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21/08/2007
Locura do Amor


Eucaristia - Locura do Amor
21/08/2007 15:42:25
Eucaristia - Locura do Amor

MENSAGEIRA DA EUCARISTIA

Beata Alexandrina Maria da Costa

fonte: www.geocities.com/jcbcarneiro






Túmulo de Alexandrina: Quem passou, toda a vida, colocada ao Senhor sacramentado, quer que os seus restos mortais não interrompam essa homenagem de adoração e de amor :
“A minha campa! Quero ser enterrada, se puder ser, de rosto virado para o Sacrário da nossa Igreja. Assim como na vida ansiei estar junto de Jesus Sacramentado e voltar-me para o Sacrário as mais vezes possíveis, quero, depois  da  minha  morte,  continuar  a  velar  o  meu  Sacrário  e manter-me voltada para Ele. Sei que com os olhos do corpo não vejo o meu Jesus, mas  quero ficar assim, para melhor provar o amor que tenho à Divina Eucaristia”.

    “Eis o mistério da fé” exclama o sacerdote, depois da consagração. De facto, a Eucaristia é um verdadeiro mistério da fé.  Só pela fé, só pela crença na palavra do   Senhor:
“Isto é o Meu corpo”, podemos saber que Ele está realmente presente na hóstia consagrada. Pelo testemunho dos nossos sentidos, nunca poderíamos suspeitar da divina presença sobre o altar. Se é mistério da fé, não é menos mistério de amor. É loucura do amor divino pelas almas. Ele é um abismo de humilhação e, ao mesmo tempo, a última expressão do amor misericordioso de Jesus pelas almas. O amor tem horror à ausência, à separação. Se fosse possível, os amores puramente humanos nunca se separariam. Mas o que é impossível ao amor humano, é possível ao amor divino, que é um amor sem limitações, que é um amor omnipotente.

A Eucaristia, loucura da Alexandrina
    Jesus sacramento conquistou o coração da Alexandrina, a partir da sua primeira comunhão, realizada aos sete anos, em 1911, na igreja paroquial da Póvoa de Varzim.
    Eis como ela a descreve:
    “Quando comunguei, estava de joelhos; apesar de pequenina, fitei a sagrada Hóstia que ia receber, de tal maneira, que me ficou gravada na alma, parecendo me unir a Jesus, para nunca mais me separar d’Ele. Parece que me prendeu o coração. A alegria que eu sentia, era inexplicável. A todos dava a boa nova. A encarregada da minha educação levava-me a comungar, todos os dias”.
    A Eucaristia foi para Alexandrina o que é a luz para a borboleta: atração irresistível, abrasamento.  E como poderia ser de outro modo, se Jesus era toda a sua paixão, e o tabernáculo é o lugar onde Ele reside?
    Mas há ainda outra razão, a sobrepôr-se a esta. É que os Sacrários foram a missão que o Senhor lhe confiou. A sua missão era adorar, amar, consolar e reparar o celeste Prisioneiro dos tabernáculos. No dia 20 de Dezembro de 1934, Jesus diz-lhe:
    “A missão que te confiei, são os Sacrários e os pecadores. Por ti serão salvos muitos, muitos, muitos pecadores, não por teus merecimentos, mas por Mim que procuro todos os meios para os salvar. Anda para os Meus Sacrários, vive lá, e dá-Me o teu coração para Eu o crucificar, para Eu satisfazer os meus desígnios”.
    A 6-6-1935, dizia-lhe o Senhor:
    “São as vítimas dos Sacrários que hão-de sustentar o braço da justiça divina, para não arrasar o mundo, para não virem maiores castigos”.
        A 27-9-1934, ela
escreve ao Director:

    “Nosso Senhor convida-me muito para os Sacrários! Anda, Minha filha, entristecer-te CoMigo, participar da Minha prisão de amor e reparar tanto abandono e esquecimento! Disse-me também que não Lhe recusasse nenhum sofrimento, nem sacrifícios pelos pecadores, que estava prestes a cair a justiça de Deus sobre eles eternamente e que eu ainda lhes podia valer”.
    A Quinta-feira era o seu dia predileto pelo adorável mistério nele instituido, como ela o comenta: “Que belo dia a quinta-feira! É o dia em que o Senhor instituiu o Santíssimo Sacramento (11-10-1934)”.
    Muitas vezes ela dirá: “É quinta-feira; é o meu dia! (20-12-1934)”.
    Jesus diz-lhe:
    “Hoje é o teu dia, o grande dia, a tua paixão: dia do Meu Sacramento. Dize que Me procurem almas que Me amem no Meu Sacramento de amor, as quais te substituam à tua partida para o Céu”  (24-3-1938).
    Ela, durante um êxtase, assistiu à instituição da sagrada Eucaristia, que assim descreve:
    "Que noite, que santa noite! A maior de todas as noites. A noite do maior milagre, do maior amor de Jesus! O seu divino Coração estava preso àqueles que Lhe eram tão queridos. Para poder partir, tinha que ficar entre eles; para subir ao Céu, tinha que ficar na Terra. Assim O obrigava o Seu amor divino. Ó sofrimento amado, quem te compreenderá? Queria que todos compreendessem aquele mistério de pão e vinho transformados no Corpo e Sangue do Senhor. Que milagre prodigioso! Que abismo insondável de amor! Apesar de me sentir mergulhada nele, não o compreendia para o saber explicar; só o soube sentir, e só no Céu o compreenderei. Vi o doce Jesus abençoar o pão.
   De olhos fitos no Céu, em chamas  de fogo orou por tanto tempo a Seu Eterno Pai. Vi o seu rosto de tal forma inflamado, que mais parecia ter em Si a vida do Céu, do que ser uma semelhança nossa: não parecia homem, mas sim só Deus: amor, só amor.  Naquele momento de amor e maravilha sem igual, senti que o mundo era outro. Jesus dava-Se a ele em alimento; partia para o Céu e com ele ficava. Aquele amor estendeu-se por toda a humanidade.
    Que cena tão tocante, que cena só de amor, só de um Deus! E a Eucaristia, meu Deus, que maravilha, quando Jesus a instituiu!
    Nunca senti, tanto ao vivo, as ternuras e o amor de Jesus com os seus discípulos. Todos os discípulos comungaram das mãos de Jesus, abrasados em amor. Hei-de dizer que Judas comungou também. Ele estava mais afastado; Jesus estendeu a Sua divina mão para o lado dele com o Manjar celeste. Judas ficou logo como um condenado do inferno, tal era o seu desespero.
    Só na sala da Ceia experimentei, por alguns momentos, a grandeza do Seu amor, grande como o Céu e a Terra, grande como a mesma grandeza de Deus.
Como Ele amou; como Ele ama! Os Seus desejos que vivêssemos d’Ele e para Ele.
    Não sei como, eu era o alimento, eu era a Hóstia. O meu coração era o cálix, era o vinho, era o pão. Dali em diante, toda aquela cena seria renovada. Mas, oh! que horror, que eu vi: tantos Judas, a comerem e a beberem indignamente! Que línguas tão sujas! Mas mais horror ainda: mãos tão indignas a distribuirem este Pão e este Vinho! Mãos indignas, corações cheios de demónios! Que horror, que horror de morte! Senti tanta dor, que de dor e horror parecia-me rasgar a alma e despedaçar o coração. Senti também em minha língua de Judas, língua que ardia de fogo infernal, depois que comeu o Pão e bebeu o Vinho abençoado por Jesus. Judas, quase logo, saiu com a saca de dinheiro, para O ir vender. Fugiu, desesperado, a vomitar fora aquela Ceia celeste que, por Jesus, lhe tinha sido dada. E continuou a sua traição. Toda a assistência ficou em paz e amor. Queria poder fazer sentir a todos os coraçõe
s o que é o amor de Jesus para com a almas que verdadeiramente O  amam”.

    Jesus continua com as Suas queixas contra a onda de pecados que se cometem contra Ele, não obstante o Seu imenso amor manifestado na Sua Morte e na Eucaristia.
    A 15-2-1935, Jesus manda que o seu Director pregue isto:
    “Eu não posso ser mais ofendido! A profanação do Domingo, o pecado da gula, o suicídio, mais o da impureza, que horrendos crimes povoam o inferno! Que se levantem (acabem) os crimes que alastram no mundo; que senão, dentro em pouco, vai ser castigado. Que pregue assim por amor d’Aquele Jesus crucificado, e, por vosso amor, preso no Sacrário”.
    Não cessam as do Senhor pela maneira como é tratado no Santíssimo Sacramento, as a Alexandrina procura atender, escrevendo ela a 23-7-1938:
    “Pertence-me esta missão: dar almas a Jesus, viver alerta, na Eucaristia, sempre alerta, alerta com Jesus, como a borboleta para as chamas, como o pastor para o cordeiro”.
    A Eucaristia é a dupla chaga do Coração do Senhor:
chaga de amor e chaga de dor: a ingratidão.
    Comovente a Sua linguagem, a 8-11-1939:
    “Queres consolar-Me? Queres consolar o Santificador da tua alma? Vai aos Sacrários!... Vai praticar obra de misericórdia: vai consolar os tristes. Eu estou tão triste. Sou tão ofendido!” E a 4-10-1934: “Não tens compaixão de Mim? Estou nos Meus Sacrários tão só, tão desprezado, abandonado e ofendido... Vai consolar-Me e reparar-Me! reparar tanto abandono... Visitar os encarcerados e consolá-los é uma boa obra. Eu estou encarcerado, e encarcerado por amor. Sou o preso dos presos!”
    E a 1-9-1934:
    “São tantos, tantos, tantos, os Sacrários, em que sou deixado só. Durante dias e dias, as almas não Me visitam, não Me amam, não reparam; quando lá vão, fazem-no por hábito, por uma obrigação. Sabes que coisa nunca lá falta? Uma torrente de pecados e de crimes. São os seus actos de amor. Assim Me consolam, assim Me reparam; é assim que Me amam”.
    Quanto O magoa o pecado da descrença na Sua presença real, para dizer a 8-11-1934:
    “Não acreditam na Minha existência; não acreditam que Eu ali habito. Blasfemam contra Mim. Outros crêem, mas não Me amam e não Me visitam; vivem como se Eu não estivesse presente. Vai são tuas as  Minhas prisões. Escolhi-te para Me fazeres companhia nesses pequenos refúgios; tantos que são tão pobrezinhos!... Mas, dentro deles, que riqueza! Aí está a riqueza do Céu e da terra!”
    A 8-11-1934:
    “Eu estou como um pobre mendigo, sujo e despedaçado. Procurem as almas que esteja limpo e decoroso”.
    Jesus quer a Alexandrina apóstola da Eucaristia: “Faze com que Eu seja amado por todos, no Meu Sacramento de Amor, o maior dos Sacramentos, o maior milagre da Minha Sabedoria”, assim falava a l-11-1934: “Não te abandones ao sono; vai passar um pouco de tempo coMigo nos Sacrários”.
     A 14-1-1935, diz-lhe:
    “A Eucaristia é a Paixão recordada. Por isso, Minha esposa fiel, vai com o teu amor e com a tua reparação curar-Me as feridas que Me são abertas pelos delitos. As dores são mais horríveis que as do Calvário. Quantos cravos, quantas coroas de espinhos, e quantas lanças! Vai passar grande parte da noite nos Meus Tabernáculo do teu coração; e tu estás nos Meus, em todo o mundo”.
    A 1-11-1934:
    “Minha filha, o sofrimento, a cruz é a chave do Céu. Tenho sofrido tanto para abrir o Céu à humanidade; e, para muitos, inutilmente. Para salvá-los, escolho almas e coloco-lhes sobre os ombros da cruz. N
ão me recuses nenhuns sofrimentos, nem sacrifícios. Como antes que Eu vivesse no mundo, eram imoladas vítimas no Templo, assim, quero imolar o teu corpo, como vítima. Dá-Me o teu sangue pelos pecados do mundo. Ajuda-Me no resgate. Sem Mim, nada podes. CoMigo terás todo o poder, para socorrer os pecadores e para muitas coisas mais”.

    A 3-4-1935:
    “Tudo aquilo que os adoradores Me pedem na Santíssima Eucaristia será concedido; é a medicina para todos os males... Que rezem pelos infelizes pecadores, os quais, escravos das paixões, não se lembram de que têm uma alma para salvar e que uma eternidade em breve os espera”.
    A 1-11-1934:
    “Escreve que eu quero que se pregue a devoção aos Sacrários; que quero que se acenda nas almas a devoção para com estas prisões de Amor; não aqui somente por amor daqueles que Me amam, mas por todos; em todo o trabalho Me podem consolar; que seja bem pregada e bem propagada a devoção aos Sacrários, porque são tantos aqueles que, embora entrando na igreja, nem sequer Me saudam e não param um momento a adorar-Me. Eu quereria muitos guardas fiéis, prostrados diante dos Sacrários, para impedirem tantos e tantos crimes”.
   A 20-3-1942, escreve:
    “Ó meu Amor Sacramentado, não posso viver sem Ti! Ó Jesus, transforma-me na Tua Eucaristia! Mãezinha, ó minha querida Mãezinha, quero ser de Jesus, quer ser Tua!”
    O Senhor dizia-lhe a 7-12-1946:
    “Não te alimentarás jamais na terra. O teu alimento é a minha carne; o teu sangue é o Meu divino Sangue; a tua vida é a Minha vida, de Mim a recebes, quando te bafejo e acalento, quando uno ao teu o Meu Coração. Não quero que uses medicina, a não ser aquela a que não possas atribuir alimentação. Esta ordem é para o teu médico. É grande o milagre da tua vida”.
    A Serva de Deus tinha a promessa do Senhor de comungar todas as sextas-feiras. Faltando o sacerdote, era o mesmo Senhor ou um Anjo que lhe levava a Comunhão.
    Nessa altura, a Comunhão era distribuida com a seguinte fórmula: Corpus Domini Nostri Jesu Christi custodiat animam tuam in vitam aeternam. – O Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo guarde a tua alma para a vida eterna”. Quando era o Senhor a distribuir, omitia a palavra “Nostri” “Nosso”. A Sagrada Eucaristia pertence à Virgem Maria, como o fruto pertence à árvore. A Carne divina recebida na Comunhão é a carne gerada nas Suas puríssimas estanhas. A divina Eucaristia é também um dom de Maria. Por isso, Nossa Senhora não podia estar ausente da devoção eucarística da Alexandrina.
    No dia 25 de Março de 1934, agradece a Nossa Senhora de todo o coração por haver consentido que Jesus tomasse a Carne do Seu seio puríssimo, para a Redenção da humanidade: “Ó amável Senhora, eu quero um amor que seja capaz de tudo sofrer por amor de Vós e por amor do meu querido Jesus que é o Tudo da minha vida, porque Ele é luz que me alumia, é o Pão que me alimenta, o meu caminho só por o qual eu quero seguir”.

 Promessa sensacional
    A partir do dia da Anunciação, o Filho de  Deus passou a viver na terra entre os homens. Apesar do mistério da Ascensão, Ele continua a viver nela, com a intuição do Santíssimo Sacramento. Que coisa maravilhosa, a luz e o calor do sol! Sem sol, não haveria dia, seria sempre noite! E assim, que escuridão e que frio sofre a terra!
    No mundo espiritual, Jesus sacramentado é o coração da Igreja, é o Sol das almas que as ilumina, que as aquece, que as alimenta, que as fortalece. Sem esta celeste presença, que solidão, que vazio, que soledade! Sem este pão divino, que fome, que sede, que anemia espiritual.
    Jesus diz à Sua confidente:
    “Minha filha víti
ma  de Jesus, vítima da humanidade, vítima da tua pátria, do teu Portugal, Minha filha, louquinha da Eucaristia, ama-Me e faz-Me amado. É por ti que Eu quero ser amado. É de ti que Eu exijo grande reparação. Repara-Me de tantos sacrilégios, de tantos crimes e iniquidades. A tua dor atingiu o auge”.

    Jesus disse aos judeus (Jo. 6, 54): “Quem come a Minha carne e bebe o Meu sangue, tem a vida eterna e Eu ressuscitá-lo-ei no último dia”.
    Esta doutrina é confirmada pela revelação feita à Sua confidente, no dia 25-2-1949: “Minha filha, Minha esposa querida, faz com que Eu seja amado, consolado e reparado na Minha Eucaristia. Diz, em Meu nome, que todos aqueles que comungarem bem, com sincera humildade, fervor e amor em seis primeiras quintas-feiras seguidas, e junto do Meu Sacrário, passarem uma hora de adoração e íntima união coMigo, lhes prometo o Céu. É para honrarem as Minhas santas chagas, honrando primeiro a do Meu sagrado ombro tão pouco lembrada. Quem isto fizer, quem às santas chagas juntar as dores da Minha bendita Mãe e, em nome delas, Nos pedires graças, quer espirituais quer materiais, Eu lhas prometo, a não ser que sejam de prejuizo à sua alma. No momento da morte trarei coMigo Minha Mãe Santíssima para as defender”.
    “Ó meu Deus, como sois bom! Como é infinita e sem limites a Vossa misericórdia! Permite que todos comunguem bem, com as devidas disposições, para se tornarem dignos das Vossas divinas promessas. Alcançai-me, para mim, a mesma graça”.

 A Comunhão, o seu único alimento
    O alimento material é uma necessidade vital do organismo humano. Quem não come, acaba por morrer. A Alexandrina foi uma excepção à regra. Ela foi um milagre vivo da sagrada Eucaristia, que lhe alimentou também o corpo durante os últimos treze anos e meio da sua vida. O Pão Vivo descido do Céu foi pão, tanto da alma como do corpo.
    Foi completa a sua abstinência de comida e de bebida e a anúria, desde o ano de 1942, até à morte, sucedida a 13 de Outubro de 1955. E não se imagine que tenha havido fraude, pois esteve durante quarenta dias, desde 10 de Junho a 20 de Julho, de 1942, internada no Refúgio de Paralizia Infantil, na Foz do Douro, sob rigorosa vigilância de médicos e enfermeiras – ateia, pelo menos, uma.
    Fala o médico assistente, Dr. Azevedo: “Por vezes, via-a com dores quase insuportáveis; e, para que elas diminuissem, obrigava-a pedir a Deus ou à Virgem Santíssima a diminuição dessas dores, por algum tempo, e, coisa curiosa, era sempre ouvida, embora muitas vezes, ela fizesse esses pedidos contrariada, pois dizia-me que era preciso haver quem sofresse, em reparação dos pecados do mundo. Sorrindo, respondia-lhe que dissesse a Jesus que o corpo dela não era bigorna de ferreiro. E assim ia decorrendo o tempo, num sofrimento quase contínuo. Numa das primeiras semanas de Março de 1944, estava ela com uma gastralgia muito dolorosa, e eu dei-lhe, em duas ou três colheres de água, umas gotas de Bellafoline, e, minutos depois, as náuseas e dores eram horríveis. Não estranhei o caso; estava habituado a estas anormalidades da acção dos medicamentos, nesta doente”.
    Dias depois, no êxtase de 17-3-1944, ela perguntou:
    “Porque me faz mal o remédio, Jesus? Dai, dai a conhecer aquilo que quereis.
    “Faço isto, Minha filha, para que os homens saibam que só Eu basto. É para que o teu médico seja uma testemunha bem forte, diante de todos aqueles, que duvidam do Meu poder e da Minha vida nas almas. Não quero que tomes nada. O teu alimento sou Eu. A tua medicina sou Eu”.
    Fico calada, meu Jesus, mas Vós bem sabeis o que eu quero perguntar-Vos. Já que sabeis, então digo: Ainda hei-de comer antas de morrer, ou não, Jesus?
    “Não, não, filhinh
os; nunca mais, nunca mais. Eu chego para te saciar, não achas?”

    Para que dais a saudade da comida?
    “Para teu martírio; tido desse martírio grande, grande proveito. Mato as ânsias que tenho das almas, mato a fome que tenho de a todos possuir em Meu divino Coração”.
    Estou conforme, Jesus, com tudo o que Vós quiserdes. Não quereis que eu faça nada para meu alívio?
    “Tudo, tudo que possa ser Minha filha, e o que o teu médico entender, exteriormente. Eu quero, Eu exijo os teus alívios. Não quero que tomes nada, para provar o Meu poder, para que vejam os cegos. Cegos, que todo o custo, não querem ver. Mas ai daqueles que não virem; tremendas contas têm para Me darem. Mistério, mistério divino. Luz, luz, divina, que brilha em ti, para que a faças brilhar no mundo. Todos podem ver, todos podem compreender, a todos dou as graças necessárias”.
    E, no êxtase de 31-3-1944, ouviu-se o seguinte:
“Faz hoje dois anos que me tirastes, meu Jesus, a crucificação: Foi em sexta-feira das Dores. Que tormento para mim!”
“São anos litúrgicos, Meu anjo, mas não te tirei a crucifixão; não vês que ela continuou? Deixaste de ter a paixão, tirei-te a alimentação. Não é para ti grande tormento? Não deixei de te crucificar. Acendi novo farol”.
    No êxtase de 13-10-1944: “... tirei-te a alimentação, para que dês à humanidade só aquilo que é divino; tirei-te para dar luz aos cegos que não querem ver”.
    Palavras da Alexandrina, no dia 23-12-1948:
    “Quando penso em Jesus, na Eucaristia, fico deveras confundida com tanta loucura de amor. O que digo? É mais que loucura de  amor; não sei como Jesus, o nosso bom Jesus, nos pode amar tanto. O que vistes em nós, meu Jesus, que tanto Vos encantasse? O que foi que Vos obrigou a fazer-Vos prisioneiro de tantos séculos? Oh! que amor!
Ó Jesus, dai-me um coração que Vos ame e saiba corresponder às doçuras e loucuras do Vosso infinito amor. Quero viver presa por Vós, como Vós o viveis por mim”.
    No êxtase de 20-10-1944:
    “Dize, Minha amada, ao mundo que se converta; dize ao mundo que se reconcilie coMigo. Dize, Minha amada, dize ao mundo que ouça a voz de Jesus ecoar na mais alta montanha, no meio da mais tremenda tempestade. Haja emenda de vida, faça-se oração, faça-se penitência. Ou fogo, sangue e condenação, ou reconciliação, fogo de amor divino, paz e perdão. Alerta, Portugal, é Jesus Quem te avisa pelos lábios da Sua  vítima. Alerta, mundo inteiro; escuta a voz de Jesus, levanta-te, emenda-te, reconcilia-te. Escuta o Pai, que te chama, te avisa, que quer salvar-te. Coragem, coragem: salva, salva os Filhos Meus”.
    Ó Jesus acredito em Vós; porque sois Jesus, não posso duvidar da Vossa palavra divina. Duvido de mim, aterra-me a minha miséria. Só Vós sabeis o que eu sou”.
    “Coragem, confiança, Meu anjo; não pecas, não Me ofendes, estou contigo no meio dos teus mais tremendos combates. Como está o mundo! Que vejam os que te estudam e cuidam da Minha causa divina, a reparação que Eu exijo dos crimes da Humanidade. Só uma virgem inocente, só a maior das Minha crucificadas podia ter tal reparação. Vistam-se os nus, vistam-se os enfermos, haja modéstia, acabe-se a vaidade. Penitência, penitência; oração, muita oração. É Jesus que o pede; é Jesus que quer salvar o mundo”.
    Em 1928, a Alexandrina, já com três anos de entrevação, escreve:
    “Um dia, em que estava sozinha, lembrando-me de que Jesus estava no Sacrário, disse assim: - Meu bom Jesus, Vós, preso; e eu, também. Estamos presos, os dois. Vós, preso para meu bem; e eu, presa das Vossas mãos. Sois Rei e Senhor de tudo; e eu, um verme da terra. Ó Mãezin
ha, obtende-me que eu fique pura, que eu fique como um anjo. Pura como fiquei depois do meu baptismo, para que, pela minha pureza, mereça a compaixão do meu Jesus, de O receber sacramentalmente todos os dias e de possui-lO sempre em mim até dar o último suspiro. Mãezinha, vinde comigo para os sacrários, para todos os Sacrários do mundo, para toda a parte e lugar, onde Jesus habita sacramentado. Fazei-Lhe a minha humilde oferta... Ó Mãezinha, eu quero andar, de Sacrário em Sacrário, e pedir favores a Jesus, como as abelhinhas, de flor em flor, a chupar-lhes o néctar”.


Celeste poesia
    Ninguém tem uma sensibilidade poética tão apurada como os místicos. Fascinados pelos deslumbramentos do mundo sobrenatural, gritam a todas as criaturas que as ajudem a louvar, a glorificar o Senhor de tanta bondade e de tão grandes perfeições.
    A Alexandrina, com a requintada sensibilidade da sua alma de poeta, sente o coração incendiado pelas divinas loucuras do Prisioneiro dos Sacrários, e então, ela quer que tudo nela se multiplique em infinitos actos de amor eucarístico. É imenso, é quase infinito o número de seres que constituem a natureza. Ela, delirante de adoração, apossa-se deles, de todos eles, para os converter em outros tantos louvores eucarísticos. Ouçamo-la:
    “O Jesus, cá está a Mãezinha; escutai-A; é Ela que vai falar por mim, ó querida Mãezinha do Céu, ide dar beijinhos aos Sacrários, beijos sem conta, abraços sem conta, mimos sem conta, carícias sem conta, tudo para Jesus Sacramentado, tudo para a Santíssima Trindade, tudo para Vós! Multiplicai-os muito, muito, e dai-os dum puro e santo amor, dum amor que não possa mais amar, cheios dumas santas saudades, por não poder ir eu já beijar e abraçar a Jesus Sacramentado, à Santíssima Trindade, e a Vós, minha Mãe   querida. Ó meu Jesus, eu quero que cada dor que sentir, cada palpitação do meu coração, cada vez que respirar, cada segundo das horas que passar, sejam actos de amor para os Vossos Sacrários.
    Eu quero que cada movimento dos meu pés, das minhas mãos, dos meus lábios, da minha língua, cada vez que abrir os olhos ou os fechar, cada lágrima, cada sorriso, cada alegria, cada tristeza, cada tribulação, cada distracção, contrariedades ou desgostos, sejam actos de amor para os Vossos Sacrários.
    Eu quero que cada beijinho que Vos der nas vossas santas imagens, na da Vossa e minha querida Mãezinha, nos Vossos santos ou santas, sejam actos de amor para os Vossos Sacrários.
    Ó Jesus, eu quero que cada gotinha de chuva que cai do céu para a terra, toda a água que o mundo encerra, oferecida, às gotas, todas as areias do mar e tudo o que o mar contém, sejam actos de amor para os Vossos Sacrários.
    Eu Vos ofereço as folhas das árvores, todas as frutas que elas possam ter, as florzinhas oferecidas, pétala por pétala, todos os grãozinhos, sementes e cereais que possa haver no mundo e tudo o que contém os jardins, campos, prados e montes, ofereço tudo como actos de amor para os Vossos Sacrários.
    Ó Jesus, eu Vos ofereço as penas das avezinhas, o gorgeio das mesmas, a plumagem e as vozes de todos os animais, como actos de amor para os Vossos Sacrários.
    Ó Jesus, ofereço-Vos o dia e a noite, o calor e o frio, o vento, a neve, a lua, o luar, o sol, a escuridão, as estrelas do firmamento, o meu dormir, o meu sonhar, como actos de amor para os Vossos Sacrários.
    Ó Jesus, tudo o que o mundo encerra, todas as grandezas, riquezas, e tesouros do mundo, tudo quanto se passar em mim, tudo quanto tenho o costume de oferecer-Vos, tudo quanto se possa imaginar, como actos de amor para os Vossos Sacrários.
    Ó Jesus, aceitai o Céu e a terra, o mar, tudo o que contêm, como se fosse meu, e eu pudesse dispor e oferecer-Vos, como actos de amor
para os Vossos Sacrários”.

    O coração da Alexandrina é uma combustão viva de amor eucarístico, amor que a converte em abrasado serafim.
    Ela quereria amar infinitamente o seu Jesus sacramentado; mas sentindo a infinita pequenez do seu coração e olhando os seres da natureza, aproveita-os como amplificadores do seu amor.

Faminta as Sagrada Comunhão
    A Sagrada Eucaristia era o centro de gravidade, em volta do qual se movia o seu coração apaixonado pelo Senhor. A 1-8-1944, ela escreve:
    “Jesus, Jesus, não me deixeis sem Vos receber! Perder tudo, tudo, mas comungar! Perder tudo, mas possuir-Vos!
    Chamava à quinta-feira o seu dia, por ser o dia da instituição eucarística. Um dos seus maiores martírios era ficar privada da Comunhão. Disso se queixa, a 8-9-1950:
    “Passei dias sem receber o meu Jesus, nesta   semana. Custa-me tanto passar sem Ele, sem o receber!... Sofri dor que sei dizer, com a falta do meu Senhor. Quando vinha algum Padre que se prontificava a ir buscar-lO, sentia não sei o quê na minha alma, parecia-me que saía fora de mim, e ficava numa ansiedade indizível até que Ele chegasse. Jesus Sacramentado é tudo. Sem Ele não posso viver. Quem me dá Jesus, dá-me toda a riqueza do Céu e da terra”.
    A 21-9-1951, escreve:
    “Por o Sr. Abade não estar, passei esta semana três dais sem comungar. Senti a falta de Jesus. Tenho necessidade do Seu conforto, pois só Ele é a vida da minha vida, a força do meu sofrer. Mas sofria por não ter aquela pena que gostava de sentir, por não ter comungado. Mas ontem, que tive a dita de um sacerdote me dar Jesus, não sei o que senti. Logo que o meu coração ficou de posse d’Ele. Era uma grandeza tal, era o Céu em mim”.
    D. Maria José Neves Correia e Silva dá as suas impressões: “Uma devoção particular lhe notei: a da Eucaristia, a dos Sacrários abandonados. Vi-a, um dia, levantar-se da cama, e cantar e rezar, voltada para o Sacrário da sua igreja”.
    As almas famintas do Pão do Céu encontram as suas delícias na comunhão.
    “Havia talvez um ano, que recebia diariamente Nosso Senhor, pois até lá recebia-O raras vezes no mês, o que me fazia sofrer muito e sentir muitas saudades de Jesus. Não sei o que foi, mas talvez um milagre, que levou o Sr. Abade a trazer-me o Senhor todos os dias. Eu pedi a Jesus esta graça e foi uma das minhas maiores alegrias: alimentar-me do Pão dos Anjos, todas as manhãs”.
    Agradecendo a um sacerdote que lhe levou o seu Jesus, escreve a 11-11-1941:
    “É o alimento sagrado, sem o qual não posso viver. Morro por Jesus!”
    Foi vista, muitas vezes, arrebatada, depois da Comunhão. E uma vez, saltou da cama, para se ajoelhar diante da Hóstia consagrada, arrebatada diante do Senhor, colocado, pelo Pároco, sobre a mesa do seu quarto. Numa hora de adoração feita no seu quarto, narra:
    “Foi muito linda. Cantaram e eu também queria cantar, mas não sentia forças para o fazer. Mas sempre cantei alguma coisinha! À vista disto, mais me confundo e envergonho. Custou-me imenso conter-me, sem me levantar. Ao contemplar a Sagrada Hóstia, parecia-me que o meu coração voava para ela, e sentia ímpetos para ir ajoelhar-me junto dela. Parece-me que não convinha. Era o que mais me afligia, se não tinha forças para me dominar”.
    O Padre Felício que lhe deu várias vezes a Comunhão, escreveu:  “O seu olhar, sobre a Sagrada Partícula, quase dava a entender que via a presença real, no momento supremo em que, sobre a sua língua, se punha a Hóstia Sagrada”.
    A Comunhão era uma das suas maiores recomendações:
  
“Comunguem muitas vezes, comunguem sempre. O mundo vai mal, porque se comunga pouco. Se os homens comungassem, o mundo andaria melhor”.
    Deixou, como testamento, estas palavras, pronunciadas no dia da sua morte:
    “Comunguem muitas vezes, rezem o terço”.
    Se a Missa é o Jesus do Calvário imolado sobre o altar, ela devia ocupar um lugar cimeiro nas suas devoções. Falando das suas orações diárias, escreve:
“Depois, continuava: Ó meu Jesus, eu me uno em espírito neste momento, e desde este momento, para sempre, a todas as Santas Missas que de dia e de noite se celebram na terra. Jesus, imolai-me conVosco, a cada momento, no altar do sacrifício; oferecei-me conVosco ao Eterno Pai, pelas mesmas intenções por que Vós mesmo Vos ofereceis”.
    Era dia de festa, aquele em que tinha Missa no seu quarto. Escreveu:
    “Em 20 de Novembro de 1933, tive a graça de ter, pela primeira vez, no meu quartinho, o Santo Sacrifício da Missa”.
    Numa estampa, oferecida à irmã, diz:
    “Retribuamos, com o nosso amor, tantos benefícios recebidos de Jesus-Menino! O dia da minha Missa!... Tantas graças de Nosso Senhor e eu tão mal sei corresponder! Não te esqueças, minha irmã, que foi no dia  29-12-1937 que Nosso Senhor veio, pela 13.ª vez, baixar do Céu à terra, neste pobre e humilde quartinho”.
    A medida que se aproxima o fim da sua permanência neste mundo, redobram os apelos à prática da Eucaristia e do Rosário.
    A 19-11-1954, é Jesus quem fala:
    “O mundo peca loucamente, dia e noite. Não cessa de desafiar a Justiça de Meu Pai. Muitas almas levam vida de vícios. Os maus exemplos abrem abismos para a perda de tantas, tantas almas. Vigilância à Igreja. Principie a Igreja. Haja uma renovação de vida . Minha filha, oh! como eu vejo o mundo! O que espera do mundo! Chama para Mim as almas! Recebe o Meu Sangue! Vive a Minha vida! Faze viver esta vida! Fala da Eucaristia! Dize, dize que ali estou como homem e como Deus! Dize que quero que Me amem como Eu amo. Fala-lhes do amor aucarístico e da necessidade em Me receberem. Fala-lhes do Rosário. Fala-lhes do amor da Minha bendita Mãe”.
    Isto dizia Jesus, já no último ano da sua vida, 7-1-1955.
    E a 26-11-1954:
    “Escuta, louquinha das almas! Escuta, louquinha da Eucaristia! Estou aqui só por amor. Os homens não compreendem este amor. Estou aqui para ser Alimento e Vida. Os homens não querem alimentar-se e viver a Minha vida. Fala-lhes do Meu amor. Comunica-lhes o Meu amor... Pede às almas para virem ao Sacrário e viverem do Sacrário”.
    “Mostrando-me o Rosário, fez-me sentir, como se nas minhas mãos o enleasse muito, e continuou: “Fala do Rosário da Minha Bendita Mãe. Fala às almas dos grandes meios de salvação”.
    Está já no fim do penúltimo ano da sua vida, 10-12-1954, e Jesus Eucaristia continua a revelar-Se-lhe. Eis a descrição da sua visão:
“Apareceu um altar. A porta do Sacrário estava aberta. As Hóstia, brancas, no cibório. Jesus sentou-Se ao lado do altar, e fez que o outro lado eu me sentasse também. Não vi os assentos em que nos sentámos. Jesus, sobre o altar, colocou a  Sua mão e, sobre ela, a Sua sacrossanta cabeça. Ele fez que eu fizesse o mesmo. A minha mão direita ficou unida à Sua mão esquerda. De dentro do Sacrário, daquelas Hóstias tão brancas, saíam raios dourados e mais brilhantes do que o sol, passaram por entre nós. Jesus, cheio de doçura, dizia-me: “Minha filha, mimo eucarístico, estou ali, no Sacrário, naquela Hóstia pura, em corpo, alma e divindade, tal como estou aqui. Confia, Minha filha e esposa querida! Fala ao mundo deste mistério. Diz aos homens que se abeirem de Mim.
Quero dar-Me a eles, muitas vezes, todos os dias, se for possível. Que venham com os seus corações puros, muito puros e sequiosos. Se vierem ao Sacrário com a devidas disposições e rezarem o Rosário ou uma parte do Rosário, todos os dias, nada mais é preciso para que se afaste a Justiça de Deus. O Rosário, o Sacrário e as Minhas vítimas são suficientes, para que o mundo seja dado o perdão e a paz. Quem vem ao Sacrário, vive puro. Quem vive à sombra da Minha bendita Mãe, vive da Sua Pureza. E assim, a humanidade vive a vida nova, pura e santa, tantas vezes por Mim recomendada, neste quartinho”
. Desapareceu esta visão e eu fiquei nas trevas a repetir o meu “creio”.

 
PS. Um relato sobre a vida desta grande mulher, estará no nosso próximo livro: O Pai Faz Milagres




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