabeis que os injustos não herdarão o Reino de Deus? Não vos iludais. Nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem gananciosos, nem ébrios, nem ofensores, nem salteadores herdarão o Reino de Deus” (I Cor 6, 9-10).


Já te disse: “Só os puros entrarão no Meu Reino”. Esta raça, esta geração incrédula, hipócrita e imoral não entrará no Meu Reino, a menos que se emende e faça penitência.


Trata-se hoje a penitência como um valor ultrapassado, até como algo desprezível, próprio dos séculos passados.


Hoje caiu-se no extremo de fazer do corpo o objecto do culto da pessoa humana. Vive-se para ele, trabalha-se para satisfação dele, fazem-se inúmeros pecados e crimes para satisfazer esse corpo que, de pouco tempo, estará reduzido a asto de vermes e apodrecerá miseravelmente.


Esta geração não trata o seu corpo como habitação da sua alma, objecto de respeito, que a há-de ajudar a salvar, mas como um deus, ao qual sacrifica todos os valores verdadeiros, toda a honra, todo o respeito, a segurança e felicidade do próximo, transformando esse corpo no objecto mais vil, abaixo de todas as bestas da selva.


Nada disso entrará no Meu Reino.


A impureza, a inveja, o ódio, toda a perversão humana, transformaram num covil de feras o mundo que criei com tanto amor.


Que espera este mundo? Que esperam essas pessoas que passam apressadas, em busca daquilo que lhes dá prazer? Se lhes perguntarem, elas próprias não sabem, porque deixaram de crer.


O mundo agora só crê na ciência, mas a ciência é limitada. O homem, querendo parecer grande, sábio, inteligente, foi cair muito baixo, estreitou os limites do seu cérebro, porque só crê no que é limitado.


O mundo crê em Mim? Muitos dizem que sim, mas de que lhes vale? Têm prazer em se dizer “não praticantes”. Que espécie de fé é essa? Se cressem em Mim desejariam conhecer-Me, amar-Me-iam. É a fé deformada, como tudo o resto. Todos os valores se deformaram neste século.


O mundo em que vives é isto mesmo, esta tristeza que ponho diante dos teus olhos: a gala, o louvor da impiedade e da blasfémia, com livros e filmes que atentam contra a fé, contra as Sagradas Escrituras, e que até a Mim tentam sujar com a sua lama, como se lhes fosse possível escalar o Meu Trono.


Lúcifer tentou-o e foi projectado no inferno. Que farei Eu a esta geração perversa?


Hoje, primeira sexta-feira, o Meu Coração sente-se magoado, cada vez mais ferido pelas ofensas, pelo desdém de seus próprios filhos.



Sou tratado como se não existisse, até por alguns dos meus consagrados, pelos mais queridos entre todos, aqueles que rodeei de graças, de consolações, a quem levei por vezes até ao Tabor, mas que agora recusam acompanhar-me ao Calvário e preferem arrepiar caminho e ir esfolar-se nos espinhos, ressecar-se nos desertos ou atolar-se na lama.


Quem pensa nisso? Quem pensa em Mim durante o dia, fora aquelas orações que rezais à pressa, fora daquela Missa onde estais distraídos?


Até os poucos momentos que dizeis dar-Me de oração, Me roubais, pensando nas vossas coisas e nos prazeres que desejais.


Quem é que nos dias de hoje recebe uma picada, já não digo uma ofensa, e não se abespinha logo, a propagar a quem quer ouvir, como essa picada lhe doeu, a grande coisa que isso foi, quanto lhe fez sofrer e como é uma alma muito boa por suportar isso?


Quem perdoa sem uma palavra, principalmente para terceiros? Quem guarda para si as ofensas, as faltas de atenção que lhe fazem, sem deixarem isso transpirar para os que lhe ficam perto?


Se Eu fosse fazer como vós, abespinhar-Me com as ofensas, reclamar, dando a saber a todos, não pararia ninguém sossegado com o barulho ensurdecedor que, semelhante a grande trovoada, se ouviria continuamente. Ou podes comparar as pequenas desatenções que fazeis uns aos outros, às vezes inadvertidamente, às graves ofensas que Me lançam ao rosto continuamente?


Quem pára a reflectir um pouco nisto?


Tu, sim, quero que pares e que penses na gravidade desta situação. Não te tentes iludir nem iludir ninguém, porque a situação é muito grave.


Por todos os lados e vêem as manifestações do mal que vos assola. São doenças físicas e, mais ainda, as doenças morais que, à maneira de tumores, vão lançando para o exterior os produtos da doença que lavra no seu seio.


Tudo o que por aí vedes e que vos assusta, todas as atitudes más, todas as imoralidades que se fazem descaradamente na via pública, todo o escândalo que dão actualmente a crianças e jovens, em faltas de respeito contra seus pais, tudo isso são manifestações da grave doença que assola o mundo no vosso século.


Onde encontrarei quem Me compreenda? Procuro almas com quem possa desabafar estas coisas, antes que se acumulem e façam explodir a minha ira contra todos vós.


Procuro almas reparadoras, almas verdadeiramente amantes, almas que Me amem a Mim e não às consolações que lhes dou. Onde estão? São muito poucas! São tão poucas!...


Ai, mundo, mundo! Se não fosse o Meu Sangue derramado, onde já estarias! Já terias sido destruído há muito!...


Que é feito das minhas almas reparadoras? Onde estão os que fazem as Primeiras Sextas-Feiras? Ou pensam que tudo se resume em ir à Comunhão nas primeiras sextas-feiras, nem fazendo por vezes, uma acção de graças em condições?


É preciso que as pessoas que fazem as Primeiras Sextas-feiras se tornem reparadoras.. Não queiram fazê-lo só para se aproveitarem da minha promessa de salvação. Sim, a maior parte das pessoas é só por isso que o fazem, para salvarem a própria alma.


Eu prometi-o, sim, mas na esperança de tornar essa almas minhas reparadoras, fazendo-as florescer como um viveiro de amor, não na ideia de que, por irem nove vezes à Comunhão teriam a salvação certa.


O que certas pessoas fazem com essa maneira de pensar, é um abuso da Minha Misericórdia.


E tu, és uma alma reparadora?


Ai, alma, quantas imperfeições, quantas distracções, quanto amor próprio diviso nas tuas horas!


É preciso que te capacites, te emendes, te desvies de tudo o que para fora te chama, e te lembres da responsabilidade que tens perante Mim.


Não é só acompanhares-Me em horas boas. Não é só amares-Me pela minha Beleza, pelo Meu Poder. É preciso amar-Me sofredor, encher os olhos com o Meu rosto coroado de espinhos, espinhos que foram formados por todos os pecados de então e de agora. É preciso acompanhar-Me ao Calvário, porque o Calvário é a porta que leva ao Céu. Não foi no Tabor que Eu dei o Céu, foi no Calvário, e é só lá que continuo a dá-lo. Quem o deseja tem de Me acompanhar até lá, e lá permanecer enquanto Eu quiser.


Aproxima-te de Mim com intenções reparadoras. É preciso que Me ajudes a suportar o fardo que o peso dos vossos pecados torna mais insuportável cada dia.


Quero que as Primeiras Sextas-Feiras sejam reparadoras para todos os que comungam. As Primeiras Sextas-Feiras são dias de reparação.


Mas se queres fazer mais, se queres tornar-te cada vez mais próximo de Mim, mais puro ao Meu contacto, mais apto para o Meu Reino, então colabora coMigo e torna-te alma reparadora, não só nas primeiras sextas-feiras, mas em todas as sextas-feiras.


Nesses dias repararás por teus irmãos, oferecerás a tua oração mais atenta, mais pura. Terás um maior recolhimento e será mais fiel na penitência.


Tenho ainda outro pedido a fazer-te. Olha para Mim, porque este pedido só se faz através dos olhos e através do coração, pois só os corações muito amantes o poderão compreender. Tu compreendes?


Sim é isso que quero de ti e de todas as almas que verdadeiramente se preocupam com a Minha obra de salvação, que neste momento, aos olhos do mundo parece ter fracassado.


Almas fieis, almas esposas do Meu Coração , vós que dizeis amar-Me mais que tudo, vós que garantis que daríeis por Mim o sangue, a vida, dai-Me o sangue da vossa alma, pela vossa reparação diária. Tornai-vos almas reparadoras, não uma vez por mês ou uma vez por semana, mas todos os dias, todas as horas, sempre…sempre. Tornai-vos um coMigo, fundi-vos em Mim.


Que as minhas preocupações sejam as vossas, que o Meu sofrimento seja o vosso. Eis que vos dou os Meus espinhos, os Meus chicotes, os Meus cravos, a Minha Cruz, todos os tormentos que passei, os escárnios e insultos que sofri. Sois fortes o suficiente para os receber? Não, não sois. Só podereis participar deles um pouco, mas esse pouco, participai. Esforçai-vos com muita sinceridade, muita união coMigo.


Dou-vos o Meu Calvário e de lá, dou-vos o Céu, que sou Eu próprio.



 


A FÉ DE ABRAÃO


“Mas perante a promessa de Deus, Abraão não hesitou por falta de fé, dando glória a Deus, plenamente convencido de que Ele também era capaz de realizar o que prometera” (Rom 4, 20-21). 


Já te falei da fé de Marta, esperando na Minha Omnipotência, crendo que Eu podia tudo, e tudo esperando de Mim. Fé simples, mas firme, fé de entrega total, fé que sabe mais esperar do que pedir, fé toda feita de confiança.


Hoje vem Abraão colocar-se diante dos teus olhos. Sou Eu próprio que quero que olhes para ele. Abraão, o servo fiel, o servo obediente, que obedecia sem réplica, nem raciocínio. A Abraão, à sua fé, foi pedido mais que a Marta. A Abraão pedi fé absoluta toda a vida, em coisas que lhe anunciava e que pareciam impossíveis.


A Marta não anunciei o que ia fazer e, mesmo assim, ela assustou-se quando mandei abrir o sepulcro. A Abraão fiz promessas em que era difícil acreditar. Mandei-o sair da sua terra, a terra de seus pais, onde estava acostumado e tinha a vida facilitada. Mandei-o meter numa aventura que, até nos dias loucos de hoje, parece impensável e imprudente: atravessar desertos, caminhar sem saber para onde, sujeito a todas as dificuldades que poderiam surgir.


Abraão não raciocinou que tudo aquilo era impossível para ele. Não se pôs a discutir coMigo ou a pensar nas dificuldades do caminho. Nem sequer perguntou para onde ia. E essa viagem não foi de dias, foi de anos, sempre pró desertos, sempre com a mesma fé, a mesma confiança inquebrantável em Mim e na Minha Promessa. Depois prometi-lhe um filho, quando aos olhos humanos isso já parecia inviável. Prometi-lhe uma descendência incontável como as estrelas… e Abraão acreditou.


Seria Abraão um ingênuo? Um homem falho de inteligência, de raciocínio? Se assim fosse, não conduziria sua família, servos e rebanhos com tanta perícia, não venceria inimigos com tanta inteligência. Não! Abraão não era um ingénuo! Era um homem de fé cega, de confiança total. Abraão confiava totalmente em Mim. Acreditava que Eu cumpriria tudo o que lhe anunciava. Abraão deleitava-Me com a sua fé.


Pensa bem! Fé que acredita que é possível, só porque Eu o prometi! Fé que se firma na Minha Palavra, contra todas as palavras humanas, contra todos os raciocínios!


O vosso grande mal é raciocinardes muito a meu respeito. Muitas vezes pensais: “Isto é impossível”. E não vos lembrais de que a Mim nada é impossível. Por isso, não vos entregais totalmente à minha acção, à acção do Meu Espírito. Por isso Me vejo obrigado a recusar-vos várias graças às quais tínheis direito, e que muito Me agradaria conceder-vos.


A fé de Marta acreditava que Eu posso fazer muito, tudo, para ela, mas não sabe o que Eu farei. A fé de Abraão vai mais longe: crê que Eu posso fazer tudo, que posso fazer o impossível que desvendo aos seus olhos. E acha natural. Nada Me recusa. A sua fé em Mim, no Meu Poder, na Minha Bondade e no Meu Amor por ele, leva-o à obediência sem réplica, fruto do amor que nasceu dessa fé total.


Serás tu capaz de acreditar nas Minhas promessas? Abre os Evangelhos. Estão recheados de promessas que então fiz, mas que vós ledes e passais à frente. Quero agora que as leias. Irás reflectir sobre elas. Algumas parecem impossíveis e, por isso, nunca sobre elas vos debruçais. Por isso, nunca pedis a sua realização.


Mas, se as fiz, não foi para ficarem escritas num livro, a empoeirar durante séculos. Se as fiz foi para as cumprir. E quero cumpri-las. Quero que Me peças que as cumpra. Vê, promessa promessa: “A sede saciada”, “o rio de água viva”, “os prodígios feitos por quem crê em Mim”, “a Nossa morada naquele que Me ama”… e quantas mais!


Estuda os Evangelhos com atenção e pede-Me que cumpra as Minhas promessas. Crê firmemente que não Me são impossíveis. Crê no Meu Poder contra todos os raciocínios.


Eu quero que peças. Quero que implores, que sejas uma alma suplicante. Podes dispor de tudo o que prometi. Não passes fome nem deixes passá-la aos teus irmãos, quando junto de vós tendes posto um lauto banquete.



O mal dos meus filhos é que pedem pouco, receosos de pedir demais, receosos de estar a pedir impossíveis. Quando vos tornareis crianças? Eu quero em vós fé de crianças, de crianças para as quais não há impossíveis, quando se trata de seu pai. Fé de crianças pequeninas que pedem a lua, convencidas de que o seu pai pode ir buscá-la, porque lhes dá tudo e as ama muito.


Quero a vossa fé absolutamente cega. Não deixeis que o vosso raciocínio ponha limites à fé. Tu sabes bem como o raciocínio pode pôr travões à vossa fé.


Quero que, de futuro, não permitas esse atrofiamento em ti. Deixa crescer a fé que em ti coloquei, no teu baptismo. Deixa-a crescer. Ela é o grão de mostarda, que Eu quero que cresça, até ficar a maior planta. Não lhe ponhas entraves. Deixa crescer a fé. Quero-te com uma fé ampla, robusta, toda centrada em Mim.


Repara que não digo que acredites em tudo o que te queiram fazer crer. Há muita mentira, muita crendice por aí. Para reflectires te dei inteligência e raciocínio. No que Eu quero que acredites é em Mim e nas Minhas promessas. Acredita fielmente, cegamente, no que te prometo nos Evangelhos, e estarás no caminho certo.


É em Mim que deves ter fé, não é nas vozes de falsos profetas, que por vezes se levantam. Quando tiveres em Mim uma fé inquebrantável, então cumprirei todas as Minhas promessas, diante dos teus olhos e em ti.


Começa desde já a acreditar e a reivindicar. Se te prometi, tens o direito a pedir. Pede muitas vezes: “dá-me”. E Eu te darei. Receberás tudo aquilo que Me pedires, baseado nas Minhas promessas.


Nunca pensaste nisso. Quero agora que abras os Evangelhos e extraias todas as promessas que te fiz. Verás e ficarás admirado com as riquezas que tens desperdiçado.


Pede, alma, minha filha, pede mais que nunca, pede como filha de Rei, não peças como filha de pobre. As tuas orações têm sido as de filha de pobre. A partir de hoje pedirás como filha de Rei, e, em vez de receberes como filha de pobre, é como filha de Rei que receberás.


Sabes que, se Eu não te amasse muito e te desse só o que pedes, não terias nada do que tens? Lembra-te do pouco que tens pedido. A tua fraca visão do Meu Poder faz-te pedir tão pouco que Me faz pena, e resolvi dar-te bastante mais, desculpando a tua falta de fé com a ignorância.


Mas agora ensinei-te. Mostrei-te que posso, quero dar a amo-te o suficiente para te enriquecer. Agora não tens desculpa para não pedir.


E lembra-te de que a tua fé não pode ser sujeita a quebras, se não te atendo. Acontecerá que não te atenda se pedires sem fé, se pedires o que não é bom para ti ou para o teu próximo, ou ainda para te provar.


Terminantemente te digo que não quero que nessa altura hesites, que tremas na fé. É justamente nessa altura que a deves firmar em Mim, como Abraão, que via passar os anos sem se cumprir a promessa do filho.


Lembra-te desta Minha determinação: “Quanto mais provada a alma, mais firme na fé”.


A caminhada da fé não é fácil. Também não foi para Abraão, mas se ele conseguiu firmar-se em Mim, tu também conseguirás. Ou pensas que o amava a ele mais do que a ti? Sei que não pensas isso, nem o poderias pensar, depois de tudo o que fiz por ti, depois de tudo o que te dei.



E tu? Que fizeste por Mim e que deste? Deste-Me a tua fé, a tua confiança, o teu amor? Repara que, semelhantes a plantas raquíticas, são bem pouco atractivas as tuas doações.


Começa a fortalecê-las, baseado na Minha Palavra. Vê a Boa Nova de promessas que te trouxe.


Abre os Evangelhos com vontade mergulhar na fé, na confiança e no amor. Com essas virtudes bem robustecidas, verás os frutos que poderás oferecer a todos os irmãos que deles necessitarem.


Crê em Mim. Crê que te darei toda Luz do Meu Espírito, até te transformares em Luz. Dar-te-ei todo o Amor, até te transformares em Amor. Vem a Mim com simplicidade, vem pedir aquilo que tens direito. Dar-te-ei, cumular-te-ei, encher-te-ei. O Espírito Santo estará contigo, impregnar-te-á, falará pela tua boca. Não Lhe ponhas entraves, porque se trata da Sua acção. Põe-te debaixo da Sua direcção e confia cegamente.


Ele te conduzirá como conduziu Abraão. Ele te dará o filho da promessa, que gerará na tua alma, o filho que sou Eu e em Quem te transformarás aos olhos do Pai.


Todos os Meus Santos são outros Cristos. O Pai só Me vê a Mim em vós. Só vos salvareis na medida em que vos parecerdes coMigo, na medida em que Eu estiver nas vossas almas.


Pedi ao Espírito Santo, que Me gerou em Maria, que gere nas vossas almas uma nova encarnação do Verbo Divino, para que sejais como espelhos a reflectir a divindade.



           O PECADO DO MUNDO 



“Pois como em um só corpo nós temos muitos membros e nem todos os membros têm a mesma função, assim nós, que somos muitos, constituímos um só Corpo em Cristo, sendo individualmente membros uns dos outros” (Rom 12, 4-5). 


O Meu Corpo, sois todos vós. Não vos afasteis uns dos outros, como membros que sois.


Achais que um corpo desmembrado é útil, é belo, é saudável? Um corpo desmembrado é sempre um corpo a que faltam órgãos cujas funções ficam por executar, é um corpo doente, não é bonito de ver.


Que espectáculo Eu vejo todos os dias nesta terra! Vejo o Meu Corpo enfermiço, coberto de feridas e doenças, todo estraçalhado, desmembrado! É espectáculo que vós não suportaríeis, espectáculo de horror, desagradável, repelente!


Tenho vontade de mandar o meu fogo consumir este corpo que se tornou grotesco, repugnante, para o tirar da frente dos Meus olhos!


Pensa num corpo assim e diz-Me se gostarias de o ver constantemente diante de ti, se não o afastarias com repugnância, com horror, por não lhe quereres pôr os olhos em cima.


Oh! Meus filhos! Que fizestes ao Meu Corpo, o Corpo que criei saudável, que queria belo, que fizestes dele? Que contas Me dais deste Corpo que vos confiei?


Vós nem sabeis dar contas dos vossos próprios corpos, que conspurcais, mergulhando-os continuamente nas impurezas mais repugnantes!


Que fazeis dos vossos corpos? Por que é que eles aparecem carregados de doenças? São as doenças que vós provocais. Sois vós que as trazeis para os vossos corpos que Eu criei saudáveis. Que fizestes deles? Quantas contas tereis de Me dar! Sabeis que não podeis fazer-lhes tudo o que quiserdes? Sabeis que o corpo está a vosso uso e tereis de Me responder pelo que lhe fazeis?


Ai mulheres, que dizeis que o corpo é vosso e nele praticais as maiores aberrações contra o corpo dos outros, os corpos inocentes que concebestes e matais! Ai, mulheres que não quereis ser mães!


A vossa eternidade está em jogo. Pelos vossos prazeres momentâneos, pela vossa preguiça, falta de responsabilidade e de generosidade, pondes em jogo e deitais a perder a vossa eternidade.


Sabeis o que vos espera, mulheres abomináveis?! Sim, sois abomináveis a Meus olhos! Se não vos arrependerdes muito rapidamente, e não mudardes de vida, ouvir-Me-eis dizer: “afastai-vos de Mim! Não posso suportar a visão da vossa impureza e dos vossos crimes”.


Alma, minha filha, que fazeis vós? Como gastais o vosso tempo? Diz por todo o lado que é preciso horas de reparação por tudo isto. É preciso voltar a compor o Meu Corpo Místico que vós separastes e retalhastes com tanta malvadez!


É preciso reparar os pecados dos vossos corpos! É preciso reparar todas as faltas de caridade, que vos separam uns dos outros, que vos desmembram.


Repara que, além do desmembramento da Minha Igreja, toda separada em religiões e seitas diversas, há ainda a contar com o desmembramento que praticais entre vós com os vossos rancores, ódios e invejas.


Além das guerras fratricidas que se espalham e que matam tantos milhares de filhos meus, há ainda as guerras que fazeis privadamente entre vós, as vossas questões tão mesquinhas, que vos separam, vos dividem, vos enchem de azedume, de rancor, uns para com os outros.


Tanto fel acumulais em vós, que ele se derrama nos vossos corpos e os faz frequentemente adoecer.


Vê se este espectáculo é agradável para os Meus olhos. Que farei deste mundo? Que farei de todos vós? Haverá por aí alguém que Me queira ajudar a suportar isto?


Os Meus olhos percorrem-vos e espero a resposta de alguém. Mas não quero resposta dada agora, só de boca, só para me ser agradável ou porque alguém está num momento de fervor. Quero uma resposta sincera, ditada pelo coração. Não esqueçais de que Eu vejo o vosso coração e sei bem a medida da vossa sinceridade. Quero uma resposta que seja para transportar para a vida, e nela dar-Me a Mim e dar aos irmãos um testemunho diário.


Perguntai-Me, com inteira disponibilidade, sem reservas nem reticências: “Que quereis que eu faça?” Então Eu disporei de vós e direi o que quero que façais.


Falar-vos-ei da caridade a que faltais com tanta frequência, senão em grandes coisas, pelo menos em pequenas, mas que a Meus olhos têm o valor daquilo que sois para Mim.


Uma pequena falta feita por uma pessoa afastada de Mim, tem uma importância muito menor do que a mesma falta cometida por vós, que sois amigos do Meu Coração.


Eu vos direi como quero que pratiqueis a Caridade. Abri os Evangelhos e vede as Minhas palavras a esse respeito. Praticai-as na vossa vida diária. Não penseis que estão ultrapassadas, que eram só para aquele tempo. São de todos os tempos, são actuais, são para praticar agora.


Se sois sinceros, fazei o que vos mando e não penseis que tudo se resume em meia dúzia de palavras bonitas. Palavras não Me chegam, se vós não praticais o que dizeis.


Com as vossas palavras e as vossas obras, purificai os vossos corpos, e através da vossa purificação, purificai os vossos irmãos, purificai o Meu Corpo Místico, que tanto precisa de purificação para se unir.


Muitos pensam que, porque tomam banho, estão asseados, de corpos limpos. Engano! Esses corpos estão cheios de imundície, de podridão, das maiores devassidões, estão conspurcados, feridos, com a desunião gerada pela inveja e pelos rancores pessoais.


Reparai tudo isto. Faz parte da vossa missão. Manifestar caridade e reparar muito, é missão, trabalho para vós. É o trabalho que hoje vos distribuo.


Que nas vossas obras, nas vossas palavras, só se manifeste a Minha Caridade, a caridade que vindes buscar junto de Mim, que não tendes em vós, mas que tendes obrigação de vir buscar, como um trabalhador vai buscar os seus materiais de trabalho.


Mas reparai que não vos fiqueis só por isto. De vós Eu quero mais, e só assim reparareis os estragos feitos no Meu Corpo. Quero que a Minha Caridade viva também nos vossos pensamentos e que não consintais em vós algum pensamento que a possa sequer magoar de leve. Tende muito cuidado.


Meus filhos, depois disto ainda vos levo mais longe e quero falar-vos nas horas reparadoras que deveis passar junto de Mim, pedindo-Me perdão por todas as classes sociais, por todo o tipo de pessoas, por todo o tipo de pecados.


Dai à vossa vida as voltas que quiserdes, mas arranjai muitas destas horas. Elas são necessárias e evitarão muitos males, prestes a cair sobre o mundo


Poderei contar convosco? Se estais com medo, se colocais reticências e entraves, pergunto-vos: Que fazeis junto de Mim? Se não Me ouvis, se ouvis, mas não escutais, se não obedeceis e não Me quereis dar o que vos custa, estais a perder tempo aqui.


Quero coMigo aqueles que Me querem escutar e procuram fazer o que Eu lhes peço. Esses podem procurar-Me as vezes que quiserem e Eu os instruirei. Não venhais junto de Mim só para fazer número, só porque não tendes mais que fazer.


Meus filhos, vós não medis bem as vossas responsabilidades perante Mim. Se as medísseis, olhar-Me-íeis ansiosos e perguntar-Me-íeis com frequência: “Senhor, que quereis que eu faça?” E dispor-vos-íeis a fazer fosse o que fosse que Eu vos pedisse.


Meus filhos, vinde a Mim com disponibilidade, com fidelidade, com generosidade.


Espero por vós. Conto convosco. É preciso salvar o mundo. Oferecei-vos voluntariamente para Eu dispor de vós. Oferecei-vos com desejo ardente de serdes aceites, como fazem os soldados verdadeiramente patriotas.


O mundo é a barca em que navegais. Tende atenção, cuidai dela, porque está em perigo de se afundar.


 A responsabilidade é vossa. Avançai sem medo. Dai-vos todos ao Meu serviço. Eu vos ajudarei, vos iluminarei, vos fortalecerei. Eu próprio serei a vossa luz, a vossa fortaleza. Se vos derdes inteiramente a Mim, e puder dispor de vós para tudo, Eu dar-Me-ei inteiramente a vós e podereis contar coMigo para tudo.



 



 



 



 



 



 



 



 



 



 



 



 



 



 



 



 



 



 



 



 



 



 



 



 



 



 



 



 



 



 



 



 



 




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