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31/10/2005
O Sacrifício


Deus - 08 O Sacrifício
Deus - 08 O Sacrifício

2051011 O SACRIFÍCIO
 
     “Fazei isso em Minha memória”! Fazei isso em memória da Minha Paixão! Há tempos que me guardo e me preparo para o momento de voltar a escrever sobre a Santa Missa. Tenho falado sobre a “abominação desoladora” predita pelo profeta Daniel – e lembrada por Jesus – no Evangelho de Mateus, também tenho lembrado a derrubada de milhares de sacrários em toda a terra. O sentido é um só: preparar o nosso povo, para a grande tribulação que se avizinha, pois os sacrários estão caindo, estão vazios, morrendo!
 
     Missa é sacrifício! Incruento – sem derramamento visível de sangue – mas sempre um sacrifício, porque rememora, relembra, revive, renova e reativa o Grande Sacrifício da Cruz, quando um Deus derramou Seu Sangue preciosíssimo, para remir a humanidade caída pelo pecado de Adão e Eva, e nos abrir a porta do Céu. Na Santa Missa Jesus não derrama Seu Sangue como outrora, mas misticamente, isto é, misteriosamente sofre as mesmas dores, os mesmos inauditos tormentos, sofre sim, ou Missa não seria Sacrifício.
 
     Missa é um Mistério estupendo, indescritível, inimaginável, que olhos humanos não vêem – se vissem o homem morreria de felicidade – do qual fazemos ver, apenas uma minúscula sombra, pálida descrição. A Santa Missa é a renovação incruenta do Sacrifício do Calvário. É o mesmo e único Sacrifício infinito de Cristo na Cruz, que foi solenemente instituído na Última Ceia. Nesta cerimônia ímpar, Cristo é ao mesmo tempo vítima e sacerdote, Se oferecendo a Deus para pagamento dos pecados, e aplicando a cada fiel seus méritos infinitos. Quem quiser se aproveitar destes méritos infinitos terá certamente a garantia da Vida Eterna. Jesus prometeu isso, está no Evangelho em João 6.
 
    Eis como se desenvolve o grande Sacrifício da Vida. Assim eu sinto que deve ser!
 
    Batem os sinos na capela! Abre-se o véu do templo! Abre-se o Templo do Céu! É Domingo, dia do Senhor! É hora da Santa Missa! Já antes, bem antes, nas casas milhares de Anjos da Guarda acorrem pressurosos a acordar seus protegidos, a chamar os eleitos. Sim, somente os eleitos podem participar de tão grande milagre. Uma alegria incontida toma conta das miríades de seres celestiais. Felizes aqueles – homens, mulheres, crianças – que acordam ou aceitam o convite e que ligeiros, pressurosos, cheios de amor se vestem lindamente – e decentemente – para participar deste grande mistério. Os anjos contam cada um dos seus passos! Cada passo rumo ao novo “Calvário”, uma graça, cada graça uma benção especial, cada bênção um degrau rumo ao Céu. Deus não Se deixa vencer em generosidade e ama acima de tudo a aqueles que amam à Santa Missa.
 
     Para os que a vivem o mistério continua. Mais uma vez, e mais outra os sinos dobram. Ali por perto, em algum lugar, um homem de Deus prepara-se para o Grande Sacrifício da reconciliação. Um homem, simples criatura, que tomará dali a pouco o lugar visível do Sumo Sacerdote Jesus Cristo, o grande, o eterno e perfeito celebrante por excelência. Ele está contrito, tem a cabeça baixa e está pensativo. Compungido interiormente, ele se mantém humilhado, mergulhado no mistério, pelo assombroso momento do qual terá ele a honra de participar, se poderá dizer, de ser, pois emprestará seu corpo ao Sacerdote Eterno. O sacerdote se mantém agora em oração, em adoração, em preparação interior, pois se sabe pequeno demais, para exercer tamanha responsabilidade. Neste momento sublime, ele deveria estar deitado no chão, rosto voltado para a terra, terra que haverá de beber o Sangue do Deus Altíssimo, para a salvação de muitos homens.
 
     Se o sacerdote estiver realmente preparado para celebrar o grande Mistério da Paixão de Jesus, antes de entrar para a celebração ele repetirá aos circunstantes as mesmas palavras de Jesus: Minha alma está triste até a morte! Por
que a Missa não é representação, não é teatro, não é mera ceia, não é show, nem jamais um palco de vaidades e de experimentos. Missa é profundidade! Missa é coração esmagado pelo peso da Paixão iminente! Missa é dor e é sofrimento, eis que o sacerdote deveria gritar aqui como Jesus gritou: Pai, se for possível, afasta de  Mim este Cálice!
 
    Mas o ritmo não para! Dentro da Igreja o altar do sacrifício, o pequeno Calvário, mas real e assombroso. Há uma revolução ao seu redor! Quase em disputa, milhares de anjos rodeiam o altar, cada um procurando o “melhor lugar”, o mais próximo de onde logo estará o Divino Celebrante, o próprio Cristo, o nosso Deus. Estão em silêncio profundo! Falo em silêncio interior, porém em suaves melodias de instrumentos celestes, coros angélicos repetem sem cessar os mais sublimes cantos. Músicas divinas, suas bocas cantam o louvor eterno ao Deus Altíssimo, ao Pai Santo, que Se compráz neste amoroso e eterno Sacrifício. Que o aceita em reparação plena de nossas faltas! Aliás este é o único Sacrifício que aplaca constantemente a Ira Santa do Pai Eterno.
 
     Do lado direito do altar, está a Rainha Maria, Mãe de Jesus e Mãe nossa, vestida de esplendor como uma outra Ester, está aqui compenetrada à espera de Seu Filho e Deus. Maravilhosa, com o coração sublimado de amor, aguarda ansiosa a chegada de Seu Filho Eterno, o Sacerdote,  para mais uma vez – junto com Ele – subir o Calvário Redentor. Para que se repita e se renove – como Jesus pediu – este mistério de assombro. Como outrora seu coração está partido, porque ela sabe que o Sacrifício é o mesmo, que se repete diariamente, e milhares de vezes, do nascer ao por do sol, Sacrifício de agradável odor, em expiação dos dilúvios diários de pecados de toda esta humanidade caída.
 
     No outro lado do altar, estão os santos ou santas daquele dia. Também eles no mais profundo silêncio, em solene expectativa. Eles, exemplos de vida e de Igreja, cuja vitória sobre o inferno foi inconteste, recebem agora mais um prêmio pela sua doação de vida. Cada Missa, dedicada a qualquer santo, é fonte de imensas graças, pois não as precisando para si, ele as pode despender aos seus fiéis devotos, pelo maravilhoso intercâmbio da comunhão dos santos, outro extraordinário mistério do amor de Deus. Os santos anseiam que chegue o dia de sua festa, porque assim poderão recolher milhões de flores no Céu – as graças – para depois as despender a quem precisa, pelo ano inteiro.
 
     Abre-se o pano. Último badalar do sino que chama os fiéis a viver o supremo mistério de Amor e Doação, é o sinal de que todos devem acorrer pressurosos aos seus lugares, em silêncio profundo e contrito. Pelos ares ressoam as trombetas dos anjos convocando os últimos que chegam, para viverem aquela Paixão iminente. Regiamente paramentado o sacerdote visível segue com pompa e majestade rumo ao centro do átrio sagrado, soa o canto de acolhida, anjos cantam junto! Neste momento, dever-se-ia escutar os zumbir de uma mosca, eis que a santidade do que vai começar não pode ser recebida entre gritos a apupos, nem com acordes profanos, antes e somente com um canto solene onde nosso ser inteiro deve estar nele posto, onde o coração deve estar fremindo, onde a alma deve estar compungia e humilhada, pois é Deus Quem entra, Deus Quem celebra o Mistério.
 
     Sim, sim, sim, um canto festivo aqui pode até lembrar a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, de uma semana antes, mas se o último acorde deste canto não terminar num compenetrado e obsequioso silencio, não se terá atingido o clímax necessário para o um início perfeito, de tão sublime celebração. Eis então os fiéis ardorosos, com o coração a bater forte, sangue a fluir nas veias como se o coração fosse o corpo inteiro. Ó momento sublime, ó momento santo, ó momento eterno, está começando o mais incrível, o mais assombroso, o mais santo de todos os mistérios santos.
 
    Ao alto, o Céu inteiro aberto, a corte celestial inteira se compunge, e queda-se em silêncio profundo. O Pai Eterno
abre os braços em gesto de acolhida, sinal de que mais uma vez aceita o sacrifício de Seu Filho, em troca dos pecados dos homens. Se não fosse assim, se não fosse o Sacrifício da Santa Missa, sendo repetido dia e noite, em todos os fusos das horas do dia, já o homem pecador teria sido fulminado e varrido da face da terra, pelo braço justo do Eterno Pai. Eis aí uma razão que não se pode ignorar. Eis o poder avassalador deste grande e eterno Sacrifício Santo.
 
     Por isso, agora é silêncio! Um canto angelical abriu a cerimônia sagrada, soam já os últimos acordes do órgão celeste. Com toda sua régia majestade divina, Jesus, o Sumo Sacerdote e Eterno Celebrante, traça um Sinal da Cruz, entre o Céu e a terra, onde confirma as palavras de João no Evangelho: Quando eu for suspenso entre o Céu e a terra, atrairei todos a Mim! E abre-se assim o ciclo da Cruz, que tem início exatamente no Getsêmani! Vem agora o momento do perdão!
 
     Os anjos choram neste instante! Na assembléia os corações estão realmente contritos e humilhados. É o momento de pedir perdão, para ser digno de estar ali, na presença Santíssima de um Deus, que mais uma vez está Se doando inteiro, para o bem e a salvação de muitos: dos que querem! Dos que amam! Dos que desejam ardentemente receber o alimento eterno, da Vida em plenitude, o próprio Cristo que se vai doar inteiro e sem reservas. Entretanto, Jesus assume sozinho, mais uma vez sozinho a Cruz, pois dele disse o profeta: No lagar pisei Eu, sozinho, e ninguém veio em Meu socorro! Então pisei com força, e o Sangue espirrou em Minhas vestes!
 
      E todos, compungidos, repetem três vezes dizendo: Mea culpa! Mea culpa! Mea culpa! E mãos assustadas e nervosas batem no peito pedindo perdão de suas faltas, com aquele ardor humilde, com aquela compunção interior, com seu coração sangrando de dor, alma contrita e humilhada. Assim deve ser, mas sem ter medo, sem ter vergonha de pedir perdão, de rasgar inteira, não as vestes mas a alma, e se deveria cair de joelhos e chorar ali, até lágrimas de sangue. Como Jesus chorou! Vigiai e orai, para não cairdes... 
 
     Sim, porque este é o momento do Getsêmani, onde Jesus chorou e suou Sangue, em tanta quantidade que chegou a escorrer pela terra. Chorou assim, porque lançando um olhar divino pelos séculos, viu aquele momento, de cada Santa Missa, de bilhões de Santas Missas, onde tantos pecadores estariam à Sua frente, tendo a oportunidade rara de se livrarem de todas as suas culpas – e veria estas culpas todas em seu mais terrível horror – pois Ele estaria ali para perdoar. Amorosamente perdoar! Também Ele com lágrimas de alegria por poder perdoar! Pelos filhos pródigos que retornam a Casa Celeste, ao Coração amoroso de Jesus, nosso Senhor e Deus. Sim, a Missa perdoa apenas faltas leves, as graves devem ser depositadas no confessionário, antes, aos pés do Calvário. Quem quiser caminhar com Jesus, não pode seguir de vestes sujas, antes pare aqui!
 
      Segue-se um canto de Glória! Já os corações se humilharam, ali neste momento único e eterno, e agora cantam gargantas um grito de glória Deus! Milhões fazem deste um momento de alegria interior um canto de agradecimento por haverem sido perdoados. O Glória não é para extravasar gritos retumbantes de louvor efêmero, é antes para cantar como os anjos, um louvor  sublime e eterno, ao Deus que ama, ao Deus que se faz homem, ao Deus que perdoa a quem se humilha! Jesus, aqui, se enternece e chora! Chora de alegria, como o Pai que recebe o filho pródigo que retorna ao Seu convívio!
 
     Segue-se o momento da Palavra, do pão que sacia o espírito. Neste instante, todos os presentes estão contritos e atentos, como os anjos e santos presentes, para a leitura das Sagradas e Eternas Escrituras. E todos sem exceção, estão cheios do Espírito Santo, para poderem entender cada letra, cada sílaba, cada palavra, cada versículo do que Deus nos fala. Para poderem beber como água da fonte da vida, e para depois aplicar em sua vida, textos antigos,
profetas, e cartas apostólicas. Deus providenciou tudo para que seus filhos e filhas tivessem um santo direcionamento em seu viver. Tudo o que precisamos fazer para ganhar o Céu, está na Bíblia Sagrada. Ninguém pode alegar ignorância dela!
 
     Eis o Evangelho! É o próprio Jesus quem anuncia, como um dia já o fez na montanha: Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus! Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra!... E aquela voz ressoante, que não precisa de microfones nem de gritos, fende o ar como um eflúvio suave, bálsamo que alivia, néctar que sustenta, força que alimenta, e que nos guia. Agora o Universo, inteiro, silencia! É Deus quem fala! A multidão se cala!... Se, se pudesse ver o comportamento dos anjos naquele momento, se, se pudesse ouvir a batida de seus corações, toda a assembléia seria tomada de espanto, pois mais que um canto, encanta, à voz de um Deus nada suplanta.
 
     Abre-se o ofertório! Pão e vinho sobre à mesa colocados! Junto deles nossa vida, o nosso nada, nossa miséria, é apenas isso, o tudo que somos e temos. Pó, miséria apenas, grande pena! O povo presente, se oferece também para morrer com Cristo. Mais que o pão, mais o vinho, Cristo o divino Cordeiro se entrega pessoalmente, Ele, ao Pai Eterno, como vítima expiatória! E o Pai aceita, porque vítima perfeita, Vítima Santa que Se oferece inteira e por nós se imola. Sem reservas! Sem exigências! Porque “convém que um só morra”, para o bem de todos, esta a Lei humana. Uma gota de água para nós, um Cálice transbordante de vinho, a participação do próprio Deus. Agora, a hora do mistério...
 
     Tudo pronto, o altar, a vítima para ser imolada, o que tem seqüência aqui é um grito uníssono, céus e terra... juntos. Santo, Santo, Santo, este canto de louvor eterno, se faz ouvir não somente da boca dos homens, mas antes e sempre dos anjos e dos santos, do Céu inteiro que assim proclama eternamente. A vítima é santa, então o sacrifício é santo.
 
     Momento de adoração sublime, o ápice do Eterno Sacrifício: Eis que o Sacerdote Eterno proclama solene e majestosamente: Isto é o Meu Corpo!.. e depois: Isto é o meu Sangue, que é derramado por muitos, para a remissão dos pecados da humanidade. Neste instante acontece o mais espantoso dos milagres. O pão se transforma no Corpo e o vinho se transforma no Sangue preciosíssimo de Jesus, embora não na aparência visível, mas na realidade perfeita. Eis aí um mistério da nossa fé, clama o sacerdote, o Santo.
 
     Uma vez me perguntava o motivo pelo qual isso não acontece de fato, real e visível diante dos olhos incréus e a resposta tive ao receber a Comunhão. Em espírito vi dentro de minha boca a hóstia santa transformada em carne, acreditem, carne de criança, ensangüentada, vermelha e com gosto real e tal. E percebi então – mistério extraordinário de Deus – que se isso acontecesse visível seriam bem poucos os que comeriam desta Carne – e é preciso comer – e beberiam deste Sangue, eis que o homem está acostumado a comer pão e a beber vinho, mas transubstanciados provocam o mesmo efeito salutar.
 
     Agora o Sacerdote Santo eleva aos Céus as orações e preces pela Igreja, pelos vivos e pelos falecidos e esta oração é pronunciada apenas por Ele. E chega o Pai Nosso, a oração por excelência, onde pedimos o Pão de cada dia, mas aqui Pão eterno, de vida eterna. É hora de o Sacerdote, celebrante e vítima, descer do altar – Jesus não desceu antes da cruz – para Se entregar inteiro, como Jesus o fez por nós, e sem reserva, para alimento de todos, para garantia de salvação dos que vestem veste branca. Somente quem se alimenta dignamente desta Carne e deste Sangue, tem a garantia, ainda aqui, da vida eterna.
 
     Começa a fila da comunhão! Com corações puros, almas santas, cada um se aproxima do banquete da vida, e recebe em vida, a vida do Autor dela, e de joelhos adora ao Senhor Supremo. Não precisa palavras, nem valem gestos exteriores: precisa apenas um coração humilde e
silencioso, precisa apenas uma alma contrita e curvada ante tão sublime mistério do Amor, de um Deus de Amor. E vão, um a um, em busca Daquele que lhes garantiu a salvação. E tornam-se assim, fortes para a caminhada, prontos a se tornarem sacrários vivos – fortes como leões disse o santo – e por onde forem, e por onde forem, estarão acompanhados por anjos, eis que deles se afasta o inferno enfurecido.
 
     E os anjos e santos próximos, com santa inveja ficam, por não poderem receber eles também o mesmo alimento, Sagrado e Eterno, de forma real e visível, fato que nos torna privilegiados. Sem mérito algum! Nem mesmo a Mãe Maria tem esta graça. Que nós temos, para felicidade dos justos, para a glória suprema do nosso Deus Eterno. Esta a verdadeira Santa Missa. Este o verdadeiro sacrifício. Não há outra forma de celebra-lo. E quem se alimenta dignamente deste alimento santo, tem a garantia da Vida Eterna.
 
    A Santa Missa deve ser vivida com a própria vida. Amada, sentida! É um mistério real, uma força de Deus. Tem que haver compenetração, consciência plena do ato, isso deve ser explicado continuamente pelos sacerdotes, a Santa Igreja assim manda, não pede! Nela não pode haver festa, abraços, palmas, beijos, porque tudo isso que fez foi Judas. No fim, depois de terminada a celebração, sim, mas somente ali se podem elevar “corações ao alto”, porque depois da morte, vem a ressurreição e vem a vida. Eis aí como deve ser, ou deveria ser uma celebração de Verdadeira Santa Missa. Mas acontecerá isso ainda?
 
     Infelizmente não, e vou mostrar – sentido inverso – o que tem sido este quase teatro, este espetáculo que os sentidos desvirtuam e que se torna cada vez menos santo, e de menor efeito, que chamam Missa. Que falou Jesus?   “Quando virdes estabelecida no lugar santo, a abominação da desolação predita por Daniel (9, 27) – o leitor entenda bem – então os habitantes da Judéia fujam para as montanhas... porque então, a tribulação será tão grande como nunca foi vista, desde o começo do mundo até o presente e não haverá depois” (Mt 24, 15-21). Vejam: a abominação já chegou, e é hora de “fugir”.
 
     Há séculos os profetas têm anunciado da parte do Eterno, que haveria um tempo em que a Missa – o sacrifício costumado que Daniel menciona  – se tornaria num rito pagão, e abominável a Deus. Muitos procuram discernir esta abominação levando-a para outro sentido, mas é na Missa que infelizmente se comete este crime de lesa Deus. Vamos ao que acontece realmente: um quadro negro, de horror, de loucura e de espanto!
 
     Tudo começa já nos lares, pelo descaso, pelo desamor. Os anjos chamam, mas hoje a maioria dos filhos de Deus já não procura viver o Alimento eterno. Quanta tristeza, em milhares de anjos que não podem ir à Missa. Eles tentam, lutam, mas seus protegidos não entendem. Uns querem dormir um pouco mais, outros preferem ir passear, porque ha sempre um tempo de se divertir, quase nunca um tempo de Amar a Deus com o mais perfeito dos amores. E Deus quer amar, quer ser amado! A maioria hoje, dos anjos da Guarda está impedida de participar do Sacrossanto Mistério da Paixão de Jesus Cristo, porque a maioria do povo católico já não vai mais à Missa dominical, nem a este única.
 
     E, ó céus, em que estado estão os poucos fiéis que ainda se achegam! Ó Deus em que situações se encontram tantas destas pobres almas! Ainda bocejando uma noite mal dormida! Ainda mal acordadas, não se dão conta do que estão fazendo, nem sabem porquê estão ali. O pensamento está distante e muitos irão assim até o último instante, sem nada ouvir, nem ver. Pior que tudo: sem viver! Ó como dilúvios de graças se perdem assim! Muitos se vestem com escândalo, roupas sensuais, modas indecentes, mais parece ali um desfile de moda profana, onde abundam corpos expostos, generosos convites ao pecado. Justo naquele local santo, e na presença do Deus Altíssimo! Há se elas O vissem!
 
      E o homem não para de ofender a Deus, não para de recolo
car diariamente a Cruz nos já chagados ombros de Jesus Cristo, e enquanto repudia a sua diminuta cruz, mais faz pesar a de Jesus. E Ele vendo aquele povo pecador à Sua frente, com ar bocejante e cansado, alheio ao Misterioso drama que ali se desenrola, grita inconsolado como outrora: Ó Getsêmani! Ó Getsêmani! Porque Me causas tu, tanto tormento?
 
    Há relaxamento em tudo, desde a preparação do altar, até a preparação interior do próprio padre celebrante, quanto mais dos fiéis presentes. Ruídos, conversas, tudo é minimizado e não se dá a tão assombroso presente de Deus, o menor valor. A maioria vai por obrigação, não por um ardente desejo de encontrar Jesus. E comete-se muitas vezes mais pecados indo à Missa, que se ficassem casa. Muitos vão ali para pular e dançar, cantar e rebolar, “louvar” braços erguidos, gestos físicos, almas bem distantes...!
 
     Como poderá Jesus tomar plenamente o corpo de um sacerdote sacrílego, que está ali celebrando em pecado grave, ou que não ama, não vive, sequer acredita na presença viva e real de Cristo na Eucaristia? Como poderá uma Missa destas ter méritos infinitos, se na assembléia a maioria dos fiéis está em estado de falta grave? Se o pecado ocupa o lugar da graça, como se apropriar das graças infinitas de uma Santa Missa. São Paulo nos pede claramente que ANTES nos examinemos, para não sermos culpáveis do Sangue de Cristo.
 
     Tudo começa com os próprios arranjos musicais. O sentido impróprio de muitos cantos, desvirtua completamente o espírito da celebração, em especial com instrumentos profanos, percussões agudas, tambores e rufares, pandeiros e atabaques, tudo perfeito para um show musical, para uma profana roda de pagode, um baile funck, nunca para a celebração do culto a um Deus. Como aqueles gritos e batuques, se cultua normalmente ao anjo negro, e mau, e hediondo. Instrumentos usados nas Santas Missas, devem ser consagrados totalmente a Deus e não podem ser os acima citados. Porquê ninguém toca harmônio em terreiro de macumba? Por que os espíritos maus fugiriam dali em pânico.
 
    Entendeu porque trazem atabaques para a Missa? Cada um entende a sua música: no Céu as cítaras, no inferno as infernais guitarras... Na verdade o clima é horrível, o ambiente que se forma assim é totalmente impróprio. Se a Missa é um Sacrifício – embora incruento – nela não entram palmas nem risos, nem abraços nem confraternizações, pois nada disso leva à necessária compunção interior, antes dispersa os espíritos quando não irrita. Como se poderá bater palmas diante de um crucificado? Como se pode gritar ante quem está pendente numa Cruz, a não ser como os que blasfemavam contra Jesus no Calvário verdadeiro? Só quem nunca entendeu o sentido real da Missa aceita isso! Mais?
 
     Será mesmo impossível para um católico, pelo menos uma vez por semana ficar quieto e compenetrado, por aquela simples hora, sem viver exigindo mudanças, modernidades e variações constantes naquilo que é de fato imutável? Quem quer show que vá ao circo! Quem quer espetáculo que vá ao teatro! Pecará menos lá! Muitos acham a Missa careta e ultrapassada! Outros a têm por enfadonha! E realmente tudo nos leva a crer que 99% dos católicos não têm a mínima idéia do que ela realmente significa. E isso explica tudo! Até porque, certeza plena, também 99% dos sacerdotes desconhece a força deste Mistério. 
 
    E como as pessoas não entendem, tudo se torna maçante, mortificante, quando na verdade deveria ser sublime, amoroso, fruto de um desejo profundo de encontrar a Deus. Ninguém deveria estar ali forçado. Se os homens entendessem o mistério da Missa, e se eles vissem com olhos reais aquele extraordinário espetáculo que se desenrola ali, com a presença dos anjos, dos santos, e do próprio Jesus, certamente que nem todos os exércitos da terra nos manteriam longe das Igrejas e distantes dos sacrários e das Missas.  
 
     Deste modo a maioria está alheia ao que está preste a acontecer! Bocejos, imprecações interiores por ter que se levantar. Se um dia se botar colchões n
a capela, a maioria dormirá. Se todos estivessem atentos, se todas as leituras fossem bem feitas, se os corações de todos estivessem abertos de par a par a fim de receberem este eterno alimento do espírito, a Palavra Eterna, com certeza todos cumpririam fielmente tudo o que ela dispõe. Se os católicos vivessem a Eucaristia, teriam forças para viver os mandamentos. Mas a grande maioria está ali indigna, de alma inconfessa e despreparada, com o pensamento distante e alheio e este Grande Mistério. Ó, quanta amargura não sentirá Jesus, durante tantas destas celebrações! Missas? Ou abominações? Culto pagão?
 
     No conjunto, então a maioria das Missas de hoje é um verdadeiro desastre. Começa pelos sacerdotes que não tiram pelo menos uma hora antes para adoração e meditação, que não se preparam para as homilias, e que por não viverem o Evangelho com as suas vidas, não conseguem pregar fiel e santamente a Palavra de Deus. Muitos sermões são políticos, não se mantém relacionados com as leituras e não falam mais da vida eterna, somente de água e ecologia. São voltados para o mundo, para os problemas de bairro, para as lutas de classes, e isso nada tem a ver com o Santo Evangelho de Jesus Cristo.
 
     Claro que, enquanto o sacerdote continuar pronunciando as palavras da consagração, Isto é Meu Corpo, Isto é Meu Sangue, continuará havendo a Transubstanciação e teremos a presença viva de Jesus. Claro que, mesmo sendo o sacerdote indigno, o celebrante real e Eterno e Vítima ao mesmo tempo é Jesus, o Espírito Santo é que transforma, e apesar de tudo continua a participar deste mistério Sagrado. E sim, se um dia o sacerdote visível deixar de mencionar estas palavras, ou se mudarem para outras palavras mentirosas, nada disso acontecerá, eis porque Jesus menciona a abominação final. E está próxima!
 
     Termina com a fila da comunhão. Um desastre, um terror. Milhares de comunhões sacrílegas, por pessoas em pecado grave. E isso se reflete depois no dia a dia das pessoas, pois o sacrilégio é um pecado cumulativo, segue na vida, e se não sanado em tempo pode matar a alma. A fila é de molambos e andrajos! Se pelo menos nossas almas fossem cristalinas, mas são horríveis pântanos, charcos fedorentos, pocilgas imundas... em sua maioria! E Jesus grita inconsolado mais uma vez: Pai, afasta de Mim este Cálice! Mas o ministro não ouve este grito a ecoar no mundo... E vai dando... O Santo ao imundo!
 
     Agora, salvo alguns corações contritos, salvo algumas almas santas, a maioria foi ao Banquete Eterno sem as vestes nupciais, mal sabendo que, quando o noivo vier, ele mandará jogar todas elas na prisão, onde haverá choro e ranger de dentes! A maioria vai, porque a maioria vai! Porque a maioria já não acha isso pecado, a minoria comete pecado junto! E todos têm vergonha de ficar no banco para não levar a pecha de pecador, quando todos os que vão assim, ou apontam para o que ficou, cometem pecado gravíssimo, a falta é ainda maior. E se acumulam bilhões de sacrilégios no mundo inteiro! Eis a abominação!
 
      Que termina assim: um momento de “adoração” fingida, um pronto para fugir dali, um dizer que se está bem – quando se saiu dali pior – com mais um pecado, xingando o padre e a homilia. O diabo se encarrega de dissipar este sentimento, para que as pessoas continuem a cometer sacrilégios, e fingir que vivem a Missa! E lá vai o povo, disparado, rumo à porta da Igreja, antes mesmo de o sacerdote sair, vai rumo a festa, á farra! Domingo, afinal, é dia divertimento. Como a Missa atrapalha a vida do “católico”. Ufa!
 
     Acaso não foi predito ele entraria no templo santo? Que é a alma do homem, senão templo santo de Deus? Festa, farra, riso, dança, palmas, risos, abraços, tudo diante do Crucificado! O Divino Cordeiro é misticamente imolado, e eles batem palmas! Pergunto: Pensam que este povo, deste tipo de Missa, já não está pronto para aceitar a regra do antipapa, quando ele disser que Missa não é Sacrifício e sim simples ceia ecumênica? Já não dize
m por aí que a Eucaristia deve ser administrada até para os pagãos? Tudo está preparado, e irão todos juntos ao abomínio da desolação: padres, leigos, ministros, fiéis!...
 
     Mas os fiéis seguidores do Catecismo de João Paulo II e do Papa Bento XVI, os que entendem o valor real e o sentido Sacrifical da verdadeira Santa Missa, estes serão os que lavarão suas vestes no sangue do Cordeiro (Ap), na última matança a perseguição final. A Missa é eterna, da aliança Eterna de Deus com os homens. A Eucaristia ressurgirá, e será mantida nas famílias, quando caírem os sacrários, que já hoje não mais vivem o Mistério! É tudo muito próximo! E tudo já se faz ver e ouvir. Por isso...
      Ouço já no ar um réquiem, pela loucura da abominação humana! (Arnaldo)



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