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24/06/2005
Corrigir-se


Montanha - 08 Corrigir-se
Montanha - 08 Corrigir-se

2040512 7ª MONTANHA
CORRIGIR-SE
 
     Eis ai outra montanha quase intransponível. E cada um de nós pode fazer um exame de consciência, do quanto já progrediu nesta escalada: aceitar mudar para melhor! Nós precisamos ver se nós estamos próximos ao cume, ou ainda no vale profundo da absurda teimosia e agarramento às nossas falsas concepções. O ato de se corrigir, de se emendar, implica primeiro em aceitar-se pecador e falho, em reconhecer a nossa falta, reconhecer que estamos errados e isso requer uma brutal dose de humildade, porque pouca coisa não serve.
 
     Um outro requisito básico para conseguir se dobrar no rumo da verdade real, não fingida, não escamoteada, não própria – a verdade de Deus – sem dúvida é saber escutar, não só ouvir, apenas, por um ouvido, e deixar sair pelo outro. Escutar, entender, compreender e finalmente aceitar a correção na medida do necessário e até do não necessário, esta uma grande, uma imensa prova de sabedoria.
 
     Eu tenho inclusive por mim esta dificuldade imensa, que vem desde a infância tanto que, ao perceber já desde criança esta minha teimosia absurda em me reconhecer errado, tomei por antídoto um provérbio que já citei em meus artigos: Quando virdes e barba do teu vizinho arder, põe a tua de molho! Penso que foi pelo Espírito Santo que adotei este lema, o número um de minha vida. Isso significa, observar o que os outros fazem de errado, ou onde eles foram atingidos e sofreram, para não cair na mesma falta, nem ser chamado a atenção. Significa antecipar-se à reprimenda, corrigir-se antes de ter que ouvir um conselho mais direto e mais duro, seja de quem for!
 
     E isso deve começar desde criança. Tenho certeza, falando por mim, que se Deus não tivesse me dado a graça de entender isto e me fazer caminhar obstinadamente no sentido de cumprir este voto, eu penso que corria o risco de me perder eternamente, porque pertenço a uma família tradicionalmente teimosa, obstinada, aferrada à suas posições e que não aceita fácil uma reprimenda. Penso que nenhum dos meus 11 irmãos, nem meu pai ou minha mãe escapam desta mesma dificuldade. Acreditem, somente nestes últimos 10 anos já dentro da caminhada, com a oração, consegui avançar na minha subida.
 
     Claro que isso implica num policiamento constante, num caminhar progressivo, dia após dia, dia e noite, e por isso nada como se antecipar fazendo com que sejam mínimas as situações vexatórias, de sermos chamados atenção. Quem gosta disto? Quem aceita facilmente, sem espernear? Na maioria dos casos a pessoa tenta se defender. Coloca a culpa nos outros, arranja um destes chavões surrados que o diabo ensina a dar, e na maioria das vezes fecha os ouvidos totalmente à correção. Nunca aceita que pode estar errada, que precisa mudar e interiormente sofre com isto! Maldita teimosia!
 
     De um modo geral as pessoas não são dóceis e reagem com dureza. Dentro da família, pais, irmãos, netos, é comum uma família perceber o erro dos filhos da outra ou até do próprio casal. E são comuns os comentários sobre a vida dos outros – já falamos nisto – muitos até verdadeiros e no sentido real de ajudar. Mas normalmente a família errada, entra em transes de fúria, mandando que “cada um cuide de sua própria vida”. E com isso continua no erro, e sofre, e tantas vezes acaba se desmantelando por causa da sua absurda teimosia em não ver o erro e não aceitar a correção nem se corrigir.
 
     A caridade cristã, entretanto, nos cobra atitudes. Quando nós sabemos que algum de nossos irmãos está em falta, nós não podemos ficar calados, permitindo que ele continue a se prejudicar ou aos outros. O texto de Mateus 18, 15-17, dá o caminho que a gente deve seguir para a correção fraterna. O que muitas vezes dificulta tudo, é quando a pessoa que está errada é quem tenta corrigir os outros. Aí, muitas vezes é difícil “engolir o sapo”, e não é todo mundo que consegu
e agir com calma sem perder as estribeiras.
 
     Estas situações são típicas daquelas pessoas que possuem vícios graves, como o da bebida, cigarro e drogas. Qualquer pessoa, com um mínimo de inteligência, sabe, porque sente, que este vício lhe prejudica o organismo. O beberrão contumaz, jamais aceita que a bebida lhe faz mal, pois o álcool lhe embota os sentidos e o raciocínio. É, então um doente! Ele sabe que está se prejudicando e à família, entretanto sarcasticamente ainda goza dos outros. Tenta fazer-se de engraçadinho e acaba nunca mudando ou sempre adiando a mudança de vida.
 
    Certa vez, caiu-me às mãos um questionário de dez perguntas para ser aplicado às pessoas que tinham o vício da bebida. Tínhamos um caso em família, de uma pessoa que sentava numa mesa e só sai quando tinha tomado 12 cervejas e uma garrafa de pinga. De fato, ele tinha um estômago absurdamente forte, sendo capaz de comer formigas e outras coisas estranhas, sem qualquer problema. Ele pensava que esta força nunca ia acabar e por isso se achava o máximo. Certo dia de manhã – pegando-o ainda sóbrio – resolvi aplicar-lhe o teste. Combinei com ele, que respondesse com sinceridade, e eu iria provar que ele já era um alcoólatra. Ele disse: duvido! Pois entre 10 perguntas, ele caiu em 9.
 
     Ou seja, estava no limite extremo, mas não aceitava a correção de forma alguma. Como tudo isso terminou? Num coma alcoólico, numa quase morte, com a destruição dos neurônios e a perda irreversível de parte de sua fantástica memória. Grande parte de sua vida incrível, de suas aventuras anteriores, ele esqueceu completamente e nunca mais recuperou. Sim, depois disso ele finalmente largou o álcool, mas continua, ainda hoje muito fragilizado, mesmo passados muitos anos.
 
     Este o resultado de pessoas que não aceitam a correção, não se acham errados e dão aquelas tolas repostas que o capeta lhes ensina. E riem de sua própria tolice, achando que os outros engoliram a sua reposta. Todas as pessoas que têm estes vícios que lhes abreviam a vida, terão largas contas a prestar a Deus, quando chegarem ao julgamento. A primeira pergunta que Deus lhes fará será esta: que fazes aqui tão cedo? De fato, quantos milhares de pessoas poderiam ainda estar vivas e alegrando suas famílias, não fossem os malditos vícios.
 
     Na verdade, o ter que reconhecer o próprio erro, é como se carregar de uma pesada Cruz, que a gente ergue com dificuldade. Principalmente quando publicamente somos chamados à atenção por alguém. Mesmo quando adultos ficamos desconfortáveis, como aquelas crianças arteiras que são achadas em falta: não há quem não se ruborize e se encolha intimamente. É difícil, é quase insuportável, mas quem tem uma docilidade mínima, baixa a cabeça, medita em seu coração, percebe que está errado e tenta se corrigir.  Então é preciso respirar fundo, erguer a cabeça e seguir avante, especialmente se a correção couber.
 
     É preciso primeiro dobrar o coração, porque um coração arrogante, jamais aceita a correção e sofre muito, porque fatalmente a consciência, constantemente o acusará da sua falta de humildade. Sim, quem aceita a correção é essencialmente humilde, quem não aceita é um néscio, um tolo, assim está dito na Bíblia. Falando em Bíblia, um dia todos nós passaremos pelo Julgamento de Deus. É preciso que, mesmo a duras penas, nos exercitemos em vida no sentido de aceitar nossas faltas, de nos reconhecermos pecadores, porque diante de Deus não teremos como colocar nos outros a culpa dos nossos atos. Para tudo existem testemunhas, e existe um filme na nossa frente a mostrar tudo. Dali não há escapatória, não há desculpas.
 
     Milhares de almas se perdem, por causa de uma absurda teimosia e uma negação sistemática em se corrigir. Em aceitar suas falhas, suas faltas e seus pecados. Neste sentido, se poderia dizer que o maior pecado que existe é a teimosia. Pois só os teimosos vão para o inferno! Teimoso pois, é quem não aceita que está errado, não se corrige e por isso morre eternamente. Eles são absurdamente teimosos
em vida e continuarão assim depois da morte, não aceitando suas faltas mesmo que Deus lhes mostre as provas e lhes apresente as testemunhas. Em síntese: todo aquele que é capaz de se corrigir em vida, com certeza absoluta se salvará eternamente, pois terá com certeza a contrição final.
 
     E isso nos leva para o caminho do confessionário. Temos visto que a maioria das confissões que hoje são feitas, embora poucas, são ainda sacrílegas porque mal feitas. A maioria das pessoas não sabe, ou finge ignorar, que antes de entrar no confessionário existem dois pré-requisitos importantíssimos entre outros: A contrição profunda, e o firme propósito de emenda. Contrição profunda, significa o reconhecimento inegável da falta, a aceitação de que se está errado sem desculpas, negações ou fingimentos. O firme propósito, implica em prometer firmemente a Deus, não voltar a cometer os mesmos pecados. Quantos que vão ao confessionário fazem antes isto?
 
     Ora, se não fazem em vida, tendo apenas o sacerdote por testemunha, que acontecerá com esta alma no céu, tendo Jesus como Juiz diante de si, tendo diante dela a testemunha de cada pecado cometido, cada pessoa que prejudicamos, que ofendemos, que magoamos, e tendo ainda o filme do nosso ato bem diante de nossos olhos, em uma tela gigante? Eis o motivo pelo qual devemos nos corrigir agora, para depois não sofrer. A nossa vida deve ser um contínuo corrigir-se no silencio e na tenacidade, para que não sejamos mais tarde duplamente achados em falta. Primeiro diante dos homens, depois diante do próprio Deus.
 
     Quem leu a mensagem “Os Irmãos”, no site, percebeu que um irmão pagou 45 anos de purgatório, o seu e o de seus quatro irmãos que praticavam sexo entre si, apenas porque sabendo de tudo, ele nunca falou nada a nenhum deles. Não os alertou! O texto de Mateus acima, nos remete a isto: somos responsáveis uns pelos outros, e não podemos nos omitir diante da falta contumaz de um irmão, sob pena de conivência, e sob pena de termos que pagar duramente por nossa omissão na eternidade.
 
     Como diz São Paulo: “Se alguém for surpreendido numa falta,  vós que sois amados pelo Espírito, admoestai-o em espírito de mansidão. E tem cuidado de ti mesmo, para que não caias, também em tentação” (Gal 6,1). Necessário, então, alertar, mas em espírito de mansidão, com calma e carinho, jamais com a pose autoritária de quem não comete falta alguma. Afinal, se não cometemos tais faltas, nem nossos filhos, quem nos garante que tal não poderá acontecer com nossos netos? Ninguém está livre dos efeitos negativos que pode provocar uma língua arrogante. O que se cospe para cima, fatalmente cairá! E pode cair justo na própria cabeça. Muito cuidado, pois, com as correções arrogantes! Eles já assumem, antes mais nada, uma dura condenação!
 
     Penso, assim, que dá para ter uma idéia da importância de nos autocorrigirmos, isso para evitar que sejamos chamados à atenção. Claro que a grande correção que todos nós devemos prover na nossa vida é para evitar o pecado. Nem tudo é pecado, mas nem tudo é bom. Somos livres para muitas coisas, mas nem tudo edifica. Nossa grande, verdadeira  e maravilhosa liberdade é amar a Deus. Se O amássemos decididamente, não haveria correções a fazer. Nem haveria necessidade de reprimendas.
 
     Enquanto isto, São Paulo nos exorta a “levar uma vida digna da vocação a que fomos chamados, com toda a humildade e amabilidade, com grandeza de alma, suportando-nos mutuamente com caridade” (Ef 4, 2-3). É difícil? Sim! Mas não impossível!
 
No Novo Reino, não teremos estas coisas! Rezemos para que Jesus venha logo!
 
Arnaldo
 



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