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24/06/2005
Perdoar


Montanha - 02 Perdoar
Montanha - 02 Perdoar

1ª MONTANHA
O PERDÃO!
 
     Para começar as nossas escaladas, devemos escolher uma montanha primeiro. Talvez não sigamos uma ordem de importância, mas vamos por esta: O Perdão! Para o homem, talvez o maior dos entraves ao seu crescimento interior seja saber perdoar. Seja buscar o perdão! De fato, esta é uma das coisas mais difíceis para todos nós, porque ela pressupõe um enorme desprendimento e uma dose enorme de humildade. No Evangelho, Jesus nos manda perdoar, não apenas uma, nem sete vezes, mas sempre. Ora, conviver com uma pessoa que é contumaz no erro, que ofende aos outros gratuitamente, que nos ataca, nos critica e calunia sem qualquer fundamento é muito difícil para qualquer um, continuar perdoando. Sempre!
 
     Nós parecemos dotados de um instinto natural de ferocidade, quem sabe advindo de nossos mais recônditos e belicosos ancestrais, que nos impele naturalmente ao revide, à busca da vingança, à busca de dar o troco na primeira oportunidade. Assim, o primeiro impulso em qualquer situação destas, é imediatamente deixar nosso espírito arquitetar algum tipo de revanche – quando ela já não sai no braço ou no palavrão e no revide – alguma forma de nos podermos vingar, mas perdoar, difícil. É um grande perigo, porém, não conseguir dominar e cortar logo, pela raiz, este sentimento de ódio, porque ele pode ampliar-se sempre mais, e nos fazer tremendamente infelizes. Alimentar por muito tempo estes sentimentos faz um tremendo mal para a pessoa, e pode leva-la facilmente à morte eterna. É preciso então aprender a perdoar! Sempre!
 
     E este perdoar, não significa apenas dizer da boca para fora: eu perdôo fulano, mas “é ele pra lá, e eu pra cá”. Isso é cinismo puro! Com certeza, a mesma atitude terá Deus no momento do acerto de contas: é você pra lá, e Eu pra cá! Ou seja, longe de Mim, tu que praticas a iniqüidade! Óbvio que nós não temos o dom de esquecer das ofensas e ingratidões recebidas, mas perdoar significa não mais lembrar continuamente a ele, aquele fato, para não reavivar a ferida, nem aumentar a dor. É este furucar contínuo na mesma chaga, este bater impertinente na mesma tecla, a causa de dilúvios de maldições e de ódios. E isso significa não saber perdoar! Isso significa continuar guardando mágoa, rancor ou ódio, dependendo da intensidade do sentimento.
 
     E o difícil ato de perdoar, tem ainda um supremo efeito. É que, para que haja o pleno perdão e o encerramento daquele fato, é preciso que aquele que foi ofendido é que vá pedir perdão ao que ofendeu. É aí que mora a dificuldade. Normalmente o demônio tem o seu trabalho facilitado, porque de um lado ele não permite que o agressor gratuito se ache culpado, fechando-lhe o coração. De outro lado, incita o que foi agredido a manter-se amuado e beiçudo, não dando o braço a torcer e assim ficam ambos a espera de uma iniciativa que não vem. Enquanto isso o inferno prende um e outro!
 
     Entretanto, se por acaso, aquele que ofendeu tomar finalmente a iniciativa, nunca saberá se foi efetivamente perdoado. Mas se o ofendido tomar a iniciativa, isso quebrará a força do inferno, porque o demônio foi o primeiro a não pedir perdão a Deus quando errou, e por isso ele abomina, odeia, que os homens façam isso. Afinal, isso é prova de orgulho, mais uma semente maldita dele. Eis porque ataca tão furiosamente a confissão individual a um sacerdote, porque ela significa humilhar-se diante de Deus.
 
     Sim, a confissão a um padre da Igreja católica! Porque o verdadeiro e completo perdão, não termina com o simples aperto de mão ou o abraço dos contendores, mas tem que passar necessariamente pelo sacerdote e pelo confessionário. É ali que se consuma o verdadeiro perdão diante de Deus, é ali que tudo se encerra, diante do justo Juiz. E isso inclui confessar, também o desejo de vingança arquitetada, mesmo que ele não se tenha consumado. Muitos esquecem disto e depois pa
gam no purgatório... Ou no inferno!
 
     Ora, aqui temos um novo e verdadeiro abismo a transpor, a boa e santa confissão. Diz o ditado, que o inferno está cheio que pessoas que se confessam. Sim, se confessam mal! Ou seja, de pessoas que fazem confissões mascaradas, mal feitas, que vão ao confessionário não para humildemente pedirem e assim obterem o perdão de Deus – somente isto – mas antes para justificarem as suas faltas, para colocarem a culpa dos seus pecados nos outros, ou para esconder seus pecados de estimação pensando enganar a Deus.
 
     Porque, fácil, muito fácil é pecar, difícil, muito difícil aceitar que se é pecador e realmente pedir perdão ao Pai. Fácil, muito fácil é cometer a falta, difícil, muito difícil é se ajoelhar diante de um sacerdote num confessionário e pedir perdão a Deus. Nos temos uma facilidade enorme de cometer as faltas diante dos homens, mas temos uma vergonha imensa de confessar isso diante de Deus pelo sacerdote, como se Deus já não soubesse tudo. Esta vergonha nos é posta pelo diabo, não por Deus. Está ai um verdadeiro desafio que nos é imposto nesta época de penitência: Fazer uma boa confissão! Mas como chegar a isso se o povo não sabe se confessar, nem sabe mais o que é pecado?
 
     Para começo de conversa, é preciso saber que não existe confissão direta com Deus. Tem muita gente indo para o inferno por causa destas confissões “diretas”. Isso é muito fácil e na maioria das vezes não tem nenhum valor, porque descumpre as regras básicas da Igreja. Para isso Deus instituiu o sacerdócio e a Igreja Católica. Somente através dos sacerdotes, é que se pode conseguir o perdão de Deus, de todas as nossas faltas. Ele é a nossa ponte única, pois isso só se consegue num confessionário, humildemente ajoelhado, não somente os joelhos, mas com o coração contrito e humilhado, contando as suas faltas ao padre, declarando e enumerando todos seus pecados a ele, porque somente os pecados que ele ouve, é que ele pode perdoar. Os que a pessoa cala – ou por esquecer ou por vergonha – ficam retidos, e na conta da eternidade. Eis ai a grande importância dos sacerdotes. Eis ai a importância de um bom exame de consciência, antes!
 
     Neste particular da confissão, devo sair em defesa de muitos padres – claro que existem alguns menos avisados, que não querem saber de confissão nem de confessar. Rezemos por estes! Mas milhares de pessoas reclamam que não encontram confessores, porém sei de padres que têm verdadeiro desespero em entrar num confessionário, por causa de certas pessoas – especialmente mulheres – que fazem do confessionário uma pocilga de fofocas, que vão lá para falar mal dos outros, para criticar vizinhas e amigas, até os filhos, amigos e parentes, tentar namorar o padre, para falar sobre seus problemas sexuais e relacionamentos íntimos e que despejam sobre o pobre sacerdote uma arenga fedorenta, que nada tem a ver com uma boa confissão, antes com um libelo acusatório.
 
    Dou alguns exemplos célebres: A moça ou o moço que transou antes do casamento vai e diz ao padre: Eu fiz isso, mas o culpado foi meu parceiro que me tentou demais! Ora isso não é confessar-se e sim acusar o parceiro. Outra pessoa inventou calunia e vai se confessar, mas ao invés de assumir a culpa da calunia, ou de haver aumentado a fofoca, diz que não tinha intenção de prejudicar ninguém. Tudo isso é tentativa de eximir-se da culpa, que implica em confissão mal feita e mascarada. Também o fato de não contar um pecado, de esconder, já de saída implica em invalidar toda a confissão. Isso, meus amigos, tem dado muito mais infernos do que se pode imaginar. Ao padre você pode até enganar, mas é puro cinismo querer enganar a Deus.
 
     Em verdade, não há sacerdote que resista a investida de muitas pobres almas destas, porque isso angustia a qualquer um. Quem suporta ficar por horas seguidas a ouvir estas coisas? Isso é fazer do confessionário uma latrina, não uma clínica celeste. Isso é fazer do padre um curandeiro, não um médico de almas. Os pecados, sim, pela graça de Deus, m
as estas pocilgas de lama pessoal de culpa própria, não! Isso ai, se lava antes de vir ao padre! Isso se resolve antes, irmão com irmão! Imaginem quantas milhares de pessoas não sabem fazer sequer uma confissão bem feita? Como se podem salvar?
 
     Nestes casos, os padres deveriam agir como Frei Pio e o Cura de Ars, que tomavam estas cirigaitas, ou estes mal intencionados, e os agarravam pelas vestes e aos berros os expulsavam do confessionário. O Frei Pio, expulsava em média 30% dos que vinham confessar pela primeira vez, porque mascarados, chegando a chamá-los de palavrões, como “porcos”. Ele sabia que, depois, eles voltavam arrependidos e vinham fazer boas e contritas confissões e não para tentarem enganar ao padre e a Deus. Esta média de 30% bate com as revelações de Nossa Senhora para Dorothea, nas aparições de Erechim, onde ela disse que 30% das mulheres fazem comunhões sacrílegas, por confissões mascaradas, ou por falta de confissão.
 
     E nós já encontramos homens e mulheres que se perderam por causa dos sacrilégios, prova de que o problema é sério. Tudo isso devido à falta de quebra do ciclo do perdão, que vai do ofendido ao que ofendeu, e vai de ambos para o confessionário em humildade. E assim, se muitos padres não confessam mais, muitas vezes a culpa exclusiva é dos que os atormentam com fofocas, intrigas e futricas. E assim, sem um arrependimento sincero, sem um firme propósito de emenda, sem a aceitação perfeita da própria culpa, a confissão é inválida! O perdão não acontece, e a alma fica ainda pior. Enfim, quem não perdoa, não recebe o perdão de Deus, e é sempre uma pessoa doente. 
 
    Ora, quem me diz que perdoar é fácil, não sabe do que está falando. Isso é para cada um de nós um verdadeiro suplício. Eu próprio guardei mágoas por mais de 30 anos, de uma pessoa que me perseguiu injustamente. Eu era um a criança e ela me esmagou. Me dilacerou. Me perseguiu e mesmo sabendo depois, que aqueles que me acusaram eram maus, mentirosos e foram expulsos da escola, jamais esta pessoa me procurou, mesmo que eu tivesse convivido com ela depois da expulsão daqueles infelizes meninos. Então foi minha Cruz! Eu muitas vezes sabia que estava errado odiar, não ódio, mas mágoa, dor que não queira ninguém passar. Mas, é claro, havia um diabinho que me fazia a cabeça durante aquele tempo todo.
 
     Verdade, mil planos de vingança foi o mínimo que arquitetei contra aquela pessoa. Eu sofri tanto, que não tinha coragem de falar sequer para alguém, porque eu parecia sujo, imundo, como se aquela situação me tivesse impregnado inteiro, tal que se eu contasse para alguém aquele fato, acabaria por contaminar a outra pessoa também. Veja até onde se pode chegar. E isso foi até que um dia, me abri completamente para uma pessoa amiga, desabafei completamente, e vi que tinha sido um procedimento tolo ficar sofrendo aquele tempo todo. O fato, porém, é que nunca mais encontrei aquela pessoa, para com ele ter uma conversa franca e aberta. Já tentei localiza-la através de amigos, mas nunca consegui saber seu paradeiro. Por isso o sentimento que ainda permanece é o de que ele já morreu. Não consigo pensar outra coisa. Mas já muitas vezes rezei por ele, prova de que já o perdoei de fato.
 
     Se você, pois, tem no seu coração qualquer tipo de mágoa contra outra pessoa, porque algo que ela lhe tenha dito, ou feito, ou deixado de fazer, procure-a urgente, se você quer voltar a ser feliz. Peça-lhe perdão, e volte a ter verdadeira alegria de viver. Acredite, é como tirar um fardo de toneladas de peso da nossa alma.
 
É maravilhoso perdoar! Trata-se de uma das mais lindas provas de amor!
 
O perdão vem de Deus!
 
Aarão!
 
 
 



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