Celibato opcional, ordenação de mulheres e acolhida aos “LGBTs” são defendidos em relatório do Sínodo da CEP
Assembleia da CEP em abril de 2022 / Agência Ecclesia
Lisboa, 26 ago. 22 / 11:48 am (ACI).- A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) publicou hoje (26) o relatório sobre o sínodo da sinodalidade. O documento pede “uma Igreja de portas abertas, que abrace a diversidade e acolha todos, excluindo as atitudes discriminatórias que deixam à margem a comunidade LGBTQIA+ e os divorciados recasados”. O texto fala ainda em celibato opcional, ordenação de homens casados e mulheres e papel mais ativo dos leigos, “mesmo na escolha dos bispos e na transferência dos párocos”.
Segundo o relatório, as comunidades diocesanas têm uma visão da Igreja “espiritual e humanamente pouco inclusiva e acolhedora, discriminando quem não está integrado ou não vive de acordo com a moral cristã, isto é divorciados, recasados e pessoas com diferentes orientações sexuais, identidades e expressões de gênero”.
O documento propõe “uma Igreja que repense a participação de todos os batizados, independentemente da sua vida afetivo-sexual que é vivida, muitas das vezes, como um tabu”.
Ainda segundo o relatório da CEP, foi constatada na visão das diferentes comunidades diocesanas “uma Igreja que não se adapta aos ritmos e às exigências da família de hoje, na sua ampla variedade, desde as questões relacionadas com a vivência da sexualidade conjugal aos novos ritmos das famílias, sobretudo as que têm filhos”. “A questão relativa à contracepção apresenta-se como um elemento contrastante entre a tradição versus a normalidade trazida pela secularização, uma posição que, aos olhos dos jovens, se apresenta como desatualizada da realidade”, diz o documento.
Em outro ponto, o relatório apresenta a visão de “uma Igreja pouco disponível para discutir de forma aberta e descomplexada a possibilidade de tornar opcional o celibato dos sacerdotes e a ordenação de homens casados e das mulheres, e ainda muito presa a um modelo teórica e doutrinalmente assente numa concepção tradicional e assimétrica que concebe o humano a partir do masculino”. Diante disso, defendeu a “necessidade de reflexão sobre o celibato sacerdotal, propondo que o mesmo seja opcional; sobre a valorização do papel da mulher num plano de igualdade com o homem, incorporando-a nas estruturas do poder eclesial”.
O documento da CEP destacou ainda “a premência de uma Igreja mais transparente e rigorosa nas suas formas de decisão e gestão, menos refém das lógicas das ‘hierarquias’ e do ‘poder’ e que envolva a comunidade nestes processos, de maneira que todos respondam à sua vocação batismal e assumam um papel mais ativo, mesmo na escolha dos bispos e na transferência dos párocos”.
Segundo o texto, as comunidades escutadas indicaram “uma Igreja com uma atitude demasiado hierárquica, clerical, corporativa, pouco transparente, estagnada e resistente à mudança, que prioriza a manutenção da sua imagem ao invés de preservar a segurança da sua comunidade, surgindo os casos de pedofilia como o exemplo mais evidente”. Assim, “exige-se uma Igreja mais transparente, capaz de dar testemunho coerente e de verdade no meio do mundo, no combate aos abusos sexuais, mas também no que se refere aos recursos financeiros”, afirmou o relatório.
O documento pede, então, “maior rotatividade dos presbíteros ao serviço das comunidades” e que os párocos sejam liberados “de trabalho burocrático e da administração de instituições e serviços”, sendo substituídos por leigos nessas funções, “para que o seu foco principal seja a sua missão pastoral”.
O relatório da CEP faz uma síntese dos relatórios diocesanos. Segundo o documento, “o envolvimento e a receptividade dos participantes neste momento da Igreja local podem ser considerados satisfatórios”, embora reconheça que houve “indiferença declarada por alguns leigos”. “Foi sentida uma maior indiferença na população jovem, que se mostrou pouco confiante com o resultado do processo sinodal por acreditar que não serão implementadas mudanças na Igreja, ao ritmo e visibilidade que anseiam”, afirmou a CEP.
Segundo o relatório, “os jovens referem que o principal motivo que os afasta da Igreja e os impede de caminhar juntos assenta na diferença existente entre o seu modo de pensar e a doutrina da Igreja Católica, referindo que a Igreja tem uma mentalidade retrógrada e desajustada dos tempos em que vivemos”.
O documento, então, destacou “a necessidade de ir ao encontro dos jovens nas diferentes comunidades, acompanhando-os no seu processo de discernimento vocacional, dando-lhes maior voz e protagonismo na dinamização de atividades e projetos nas instâncias eclesiais de decisão”.
O relatório da CEP apresenta outras propostas como: uma “continuidade na formação” de sacerdotes e leigos; uma “reestruturação do caminho formativo dos seminários” para se enquadrar “nos desafios e exigências do nosso tempo”; uma renovação na “forma de comunicar, promovendo uma linguagem amis cuidada, aberta e adaptada às realidades”, que “abandone determinados formalismos e dicotomias exclusivas de batizados/nãobatizados, crentes/não crentes, etc., para que todos se sintam membros da mesma comunidade”; “a necessidade de se repensar a disposição dos espaços de oração, para que o espírito de comunhão seja mais intensamente vivido pelos fiéis”, entre outros.
O Sínodo da Sinodalidade vai acontecer no Vaticano em outubro do ano que vem. Será a terceira fase do sínodo. A primeira foi a consulta feita no nível diocesano. Os resultados dessa consulta estão sendo consolidados em documentos continentais e enviados a Roma para elaboração de um documento de trabalho. Na terceira fase, os bispos discutirão esse documento e apresentarão o documento final ao papa, que pode ou não adotar alguma medida.
A íntegra do relatório do sínodo da Conferência Episcopal Portuguesa pode ser conferida AQUI.
Celibato opcional, ordenação de mulheres e acolhida aos “LGBTs” são defendidos em relatório do Sínodo da CEP
Lisboa, 26 ago. 22 / 11:48 am (ACI).- A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) publicou hoje (26) o relatório sobre o sínodo da sinodalidade. O documento pede “uma Igreja de portas abertas, que abrace a diversidade e acolha todos, excluindo as atitudes discriminatórias que deixam à margem a comunidade LGBTQIA+ e os divorciados recasados”. O texto fala ainda em celibato opcional, ordenação de homens casados e mulheres e papel mais ativo dos leigos, “mesmo na escolha dos bispos e na transferência dos párocos”.
Segundo o relatório, as comunidades diocesanas têm uma visão da Igreja “espiritual e humanamente pouco inclusiva e acolhedora, discriminando quem não está integrado ou não vive de acordo com a moral cristã, isto é divorciados, recasados e pessoas com diferentes orientações sexuais, identidades e expressões de gênero”.
O documento propõe “uma Igreja que repense a participação de todos os batizados, independentemente da sua vida afetivo-sexual que é vivida, muitas das vezes, como um tabu”.
Ainda segundo o relatório da CEP, foi constatada na visão das diferentes comunidades diocesanas “uma Igreja que não se adapta aos ritmos e às exigências da família de hoje, na sua ampla variedade, desde as questões relacionadas com a vivência da sexualidade conjugal aos novos ritmos das famílias, sobretudo as que têm filhos”. “A questão relativa à contracepção apresenta-se como um elemento contrastante entre a tradição versus a normalidade trazida pela secularização, uma posição que, aos olhos dos jovens, se apresenta como desatualizada da realidade”, diz o documento.
Em outro ponto, o relatório apresenta a visão de “uma Igreja pouco disponível para discutir de forma aberta e descomplexada a possibilidade de tornar opcional o celibato dos sacerdotes e a ordenação de homens casados e das mulheres, e ainda muito presa a um modelo teórica e doutrinalmente assente numa concepção tradicional e assimétrica que concebe o humano a partir do masculino”. Diante disso, defendeu a “necessidade de reflexão sobre o celibato sacerdotal, propondo que o mesmo seja opcional; sobre a valorização do papel da mulher num plano de igualdade com o homem, incorporando-a nas estruturas do poder eclesial”.
O documento da CEP destacou ainda “a premência de uma Igreja mais transparente e rigorosa nas suas formas de decisão e gestão, menos refém das lógicas das ‘hierarquias’ e do ‘poder’ e que envolva a comunidade nestes processos, de maneira que todos respondam à sua vocação batismal e assumam um papel mais ativo, mesmo na escolha dos bispos e na transferência dos párocos”.
Segundo o texto, as comunidades escutadas indicaram “uma Igreja com uma atitude demasiado hierárquica, clerical, corporativa, pouco transparente, estagnada e resistente à mudança, que prioriza a manutenção da sua imagem ao invés de preservar a segurança da sua comunidade, surgindo os casos de pedofilia como o exemplo mais evidente”. Assim, “exige-se uma Igreja mais transparente, capaz de dar testemunho coerente e de verdade no meio do mundo, no combate aos abusos sexuais, mas também no que se refere aos recursos financeiros”, afirmou o relatório.
O documento pede, então, “maior rotatividade dos presbíteros ao serviço das comunidades” e que os párocos sejam liberados “de trabalho burocrático e da administração de instituições e serviços”, sendo substituídos por leigos nessas funções, “para que o seu foco principal seja a sua missão pastoral”.
O relatório da CEP faz uma síntese dos relatórios diocesanos. Segundo o documento, “o envolvimento e a receptividade dos participantes neste momento da Igreja local podem ser considerados satisfatórios”, embora reconheça que houve “indiferença declarada por alguns leigos”. “Foi sentida uma maior indiferença na população jovem, que se mostrou pouco confiante com o resultado do processo sinodal por acreditar que não serão implementadas mudanças na Igreja, ao ritmo e visibilidade que anseiam”, afirmou a CEP.
Segundo o relatório, “os jovens referem que o principal motivo que os afasta da Igreja e os impede de caminhar juntos assenta na diferença existente entre o seu modo de pensar e a doutrina da Igreja Católica, referindo que a Igreja tem uma mentalidade retrógrada e desajustada dos tempos em que vivemos”.
O documento, então, destacou “a necessidade de ir ao encontro dos jovens nas diferentes comunidades, acompanhando-os no seu processo de discernimento vocacional, dando-lhes maior voz e protagonismo na dinamização de atividades e projetos nas instâncias eclesiais de decisão”.
O relatório da CEP apresenta outras propostas como: uma “continuidade na formação” de sacerdotes e leigos; uma “reestruturação do caminho formativo dos seminários” para se enquadrar “nos desafios e exigências do nosso tempo”; uma renovação na “forma de comunicar, promovendo uma linguagem amis cuidada, aberta e adaptada às realidades”, que “abandone determinados formalismos e dicotomias exclusivas de batizados/nãobatizados, crentes/não crentes, etc., para que todos se sintam membros da mesma comunidade”; “a necessidade de se repensar a disposição dos espaços de oração, para que o espírito de comunhão seja mais intensamente vivido pelos fiéis”, entre outros.
O Sínodo da Sinodalidade vai acontecer no Vaticano em outubro do ano que vem. Será a terceira fase do sínodo. A primeira foi a consulta feita no nível diocesano. Os resultados dessa consulta estão sendo consolidados em documentos continentais e enviados a Roma para elaboração de um documento de trabalho. Na terceira fase, os bispos discutirão esse documento e apresentarão o documento final ao papa, que pode ou não adotar alguma medida.
A íntegra do relatório do sínodo da Conferência Episcopal Portuguesa pode ser conferida AQUI.